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Obra de Banksy ’Menina com Balão’ se transforma em ‘Amor está no lixo’ após intervenção durante leilão de arte
Débora Torres
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Foto/Divulgação: Sotheby’s

Após intervenção a obra “Menina com Balão” passou a se chamar “Amor está no lixo”. O artista autor da obra, Banksy, foi o responsável pela transformação da obra e divulgou recentemente em suas redes sociais o que seria o “making off” da ação e revelou inclusive que houve falha na execução, já que o quadro não foi destruído por completo.

A intervenção ocorreu durante leilão da Sotheby’s no início de outubro, em Londres. Para a obra de Banksy o martelo foi batido por nada mais nada menos que R$ 5 milhões. Logo após o arremate, a obra deslizou por um triturador de papel escondido na parte inferior da moldura e foi parcialmente rasgada.

No vídeo podemos ver uma pessoa não identificada apertando um botão que supostamente acionou o triturador de papel.

O fato é que a intenção era claramente de criticar a mercantilização da arte e a fetichização da arte como produto, e creio, o recado foi dado. Mas, como já de praxe, os capitalistas absorveram a crítica e a transformaram em seu contrário, ou seja, o quadro passou a valer mais e foi arrematado por milhões. Se por um lado fica evidente o caráter espetacular e mercantil desses eventos, por outro, a intervenção vem para explicitar isso, para nos fazer pensar para além do que já sabemos acerca da arte ser vista e manipulada como produto capitalista. Nos faz relembrar Debord quando nos fala da espetacularização de nossa sociedade, quando nos elucida sobre o consumo de “ilusões”. Ele diz: “O consumidor real torna-se um consumidor de ilusões. A mercadoria é esta ilusão efetivamente real, e o espetáculo a sua manifestação geral”.

De fato, foi um grande show, no “bom” e no “mau” sentido. de fato, a espetacularização dentro da já espetacular mundo dos leilões, da elitização, da arte presa em padrões e molduras. Após ser arrematada, vendida por milhões, o que por sí já é uma grande contradição considerando-se o teor da obra, a história de seu autor … Tirar Bansky dos muros e emoldurá-lo já é por si engaiolar uma arte que em sua essência se pretende e se faz livre, livre inclusive da necessidade egóica da imagem do próprio autor, que não mostra seu rosto, que não se identifica para os aplausos e prêmios. E os aplausos não cessaram quando a pintura foi triturada por lâminas escondidas dentro de sua moldura. Parecia uma cena de teatro, como as cenas de rua de Bertold Brecht: gritos de surpresa, olhares de exclamação, dedos apontando, gente atônita e gargalhadas. Imediatamente funcionários da casa de leilões, preservadores de obras de arte intocáveis e também de seus empregos, correram para retirar dos olhos das pessoas o desastre do quadro destruído.

O que restou foi a parte do rosto da menininha e seu icônico balão vermelho em forma de coração. O que era um grafite no muro londrino East End agora entra para história com essa grande cena digna de aplauso e reflexão.

Banksy é mundialmente conhecido por diversos graffitis e é também diretor de cinema. Pouco se sabe sobre sua identidade, especulam sobre quem seria o artistas mas ninguém tem de fato certeza. Artista de rua, a crítica ao capitalismo e ao imperialismo são gritantes em cada obra e cada detalhe desde a forma até o conteúdo de cada intervenção e imagem deixam esse aspecto bem claro. Há quem diga, considerando a semelhança estética, que seu estilo é muito similar a Blek le Rat, artista que começou a trabalhar com estênceis em 1981 em Paris. Outra possível fonte de inspiração seria a banda anarco-punk Crass, que no fim da década de 70 tomou o sistema de metrô de Londres com cartazes, grafitagens e ocupações artísticas de locais públicos desocupados.

 
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