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EDITORIAL DE EDITORIAIS
Nos grandes jornais, editoriais variados para mesmo objetivo: é hora das reformas e ataques
Vanessa Dias

Os 3 maiores jornais do país trazem uma aposta comum em seus editoriais. Seguindo as últimas pesquisas, dão como vitorioso Bolsonaro. Como de costume, os três maiores jornais (Folha, Estado, Globo) costumam expressar duas ou três linhas táticas para o mesmo objetivo estratégico. É ao entendimento delas que dedicamos este “editorial de editoriais”.

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Todos os maiores jornais apostam na vitória de Bolsonaro e sua trupe de generais, de famintos exterminadores de direitos trabalhistas e toda alcateia de rapazes inimigos dos direitos democráticos, especialmente no que toca à educação (Escola Sem Partido, etc.) e às chamadas minorias. Fazem esta aposta do alto do conhecimento de uma eleição completamente manipulada pelas forças judiciais com apoio das Forças Armadas. Nunca abunda rememorar: com a prisão arbitrária de Lula; cassação de sua candidatura; sequestro de seu direito de expressão negando até mesmo entrevistas; roubo do voto de milhões, especialmente no Nordeste, usando a desculpa da biometria; vista grossa ao caixa 2 bolsonarista e consequente compra de spam virtual de WhatsApp para enviar fake news; e, por fim uma imensa demora do STF e da mídia, aceitando a repressão dura e crua sobre o direito de expressão nas universidades.

Em meio a aposta de vitória de Bolsonaro, a Folha por um lado e o Globo e o Estado por outro dedicam seus editoriais a alvos táticos distintos para convergir nos objetivos. Enquanto a Folha toma como alvo o possível vencedor, o Globo e o Estado querem tripudiar os vencidos.

O Editorial da Folha intitulado “Defesa da Democracia” questiona qual Bolsonaro chegará à presidência, um pacificador ou "nanico inconsequente", como definiu este jornal em editorial publicado em Primeira Página há um mês, mais chefe de facção que postulante à Presidência, a destilar seu ódio vil. O jornal da família Frias discorre sobre os abusos a direitos humanos ventilados, depois ataca o PT por falar em golpe e perseguição da Justiça (que só não veem aqueles que estão cegos por entreguismo).

E conclui anunciando, "humilde", que a Folha não está em guerra com Bolsonaro, mas se manterá crítica.

O objetivo deste editorial é, tal como de parte do Poder Judiciário, com insólitas declarações críticas de apoio a Haddad por parte de Barbosa e Janot, bem como declarações contra os abusos judiciais, de oferecer fatores de contenção a um governo Bolsonaro, fazendo uma cópia da postura do Judiciário e da mídia liberal perante Trump.

Enquanto o STF explorou fortemente as declarações criminosas de Eduardo Bolsonaro, manteve-se inamovível frente a outros crimes de Bolsonaro pai. Prefere manter uma espada de Dâmocles na cabeça do reacionário para que possa – quando convier ao Judiciário e aos empresários – ameaçar mover ações contra Bolsonaro pelo caixa 2. Mas, se este cumprir um rigoroso cronograma de privatizações e promover o fim do direito à aposentadoria, pode tudo retornar à velha pizza.

Esta postura crítica da Folha vista na última semana destoa da atitude tomada por algumas semanas quando toda mídia e mercado financeiro aderiam fortemente ao ex-capitão. Há tempos e tempos na política destes poderes sem voto, a Folha e o STF foram decisivos para ajudar a consolidar as condições de manipulação da eleição para dar caminho à possível vitória de Bolsonaro, dado este passo alternam armas para reduzir sua vantagem e passam a uma posição independente para moderá-lo na eventual ascensão ao poder.

Com outra a tática perfilam as páginas do Estadão e do Globo. O conservador jornal paulistano traz um editorial “Sem Terceiro Turno” onde demanda respeito dos vencidos. Postura que este jornal nunca teve quando mais lhe agradava a destituição e roubo do voto de milhões, como no impeachment. Neste editorial, pisado, retomam o discurso tão propagado todo segundo turno de “dois males”, “dois extremos”. Patética forçação nesta teoria dos extremos se vê na seguinte passagem: "Mas é preciso esquecer os discursos inflamados em que um lado falava em “metralhar” os simpatizantes do rival e o outro tratava o adversário como um ditador em potencial", como se a denúncia de um elogiador de Ustra fosse o mesmo que a defesa de "metralhar". Feita esta excursão retórica a linha do Estadão é que agora deveria haver aceitação e todos trabalharem pelo bem das reformas estruturais e fiscais. Ou seja, a Reforma da Previdência. Terminada a “festa da democracia” é hora de business, de ataques.

O Globo pisa na mesma tática em editorial “Todos pela pacificação”. Estes dois jornais mais conservadores traçam uma linha que poderíamos traduzir em “chega de blá blá, aceitem a derrota nestas eleições manipuladas. Agora é hora de liquidar direitos!”

Essa aparente diversidade de táticas da mídia, como frequentemente também vemos no Judiciário, não deixa de expressar eventuais diferenças, mas expressam antes de mais nada caminhos táticos em direção a objetivos estratégicos compartilhados.

Dando corda ou oferecendo contenção a Bolsonaro, todos trabalham pela estabilidade de seu eventual governo desde que consiga impor os ataques desejados. Na improvável vitória de Haddad, ameaçaram com o caos desde que não implemente estes mesmíssimos ataques.

Contra essa eleição manipulada, contra a continuidade violenta de Temer e suas reformas que representa Bolsonaro, o MRT acompanha aqueles que votam em Haddad sem oferecer nenhum apoio ao PT. É preciso ir além de uma tática meramente eleitoral para conduzir a luta ao único terreno onde poderemos segurar a mão do chicote patronal, golpista e da extrema direita: a luta de classes.

 
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