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ENSINO PRECÁRIO
Precário ensino à distancia é a única modalidade de ensino superior que cresce no país
Francielton Banareira, diretor do Sind. dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe
São Paulo

O número de alunos matriculados no ensino superior aumentou 3% em 2017, após estagnação em 2016, porém crescimento aconteceu somente na modalidade à distância.

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Imagem: Pronatec 2019/ INEAD 2018/ REPRODUÇÃO

No ano passado, o país tinha 8,3 milhões de alunos em cursos de nível superior (presencial e a distância), contra 8,05 milhões em 2016. Os dados são do Censo da Educação Superior de 2017, divulgado pelo MEC (Ministério da Educação) nesta quinta-feira (20).

O número total de novos alunos teve um crescimento de 8% em relação a 2016, isso é, 3,2 milhões a mais. O aumento foi puxado, predominantemente pelos cursos a distância, cujo o número de matrículas cresceu 18% de 2016 para 2017, maior alta desde 2008.

O total de ingressantes na modalidade também disparou, com 27% de crescimento —enquanto nos cursos presenciais, o acréscimo foi apenas de 0,5%. O ensino a distância tem registrado expansão nos últimos anos e já representa 21,2% do total de alunos —em 2007, era apenas 7%.

Contudo, quando avaliado o ensino superior no geral, ainda não retomou o ritmo anterior à crise econômica. Já que de 2007 a 2014, o total de matrículas em faculdades e universidades em ambas modalidades (presencial e a distância) crescia, em média, 6% ao ano.

O ministro da Educação do governo golpista, Rossieli Soares, justifica porque para o governo o crescimento do ensino a distância é considerado um avanço:
"Ter um curso presencial não quer dizer que tenhamos qualidade" (...) "O que mais importa para a gente é olhar a qualidade, seja presencial ou a distância."

Porém, o diretor executivo do Semesp, que representa os tubarões das instituições privadas, Rodrigo Capelato, discorda: "Esse crescimento [do ensino a distância] não é uma recuperação do setor, porque o ensino superior é composto 80% pelos cursos presenciais, que estão andando de lado".

Para Capelato, enxugamento do Fies (programa de Financiamento Estudantil), feito pelo governo Dilma Rousseff (PT) e pelo golpista Temer (MDB), emperram a entrada de novos universitários.

"Em 2018, não chegou nem a 40 mil os ingressantes pelo Fies, é irrisório. Somado a isso, continua a crise econômica, a perda de emprego da família e do próprio aluno e esses jovens estão precisando trabalhar logo."

Além disso, o perfil dos estudantes do ensino a distância é outro. "É um aluno em média mais velho, que procura o curso pelo preço e pela possibilidade de valorização profissional", afirma Capelato.

Obviamente esses sangue sugas do ensino estão preocupados é com as altas taxas de perdas de dinheiro, já que nos cursos presenciais, a média de preços que instituições privadas cobram é de R$ 1009, enquanto no ensino a distância é de cerca de R$ 295. Tudo isso mascarado por um discurso de que presencialmente oferecesse há mais qualidade.

E mesmo em meio a esse descontentamento dos tubarões, na rede privada, o número de matriculados a cresceu em 2017, após queda de 0,2% registrada no ano anterior. O total de alunos das instituições particulares, que concentram -absurdos 75% do total de matrículas no ensino superior -uma vez que todo ensino deveria ser público e gratuito - passou de 6,05 milhões para 6,2 milhões —um aumento de 3%.

Outro índice que teve leve aumento neste levantamento foi o da quantidade de alunos que se formaram. De 1,16 milhão de concluintes em 2016 para 1,19 milhão em 2017, considerando as modalidades presencial e a distância.

O ministro gopista defendeu ainda a reforma do ensino médio, promovida pelo governo Temer no início do ano, questionada e repudiada pelos amplos setores de trabalhadores da educação, que entre outras coisas, muda o conteúdo obrigatório que as escolas deverão oferecer aos estudantes.

Questionado sobre proposta do candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, de revogar a reforma, Rossieli, ignorando o notório rechaço a reforma, afirmou se tratar de um "retrocesso". "Qualquer proposta, seja de quem for, que não olhe para frente para efetivamente transformar o ensino brasileiro é um retrocesso", disse.

Mas os resultados do censo, apontam ainda dificuldades para o país elevar o percentual de jovens que conseguem chegar ao ensino superior. Apenas 18,1% dos jovens de 18 a 24 anos estão em universidades e faculdades. A meta do PNE (Plano Nacional de Educação) é chegar a 33% em 2024.

"Não estamos chegando perto dessa taxa. O ensino a distância não é a solução para o país, ele abrange outro público. E o jovens? O que a gente faz com eles? Vamos continuar criando uma massa de jovens sem escolaridade superior", diz Capelato, ignorando o fato que esse setor jovem sequer consegue pagar pelo ensino privado e quando consegue, em grande parte é pela via do endividado pelo FIES, pois vencer o filtro social que é o vestibular das universidades públicas é mais difícil ainda.
É necessário desde já derrubar a reforma do ensino médio, acabar com o ensino privado e com o vestibular das universidades públicas. Ensino público de qualidade e gratuito à todos, quer seja presencial quer seja a distância.

 
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