Esta semana, Ana Carolina Campagnolo, deputada do PSL, utilizou suas redes sociais para abrir um canal de denúncia dos alunos sobre os professores que supostamente estivessem fazendo o que a direita reacionária chama de"doutrinação". Jair Bolsonaro, ao ser questionado por um aluno sobre como proceder caso se sentisse "ameaçado" por uma professores, orientou os alunos a fazer o mesmo que a deputada pediu: gravem seus professores e completou "tenho uma surpresinha".
Hoje (31) a Câmara dos Deputados tenta aprovar um parecer sobre a PL 7180/2014, que é chamada pela direita de "Escola sem Partido" de maneira totalmente hipócrita, como mostrou a própria deputada que acusa professores de doutrinar alunos. Ontem (30), foi divulgada uma foto de Ana Carolina, que é professora de História, utilizando uma camisa de Bolsonaro dentro da sala de aula. De acordo com estudantes, a deputada deu diversas aulas utilizando uma camisa fazendo uma clara campanha aos seus alunos para o reacionário Jair Bolsonaro. A deputada, que auto-declarada anti-feminista, evangélica e anti-petista, nada tem de "sem ideologia" e "sem partido", por mais que tente propagandear.
A hipocrisia estampada dessas figuras da extrema-direita revela que tal projeto é uma maneira de colocar em professores uma verdadeira mordaça, uma forma de perseguição política aos professores e sua liberdade de fomentar as mais diversas discussões no ambiente escolar.
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Se aprovado hoje, o texto seguirá direto para a aprovação do Senado, um parlamento de caráter machista, racistas e LGBTfóbico, que ataca o direito ao pensamento livre e crítico, à um ambiente escolar capaz de debater os mais diversos assuntos como gênero e sexualidade. Os idealizadores de um projeto grotesco buscam, no final, embora escondam-se atrás de uma ideia de "sem partido", querem infestar as escolas com o que há de mais atrasado e conservador, deixando claramente que não há nada de "zero partido" e sim, como mostrou a deputada do PSL, uma ideologia que é machista, LGBTfóbico e racista.
O projeto reacionário de governo que Bolsonaro se propõe a construir deve ser barrado com a luta dos trabalhadores. Totalmente neoliberal e de ataques aos militantes de esquerda, mulheres, negros e LGBTs, o governo de Bolsonaro nem começou e já mostra suas asinhas, tentando aprovar a reforma da Previdência ao lado de Temer e projetos como o "Escola sem Partido". Os professores, que já deram exemplos de luta por todo país como os professores que lutaram contra Beto Richa no Paraná em 2015 e os professores municipais organizados contra a reforma da Previdência de Doria em São Paulo, mostraram a força real dos professores organizados. Por isso, que os professores superem as burocracias sindicais que travam suas lutas, retomando os sindicatos e construindo em cada escola comitês de base capaz de organizar a luta e combater Bolsonaro, a extrema-direita, seus ataques e reformas.
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