Mais de cem pessoas haviam pulado a cerca da fronteira de Ceuta na última quarta-feira. Menos de 24 horas depois, foram "devolvidos" pelo Estado espanhol à polícia marroquina. O governo "progressista" do PSOE usou um acordo bilateral assinado com esse país em 1992.
O ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska, cuidou pessoalmente de "agilizar" os procedimentos para que os imigrantes fossem expulsos imediatamente.
Organizações não-governamentais e grupos de imigrantes denunciaram a ilegalidade desses "retornos quentes", apontando também a contradição com as promessas do PSOE, quando era oposição, de terminar com esse tipo de procedimento.
Dois meses depois de ter recebido o navio Aquarius nos portos espanhóis, um gesto para mostrar uma face "progressista" frente a extrema direita européia, o governo do PSOE confirma que continua no caminho da xenofobia européia, aplicando expulsões que negam o mínimo direito de pedir asilo.
Mas essas políticas do PSOE não devem surpreender ninguém. Não esqueçamos que sob o governo de Felipe González foi aprovada a Lei Orgânica 7/1985, que estabeleceu a possibilidade de expulsão de estrangeiros e a posterior criação dos CIEs (Centro de Acolhimento de Imigrantes).
O Ministério do Interior espanhol reforçou, há algumas semanas, o aparato repressivo e de segurança, aumentando o número de oficiais do Comando da Guarda Civil de Ceuta e disponibilizando cinco veículos de apoio e um helicóptero com visão noturna e base permanente naquela cidade, um dispositivo que foi dito será expandido progressivamente.
Aqueles que conseguem passar as cercas, após enormes dificuldades, devem enfrentar a entrada nos Centros de Estadia Temporária para Imigrantes (CETI), a discriminação e os maus-tratos. CETI Ceuta tem capacidade para 500 pessoas, mas atualmente abriga mais de 1300, o que mostra as condições de superlotação a que os imigrantes estão sujeitos.
Enquanto isso, autoridades de vários países da União Européia realizarão uma reunião na sexta-feira para discutir políticas que restrinjam os fluxos migratórios, especialmente para os países do sul da Europa. A agenda da extrema direita xenofóbica se impõe como política de Estado na União Européia.
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