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PROFESSORES
A última audiência sobre a BNCC, mais uma traição das direções de professores
Marcella Campos

Nesta sexta-feira, dia 14, ocorrerá a audiência pública em Brasília sobre a nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC) proposta pelo governo golpista de Michel Temer. É a última audiência de uma série que ocorreu em cada uma das regiões de país, numa tentativa do governo de aparentar uma intenção democrática de consultar os setores envolvidos na educação sobre a proposta.

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Nesta farsa de Temer, uma atuação importante na última audiência poderia ser um grande pontapé para uma mobilização efetiva contra a BNCC. A Apeoesp, como parte da CNTE, organiza uma caravana para atuar lá. Mas você, professora, professor, sabia desta caravana?

Pois então. Nada foi discutido efetivamente com a base da nossa categoria para organizar de fato uma caravana que fosse realmente uma demonstração de força contra esse absurdo da BNCC.

Sabemos que a nova redação da Base Nacional Comum Curricular é parte de um projeto de educação para acabar com a educação pública tal como conhecemos hoje. Vem para extinguir a obrigatoriedade de todas as disciplinas do Ensino Médio, exceto Língua Portuguesa e Matemática, ofertando-as em blocos em algumas escolas e baseando sua defesa numa suposta liberdade de escolha dos adolescentes – que sabemos ser uma falácia, uma vez que essa “escolha” dependerá muito mais das vagas disponíveis, da distância da casa do aluno para a escola, etc.

Institucionaliza a educação à distância, uma vez que somente 60% do currículo deverá ser cumprido em sala de aula. Coloca diretamente na mão da iniciativa privada a educação dos jovens, pois esses 40% restantes do currículo poderão ser cumpridos em cursos online ou diretamente nos locais de trabalho do jovem. E decreta de imediato a demissão de milhares de professores no país todo. É a abertura definitiva para a privatização imediata de uma parte significante da educação de jovens e adultos no Ensino Médio.

É um grande ataque que vem na esteira de vários outros, sendo parte da própria Reforma do Ensino Médio. Junto com a reforma trabalhista, aprovação da terceirização irrestrita, e a tão desejada – pelos empresários nacionais e imperialistas, pelos golpistas e a extrema direita – Reforma da Previdência, é o pacote de alterações referentes aos direitos da classe trabalhadora para baratear ainda mais o custo da nossa mão de obra desde a infância e a adolescência. E feito para tirar, desde os primeiros momentos da vida do trabalhador, também, o mínimo de acesso ao conhecimento e desenvolvimento crítico do pensamento que possa ser uma porta para a sua atuação como sujeito da sua vida e da transformação da sociedade.

E para tudo isso ser efetivado, um golpe foi orquestrado desde 2016 e que continua até hoje. Para que, para além dos ajustes que o próprio PT já vinha fazendo em seus governos, eles se intensificassem e ocorressem com mais rapidez. O judiciário, em medidas totalmente arbitrárias, incorrendo contra as suas próprias leis, usurpou o voto da maioria da população, escolheu a dedo quem ia acusar e condenar, e está manipulando as eleições retirando o direito ao sufrágio da população. Tudo para que os interesses dos grandes empresários brasileiros e imperialistas sejam atendidos através das ditas reformas, para que a dívida pública continue sendo paga religiosamente, para que as trabalhadoras e trabalhadores sejam ainda mais explorados e para apagar de vez toda uma série de conquistas de direitos históricos que a nossa classe conquistou com muita luta. É uma situação gravíssima, diante da qual já demonstramos disposição a responder, como nas greves gerais que fizemos no ano passado; e que justamente por isso a classe dominante quer sufocar e atacar mais contundentemente em todas as frentes.

Nós mesmos, professoras e professores, que fomos linha de frente das mobilizações nacionais contra as reformas nacionais, também já nos colocamos abertamente contra o projeto aqui em São Paulo, principalmente, no fatídico “dia D” de “debate” sobre a BNCC, também inventado para criar a ilusão de que o governo nos consultou. O que eles ouviram foi um gordo “NÃO” para a nova BNCC, em cartas, abaixo-assinados, fotos coletivas publicadas nas redes sociais, assim como na audiência que foi interrompida em São Paulo.

E mesmo com essa demonstração de vontade de combater os novos ataques, a Apeoesp e a CNTE nada fazem para colocar em movimento e organizar essa nossa força. A tal caravana é feita sem debate com a base, sem assembleia, anunciada sem debate e a toque de caixa em uma reunião do Conselho Estadual de Representantes da Apeoesp, sem chamado a paralisação, nada. Amanhã, alguns diretores do sindicato, assim como da CNTE, vão embarcar para Brasília, enquanto 100% das escolas estarão funcionando normalmente no país inteiro, como se nada estivesse ocorrendo.

Tal projeto precisa ser combatido com toda a força, organização e decisão democrática das professoras e professores do país todo, aliados à mobilização dos alunos, funcionários e famílias. A força que nós mulheres estamos demonstrando contra a extrema direita, que se fortalece no país na figura repugnante de Jair Bolsonaro, precisa ser a ponta de lança da nossa mobilização, de uma categoria majoritariamente feminina como a nossa.

Os nossos sindicatos, dirigidos como são pelas mãos das burocracias do PT, PCdoB, Força Sindical, etc., precisam ser retomados para as nossas mãos. Ainda mais diante da situação nacional em que estamos vivendo, em que os governantes e o judiciário atuam de acordo com seus próprios interesses e em favor dos grandes capitalistas para nos atacar. Precisamos mais do que nunca construir essa força.

 
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