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ELEIÇÕES 2018
Dez razões para impedir alguém de votar no reacionário Bolsonaro
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

A Globo e toda grande mídia burguesa nunca vão criticar o que mostraremos aqui: o racismo, o elogio a ditadura não são devaneios de Bolsonaro. São uma expressão de um programa para a elite brasileira quando ela não quiser mais negociação e quiser um governo mais repressivo, mais apoiado direta e explicitamente no racismo e em outras opressões. Bolsonaro é um representante de um programa “radicalmente” reacionário para a burguesia e a burguesia brasileira é, de nascença, racista e entreguista.

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Marcello Pablito, é colunista do Esquerda Diário, diretor do sindicato dos trabalhadores da USP e candidato a deputado estadual em SP do MRT em filiação democrática no PSOL, veja sua página no Facebook.

Jair Bolsonaro, candidato à presidência nas eleições de 2018, brinca pela mídia com uma imagem de quem defende uma política “radical”: em tempos de crise, a população anseia por uma saída. Bolsonaro é um candidato para favorecer o aumento da pobreza, da exploração, para reprimir mulheres, negros, LGBTs. É um candidato para quando a elite quiser repressão para aumentar seus lucros. Escrevemos esse artigo para que você possa passar a um colega e mostrar como Bolsonaro é o oposto do que precisamos.

A Globo, revistas e os jornais criticam Bolsonaro. Ser criticado pela Globo não significa muita coisa a não ser que a mais poderosa emissora do país não quer agora um governo de repressão, mas ainda aposta em tentar nos enganar. A mídia critica Bolsonaro por intermináveis episódios de flagrante racismo, machismo e lgbtfobia, porém não fazem parte do único rol de absurdos do candidato da direita mais reacionária. Tudo que ele tem de mais absurdo é uma consequência de um programa decidido em fazer tudo para aumentar a exploração de todos pobres, especialmente os negros, os nordestinos.

Bolsonaro divulgou nesta quarta feira (15/8), seu programa para o governo, deixando claro seu entusiasmo em fazer um governo neoliberal, munido de uma agenda de ataques fortíssima aos trabalhadores e juventude. Lembra de FHC? Seria muito mais. Detesta Temer? Bolsonaro defende muito mais privatizações, reformas e realizar todos os interesses da patronal por isso defende tanto a repressão, esse programa nunca ia ser aprovado, só empurrado goela abaixo.

Veja abaixo 10 pontos que mostram que aparência “radical” de Bolsonaro, não passa de um programa de ataques aos trabalhadores recheado de machismo, racismo e lgbtfobia para dividir a classe trabalhadora e ajudar os planos dos empresários.

1) Filho e funcionário da elite brasileira, defensor de um Estado racista

Jair Bolsonaro está no rol das figuras mais reacionárias e conservadoras que hoje estão na política brasileira. Em palestra no Clube Hebraica, em abril de 2017, Bolsonaro atacou os negros e quilombolas. "Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles", disse Bolsonaro. Recentemente, durante discurso na Conferência das Indústrias, Bolsonaro retomou o episódio, reafirmando a política racista contra quilombolas e indígenas: “se chegar lá, não vai ter um centímetro de terra para indígena”, se referindo às terras demarcadas na região Norte do país.

A trajetória pública de Bolsonaro é repleta de ataques racistas aos negros, e após se recusar comparecer em muitos debates para presidenciáveis, Bolsonaro sucumbiu e participou do Roda viva, onde mostrou novamente a face mais reacionária, e também uma tremenda ignorância, afirmando que: “o português nem pisava na África. Foram os próprios negros que entregaram os negros” e, em seguida, que os portugueses “faziam tráfico, mas não caçavam os negros”, que eles “pagavam pra isso” . Nega a história para justificar seu racismo.

No Brasil, 63,7% das pessoas em situação de desemprego são pretos ou pardos e a qualidade de vida, segundo dados da ONU, está abaixo dos brancos: o Índice de Desenvolvimento Humano atingido pela população negra é igual ao atingido pela população branca há dez anos atrás. É diante das condições precárias de vida e de emprego, além da violência policial que mata e encarcera o povo negro, que Bolsonaro destila discursos de ódio e racista, se opondo às cotas raciais no vestibular e nega a diferença incontestável da diferença salarial de brancos e negros. Seus constantes ataques aos quilombolas na realidade visa nada mais que proteger a propriedade material de seus grandes aliados latifundiários do agronegócio.

Bolsonaro no Roda Viva

O racismo de Bolsonaro não é um acidente de um louco, é um programa consequente para aumentar o agronegócio, para tirar os negros das universidades e garantir que recebam ainda menos. Seu racismo não é uma mutação estranha, é a cara da elite brasileira.

A situação do povo negro no Brasil, o país que foi o último a abolir a escravidão e o que mais teve negros sequestrados trazidos passa por defender o direito inquestionável de acesso à educação e garantia de cotas raciais como parte da luta para acabar com o vestibular e garantir que todos que queiram possam estudar, bem como a efetivação de todos os terceirizados, que são em sua maioria mulheres negras vivendo nas condições mais precárias de trabalho como parte da luta por igualdade de salário de brancos e negros.

O racismo de Bolsonaro não é de uma frase ou outra como aparece na mídia. É um programa político para oferecer à burguesia e ao imperialismo.

2) Extremamente machista, mas como isso é útil ao capitalismo?

O histórico machista de Bolsonaro é longo: ataca mulheres de todas as formas que pode, seja incitando estupro até querendo justificar salários mais baixos por conta da gestação.

Tal como seu racismo não se trata de excessos. Se trata de um programa consequente com reforçar o patriarcado para aumentar a exploração de todos trabalhadores, começando pelas mulheres a quem recai o trabalho doméstico não remunerado além de ter que vender sua força de trabalho como a todos trabalhadores.

Em 2003, Bolsonaro protagonizou um escândalo na Câmara contra Maria do Rosário, deputada do PT. O caso tomou repercussão quando o Bolsonaro afirmou que por sua estética, a deputada não “merecia” ser estuprada. Todos os dias 135 mulheres são estupradas, e segundo o Mapa da Violência, a maioria dos casos acontecem dentro do próprio lar, contra meninas e adolescentes e em geral por parentes próximos.

Pela primeira vez na história, as mulheres compõem, cerca de 50% da classe trabalhadora de todo mundo: o avanço das mulheres no mercado de trabalho se dá a duras penas. Presas ao trabalho doméstico, mulheres fazem dupla e até dupla jornada, ganham menos que os homens e as mulheres negras são jogadas para postos de trabalhos ainda mais precarizados com o avanço da precarização que trouxe a Reforma trabalhista de Temer. É em meio à este cenário, que Bolsonaro declarou que mulheres deveriam receber menos por engravidarem. Falso defensor da família e da vida, Bolsonaro se posiciona contrário à legalização do aborto por defender a “vida”, mas defende todo tipo de política machista contra as mulheres, inclusive de puni-las por serem mães.

Opiniões de Bolsonaro sobre as mulheres

As mulheres devem receber a mesma remuneração dos homens, e esta luta deve fazer parte da demanda de todos os trabalhadores, uma vez que o machismo reduz os salários das mulheres, mas também ataca o conjunto da classe trabalhadora. Além disso, é preciso também implementar creches e lavanderias públicas, garantindo o fim da dupla jornada das mulheres, que descarrega o trabalho doméstico em suas costas.

O direito ao aborto, livre, legal, seguro e gratuito, também deve ser garantido para todas as mulheres, uma vez que 4 mulheres morrem por aborto clandestino todos os dias. Destas 4, 3 são negras. Bolsonaro, não só defende barbaridades machistas contra as mulheres, como se posiciona contra a legalização do aborto. A legalização do aborto, que por sua vez é uma questão de saúde pública, deve ser garantido com a luta organizada das mulheres na rua, capaz de impor que este direito seja garantido através do sistema único de saúde.

3) No país que mais matas LGBTs ele diminui esses crimes bárbaros

No que diz respeito aos ataques contra à comunidade LGBT, Bolsonaro é um figura notória, tendo inclusive protagonizado um documentário sobre a condição dos LGBTs pelo mundo, destilando o que há de mais atrasado em relação à comunidade LGBT. Durante entrevista para Danilo Gentili, outra personalidade conhecida por diversas declarações de cunho machista e lgbtfóbico, quando questionado sobre a adoção por casais gays, Bolsonaro afirmou que “ 90% desses meninos adotados vão ser homossexuais e vão ser garotos de programa com toda certeza”. A prostituição é um problema de saúde pública no Brasil: atinge toda a população pobre e marginalizada, em especial mulheres trans. O desemprego entre as pessoas trans é muito maior e constante, fruto de uma transfobia latente que acomete as pessoas trans em todos os espaços de suas vidas, empurrando-os para a miséria ao ponto de terem uma expectativa de vida de 35 anos.

A cada 48 horas uma pessoa trans é assassinada no Brasil segundo a ANTRA (Associação Nacional de Travestir e Transsexuais). Em palestra da Conferência das Indústrias, Bolsonaro se colocou totalmente contrário aos projetos que visam implementar o debate sobre gênero nas escolas, e sim é um assíduo defensor do projeto Escola Sem Partido.

Quer com a ignorância e violência garantir que continuem acontecendo mortes, e mais importante aos empresários que lhe apoiem, que este seja mais um mecanismo para com a opressão reduzir salários.

4) Ditadura: sua defesa é de um projeto cheio de corrupção e para a burguesia reprimir mais e lucrar mais

Bolsonaro é publicamente um entusiasta e apoiador da ditadura militar e de todos os métodos de tortura implementados contra os opositores deste regime e da população pobre. Na votação que definiu o golpe, Bolsonaro dedicou seu voto ao torturador de Dilma Rousseff, o coronel Brilhante Ustra.

Contudo, grande defensor dos militares, afirmando que “não havia corrupção na ditadura militar”, na realidade foram dezenas de desvios de verbas nas obras faraônicas construídas como a transamazônica e a ponte Rio-Niterói.

10 escândalos de corrupção da ditadura militar, abafados pelas Forças Armadas

Bolsonaro defendendo a ditadura

A ditadura construiu vários dos esquemas de corrupção conhecidos em todo país, como aqueles com as empreiteiras, os herdeiros políticos da Ditadura, como Maluf, ACM, Sarney são conhecidos corruptos, e o que talvez você não saiba é que a ditadura não somente perseguiu e matou, não somente interveio nos sindicatos, como proibiu as greves e aumentos de salário para aumentar os lucros dos capitalistas.

Por isso que a Globo e a mídia só falam da tortura, porque a ditadura foi uma opção para a burguesia nacional e para o imperialismo segue dominando – de outra forma, sanguinária – para aumentar seus lucros. Por isso também que a Globo apoiou a ditadura e nunca vai tocar nesse ponto central do projeto de Bolsonaro: aumentar a exploração dos trabalhadores.

Saiba mais: 8 heranças da ditadura que fazem parte do que há de pior no país

5. Dívida Pública: entregar até o último centavo nas mãos dos banqueiros

Bolsonaro como representante da elite quer continuar o roubo do país. 72% de toda poupança privada é investida na dívida, que rende a seus donos 1 trilhão de reais por ano. Nada dá lucro tão extraordinário. A gente paga a conta e eles lucram. Bolsonaro quer aumentar esse mecanismo de enriquecer os banqueiros e colocar todo país de joelhos. A dívida pública não somente rouba uma fortuna do país, ela é também é um mecanismo para cortar da saúde e da educação para isso. Esse mecanismo se chama lei de Responsabilidade Fiscal. FHC pagou quase 6 trilhões da dívida, os governos do PT R$ 13 trilhões e a dívida não parou de crescer.

Qual a resposta de Bolsonaro? Pagar mais.

Em seu programa, Bolsonaro deixa claro que para realizar o pagamento religioso dívida pública ele irá implementar um verdadeiro desmonte das estatais. Mas porque? O montante que vem das privatizações das empresas estatais brasileira é obrigatoriamente, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, revertido em pagamento da dívida pública, ou seja, com o dinheiro obtido com a venda das estatais, construídas com dinheiro público, para empresas estrangeiras, Bolsonaro irá pagar 20% da dívida, como aponta seu programa:

“Desmobilização de ativos públicos, com o correspondente resgate da dívida mobiliária federal. Estimamos reduzir em 20% o volume da dívida por meio de privatizações, concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em instituições financeiras oficiais que hoje são utilizados sem um benefício claro à população brasileira. Algumas estatais serão extintas, outras privatizadas e, em sua minoria, pelo caráter estratégico serão preservadas.”

Ou seja, Bolsonaro irá pagar a dívida assim como Temer ou como fizeram os governos petistas e tucanos, atacando o direito básico à saúde e educação de toda população e rifando as estatais brasileiras para reverter todo o valor em pagamento da dívida. Para garantir que todos os brasileiros possam ter acesso aos serviços básicos, construindo escolas, universidades e reforçando o aparato de saúde, é preciso não pagar esta dívida. 

Saiba mais: Quem são os detentores da dívida pública?

6) Privatização: mais dinheiro para dívida pública e mais precarização para o trabalhador

Seu programa de 81 páginas deixa muito evidente que seu projeto de governo é destinado para garantir os interesses da burguesia nacional mas sobretudo estrangeira. Bolsonaro afirma ter uma “meta de privatizações”, sob o falso argumentos de que a corrupção nas empresas é fruto do seu caráter de estatal.

Grandes empresas multinacionais da iniciativa privada e seu representantes estão envolvidas em diversos escândalos de corrupção, delatores da Lava Jato nomeiam as empresas estrangeiras mas nada acontece. Esquemas são investigados parcial e arbitrariamente conforme os interesses políticos, além de intervir nas eleições mas também de privatizar estatais.

Bolsonaro defende a privatização de várias estatais, entre elas a Petrobras, a fim de aprofundar a política entreguista e pró-imperialista de Temer, que leiloou dezenas de regiões do pré-sal.

Em seu programa, Bolsonaro afirma tanto nos debates sobre economia, quanto debates sobre a própria Petrobras, que manterá o modelo de Pedro Parente de reajuste dos combustíveis: “Os preços praticados pela Petrobras deverão seguir os mercados internacionais, mas as flutuações de curto prazo deverão ser suavizadas com mecanismos de hedge apropriados”. Este modelo de reajuste aplicado faz com que o combustível flutue com o dólar, e dessa forma pode ser reajustado várias vezes, inclusive no mesmo dia.

Em específico sobre a Petrobras, Bolsonaro pontua em seu programa que: “a Petrobras deve vender parcela substancial de sua capacidade de refino, varejo, transporte e outras atividades onde tenha poder de mercado”. Este ataques a várias estatais incluindo a mais importante, a Petrobras, mostra o que é a direita, não só Bolsonaro, mas Alckmin também, gente a serviço de entregar riquezas que poderiam ser usadas a serviço da população nas mãos dos capitalistas estrangeiros e um punhado de sócios nacionais.

A Petrobras, bem como a Eletrobras que vem sofrendo dezenas de ataques por parte do governo golpista de Temer, somente a luta organizada dos trabalhadores pela estatização total destas empresas, sob controle operário e gestão popular, garantindo que as riquezas naturais e as empresas estejam à serviço de toda a população retirando-as das garras da corrupção e da entrega imperialista.

Saiba mais: A Petrobras e o pré-sal poderiam acabar com a crise do RJ se estivessem nas mãos dos trabalhadores

7) Reformas: ataques aos direitos dos trabalhadores e da população

Em seu programa, Bolsonaro coloca que: “Criaremos uma nova carteira de trabalho verde e amarela, voluntária, para novos trabalhadores. Assim, todo jovem que ingresse no mercado de trabalho poderá escolher entre um vínculo empregatício baseado na carteira de trabalho tradicional (azul) – mantendo o ordenamento jurídico atual –, ou uma carteira de trabalho verde e amarela (onde o contrato individual prevalece sobre a CLT, mantendo todos os direitos constitucionais).”

Assíduo defensor da reforma trabalhista e da previdência, esta nova “carteira” procura apelar para um sentimentos patriota, com o uso das cores da bandeira do país, para tentar de uma vez por todas implementar em todas as categorias a reforma trabalhista aprovada por Temer.

Em menos de um ano de sua aprovação, a reforma trabalhista que arranca direitos dos trabalhadores, impondo ainda mais postos de trabalho mais precarizados, ainda não foi implementada amplamente, e Bolsonaro tenta permitir que as pessoas “escolham”.

Apesar de colocar no início de seu programa que o Brasil deve ser devolvido para as mãos dos brasileiros, na Conferência Nacional da Indústria (CNI) , Bolsonaro declarou aos empresários presentes que “os senhores são nossos patrões, nós que temos que ficar subordinados aos senhores, e não o contrário.” Bolsonaro é consequente com isso, cada página de seu programa está a serviço de aumentar os lucros dos empresários contra os trabalhadores.

8) Em defesa dos privilégios e de seu auto-enriquecimento

A hipocrisia sobre o “combate aos privilégios” que aparece nos diferentes discursos de Bolsonaro, inclusive no seu programa de governo, não pode ser mais evidente.

Questionado sobre o seu gordo auxílio moradia, Bolsonaro afirmou que recebia os valores uma vez que “estão na Lei”. Bolsonaro recebeu o “benefício” desde 1995, entretanto em 1998 já havia declarado ter um apartamento no Distrito Federal. Entre 1995 a 1998, quando oficialmente o parlamentar já tinha moradia própria em Brasília, recebeu R$71,6 mil reais. Mesmo com o apartamento do DF, Bolsonaro continuou recebendo auxílio-moradia, e ao todo, teria recebido de 1995 até 2017 o total de R$ 622 mil reais. 

Além disso, o parlamentar também possui 12 apartamentos no Rio de Janeiro e ganha um salário de 30 mil reais.

O patrimônio de Bolsonaro, divulgado após o registro da sua candidatura à presidência, que é de R$2.286.779,48 em bens, suspeita-se que seja incompatível com 12 imóveis em uma cidade cara como o Rio de Janeiro. Este valor declarado é, mesmo assim, 6 vezes maior do que o valor de quando concorreu à deputado do Rio de Janeiro: na época, Bolsonaro tinha R$ 433.934,48 em bens. A ascensão financeira de Bolsonaro na vida política já havia sido investigada, uma vez que uma reportagem da Folha divulgou que a família detinha 13 imóveis que somavam valor de R$ 15 milhões, sendo a maioria deles adquirido com valores bem abaixo do mercado. Há indícios que parte dos imóveis tenham sido vendidos à família Bolsonaro com por valor inferior ao do IPTU em mais de cem mil reais.

Outro caso escandaloso é a funcionária fantasma, Walderice Santos da Conceição, que foi demitida após caso ser exposto no debate presidencial da semana passada. A demissão foi divulgada por ele e ocorreu após sair na Folha uma denúncia de que Walderice trabalhava em seu açaí em Angra dos Reis, durante o expediente da Câmara dos Deputados. Com verba da Câmara dos Deputados, Walderice se tornou assessora fantasma desde 2003, fazendo parte dos 14 funcionários do de seu gabinete.

9) Educação: acabar com as escolas presenciais, sucatear o ensino público e impedir o desenvolvimento do pensamento crítico

Na primeira página de seu programa, dedicada às propostas acerca da Educação, Bolsonaro coloca sua visão reacionária e conservadora, que está alinhada com o projeto que defende com unhas e dentes: o Escola sem Partido. Para Bolsonaro, fomentar nos jovens o pensamento crítico e o debate de gênero significa “doutrinar e sexualizar precocemente”.

"Com o ensino a distância você ajuda a combater o marxismo. E você pode começar a fazer o ensino a distância uma vez por semana. Você ajuda a baratear o ensino no Brasil", declarou Bolsonaro. O ensino à distância, proposta pela qual Bolsonaro discursa representa o verdadeiro sucateamento da educação, desde o ensino básico até o ensino superior, mostrando-se sempre preocupado com os investimentos em educação e sua rentabilidade para os capitalistas deste setor, do que de fato com a formação acadêmica dos jovens.

Enquanto as escolas públicas encontram-se totalmente sucateadas, com falta muitas veze de materiais básicos como papel higiênico, Bolsonaro se tensiona em combater a possibilidade de que os jovens tenham contato com diversas correntes de pensamento, formando então um senso crítico. Além de se posicionar declaradamente contra o debate de gênero no ambiente escolar, uma medida importante para o combate ao machismo e a LGBTfobia.

O projeto de educação de Bolsonaro tem suas raízes na reformas como a do ensino médio, são pensadas nos moldes da Reforma Trabalhista aplicada por Temer, que irá sucatear diversos ramos da vida dos jovens trabalhadores: educação precária, para trabalho precário.

Saiba mais: Bolsonaro quer acabar com escolas presenciais para "combater marxismo"

10) Violência: “Violência se combate com violência”

Para aqueles que tiveram coragem de ler as 81 páginas de seu programa, puderam conferir que o ponto alto do programa do Bolsonaro se constrói no que tange o debate de “segurança pública”. A concepção reacionária que Bolsonaro defende é reforçar a polícia, investindo na inteligência, valorizar o exército como parte do serviço de combate à criminalidade e incentivar assassinatos policiais, atirar primeiro depois justificar falando que era um suspeito, se for negro cola mais rápido a mentira. Bolsonaro também defende a redução da maioridade penal para 16 anos. Na Conferência da Indústria o candidato à presidência declarou que defende que a polícia deva “atirar primeiro e perguntar depois” e “combater a violência com mais violência”.

Morador do Rio de Janeiro, Bolsonaro também ressalta a criminalidade que chega no bairro nobre onde vive, mas ignora propositalmente o cenário ao redor de si: neste ano, Marielle Franco, vereadora do PSOL, foi brutalmente assassinada, um caso de repercussão internacional; Marcos Vinícius também foi morto por um policial em um blindado com um tiro na barriga, enquanto estava na escola. A polícia do Rio é a mais assassina, e com a Intervenção Federal imposta por Temer o cenário carioca chega aos maiores índices de morte pelas mãos de policiais já visto desde 2003. Isso não existe, para ele a polícia mata é pouco. E isso é parte de seu projeto capitalista, quanto mais acuado estiverem os pobres, os negros, melhor para os empresários, mais exploração terão.

Para Bolsonaro, o problema da criminalidade se soluciona encarcerando ainda mais jovens, num país que já possui a terceira maior população carcerária do mundo e que 73% são negros. O único projeto capaz de responder à guerra às drogas, ao encarceramento em massa do povo negro e da juventude é a legalização das drogas e a geração de empregos através de planos de obras que poderiam ser implementados a partir de não pagar a dívida pública e o controle dos recursos naturais do país que estão sendo roubados, como é o caso da Petrobras e do petróleo, e impor aos patrões a redução da jornada de trabalho sem redução de salário.

Bolsonaro: muito além do que diz a Globo, um programa capitalista que precisa ser combatido nos organizando nos locais de trabalho e estudo

Os discursos racistas, machistas e LGBTfóbicos de Bolsonaro são o que definem constantemente a figura política que ele é, porém, nada disso vem dissociado da verdadeira política que ele visa implementar no país: atacar direitos dos negros, indígenas, mulheres, lgbts, e por consequência, aprofundar ainda mais os ataques contra o conjunto dos trabalhadores para garantir em meio à crise o aumento do lucro dos patrões. Por trás disso tudo, há um projeto muito similar ao de todos demais candidatos de preferência da burguesia, como Alckmin: garantir o pagamento da dívida pública, implementar brutalmente a reforma trabalhista e aplicar um conjunto de ataques, descarregando a crise nas costas dos trabalhadores.

Caso tenha estômago pode conferir aqui o programa completo de Jair Bolsonaro, intitulado “Projeto Fenix”.

 
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