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DIA DO BASTA
SP: Bancários lotam assembléia e, em votação apertada, quase aprovam greve
Thais Oyola - bancária e delegada sindical da Caixa
Eduardo Máximo
Estudante da UnB e bancário na Caixa
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Imagem: Gabriel Silva

Bancários de São Paulo, Osasco e região lotaram a assembleia nesta quarta, 08, para rechaçar a proposta da FENABAN, mas tiveram que ouvir como proposta de encaminhamento da própria direção do sindicato (Articulação/CUT) nada mais nada menos do que “sentar e esperar” a próxima negociação, prevista para 17 de agosto.

Setores da oposição se organizaram para defender greve a partir de 15 de agosto para a categoria chegar fortalecida para a próxima negociação e conseguir derrubar o arrocho e os ataques contidos na proposta apresentada no dia 07. A votação foi bastante apertada e, para não admitir que a proposta de greve tinha empalmado em praticamente metade das centenas de bancários presentes, a diretoria do sindicato se recusou a contar os votos e acabou com a assembleia.

Diferente do clima de desânimo alimentado pelas direções do sindicato, a assembleia cheia como não se via há algum tempo expressa o nível de insatisfação que existe entre nós, bancários, e a disposição para enfrentar a voracidade dos bancos em atacar os nossos direitos e do conjunto dos trabalhadores em todo o país. Pois, se os banqueiros, que nadam de braçada em lucros astronômicos num país de 12 milhões de desempregados, impuserem arrocho e ataques aos direitos dos bancários, imaginem como não será em outras categorias onde a patronal se diz “em crise”?

Dia 10 de agosto: teria que ser Basta de lavar a cara do golpe e da Reforma Trabalhista

O dia do Basta, como vem sendo chamado este dia 10 de agosto pelas centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CSB, Intersindical e NCST), está pautado por um documento assinado em conjunto pelas mesmas que, no fundo, parece uma tentativa das centrais sindicais se relocalizarem como avalistas da Reforma Trabalhista perante a patronal, uma vez que com os trabalhadores o discurso é de revogar apenas os “pontos negativos” desta. Ou seja, buscam se legitimar como as garantidoras com o que fazem entender serem os “pontos positivos” da Reforma Trabalhista, lei da terceirização entre outros ataques que só fazem piorar as condições de vida dos trabalhadores.

Antes de ver a disposição dos bancários para a greve na assembleia desta quarta, alguns diretores sindicais da Articulação/CUT já haviam indicado em mensagens de Whatsapp e em reuniões desde a semana passada que já esperavam uma proposta insatisfatória da Fenaban e que, frente a isso, iriam propor uma greve de 24 horas para o dia 10 de agosto.

No entanto, o que vimos na assembleia foi a direção do sindicato baixar bastante o tom dessa proposta, dissolvendo num calendário vazio e reduzindo a um genérico dia de lutas. Talvez o tenham feito porque se defrontaram com a possibilidade de uma possível greve de bancários nesse dia se tornar bastante real, com um potencial de “trucar” a Fenaban. O que, por sua vez, poderia ser o revés do que a CUT gostaria de demonstrar nesse dia, ou seja, de que não controla tanto assim a insatisfação dos trabalhadores com a Reforma Trabalhista e suas consequências.

Proposta de 4 anos: bom pra quem?

O que a Fenaban propôs até o momento praticamente não vai além de arrocho e corte de uma série de direitos pelos próximos 4 anos. Ao contrário do total rechaço dos bancários a essa possibilidade, assim como o foi no último acordo de 2 anos, o Comando Nacional, dirigido majoritariamente pela Articulação/CUT, tem sinalizado aqui e acolá até bastante disposição em impor essa mordaça de 4 anos aos bancários.

A Folha Bancária do dia 08 de agosto traz expresso: “O Comando adiantou que acordo de 4 anos só com garantia de empregos”. Mas o que será que eles querem dizer com esta condição genérica chamada “garantia de empregos”? Será que deixam em aberto para justificar aceitar a primeira migalha ou engodo que a Fenaban vai oferecer nesse sentido para fazer os mais de 500 mil bancários do país engolirem goela abaixo um acordo de 4 anos recheado de ataques?

Num cenário eleitoral ainda bastante nebuloso, o que é certo é que o judiciário, a mídia, os grandes empresários estão articulados para determinar quem pode ou não ser o candidato que vai ser revestido pelo verniz da legitimidade eleitoral para aprofundar ainda mais os ataques já iniciados nos governos do PT e acelerados pelo golpista Temer. Num cenário como esse não é possível admitir que as direções sindicais dêem pano para amordaçar uma categoria estratégica como a de bancários e com isso aprofundarem os ataques ao conjunto dos trabalhadores.

Não é hora de sentar e esperar

Após o gelo de 1 semana, a Fenaban apresentou sua proposta que praticamente só continha a reposição da inflação do último ano. Nada sobre os demais itens da pauta.

A próxima negociação será no dia 17, quando o Comando Nacional espera que seja apresentada uma pauta que responda às demais reivindicações.

Segundo a presidenta do Sindicato de São Paulo, Osasco e região, Ivone Silva: “esperamos que com esse intervalo a Fenaban tenha tempo suficiente para elaborar e trazer uma proposta para tudo que nós pedimos”. Veja vídeo aqui.

Se para a direção do sindicato a proposta insultante é devido à “falta de tempo”, para boa parte dos bancários insultante também é a posição da presidenta do sindicato. Não se trata de mais ou menos tempo para elaborar uma proposta, está mais do que evidente que é apenas isso que a Fenaban tem intenção de propor e, se a gente quiser que surja algo diferente, não parece que sentar e esperar a próxima negociação seja a melhor alternativa.

Sem greve, sem nenhum plano de luta e organização, já vimos o que eles tem a oferecer. Por isso a proposta que empalmou em praticamente metade de uma assembleia de centenas de bancários na região em que se concentra mais de 1/5 da categoria, e que por pouco não venceu, foi a de greve a partir de 15/08.

A última assembleia teve uma votação apertada e mostrou que a mobilização dos bancários pode barrar a mordaça de 4 anos que os banqueiros querem nos impor. Por isso chamamos todos os bancários a comparecer a próxima assembleia e rechaçar essa proposta, uma greve forte é o caminho para barrar os ataques.

Como ocorreu também neste dia 08 de agosto, a luta das mulheres na Argentina por nenhuma mulher morta por abortos clandestinos mostrou que nenhuma conquista vai ser arrancada sem luta. Esse forte exemplo das mulheres argentinas mais a disposição de centenas de bancários para a greve, precisa ser um novo impulso a todos os trabalhadores que querem de fato derrotar os ataques da principal redatora da Reforma Trabalhista, a FENABAN.

 
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