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TEORIA
Organizar-se: Um direito do trabalhador
Patricia Galvão
Diretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

Há duzentos anos, Karl Marx e Friedrich Engels escreviam o Manifesto do Partido Comunista. Sem dúvida, um dos textos mais importantes já escritos e, não à toa, um dos textos mais lidos no mundo todo. E com uma mensagem potente, um chamado aos trabalhadores para se organizarem e se unirem para dar fim a todo tipo de opressão e exploração.

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Mais de uma vez tenho ouvido comentários sobre organizações políticas (partidos, grupos, movimentos, etc) como algo alheio aos trabalhadores. Como se grupos ou organizações políticas fossem inimigos da auto organização dos trabalhadores. Nada mais longe da verdade.

O fato é que a burguesia tenta, com seus instrumentos, convencer, a nós trabalhadores, de que é cada um por si na vida e também na política. Nos fazem crer como indivíduos sozinhos num mundo marcado por diferenças e divisões. Nos dividem por gênero, por raça, por categoria, entre efetivos e terceirizados. Nos dividem por nacionalidade. Essas divisões são parte de nos anular enquanto classe trabalhadora.

Divididos, cedemos ao ceticismo, pois o desafio de uma mudança radical na sociedade se torna cada vez mais difícil. Passamos a atribuir à “natureza humana” e não à uma classe a responsabilidade pela miséria do capitalismo. Desacreditados, cedemos ao messianismo, esperando que algum herói ou heroína salve a todos nós, ou acreditamos que o fim da miséria, da opressão e da exploração se dará de forma lenta e gradual, como numa evolução natural. Em ambos os casos, não há nada que nós, trabalhadores, possamos fazer. Somos meros expectadores da realidade. A revolução, assim, não passa de mera utopia. Não há sujeito revolucionário.

A miséria do possível torna-se o discurso oficial da burguesia para destruir a organização do proletariado.

Organizar-se! Mas de forma independente dos patrões!

Os trabalhadores discutem política o tempo todo. Afinal, não são alheios a realidade. Fatos são lidos e interpretados a partir de uma visão de mundo que é política. No entanto, o termo “política” ou o “fazer política” virou sinônimo de lutar pelos próprios interesses. A distorção do termo e as consequências na organização política dos trabalhadores tem um culpado claro: a burguesia. Ela, enquanto classe, se organiza politicamente também em partidos. PSDB, PDT, PSB, PP, PMDB ou MDB, NOVO, DEM e mesmo o PT, entre outros, são partidos da burguesia. Defendem, assim, os interesses da sua classe. Seus métodos inescrupulosos são os métodos da burguesia. Corrupção, roubo, manipulação são métodos dos patrões (na política ou nas relações com seus empregados) para fazer valer seus interesses. A justiça, o parlamento [burgueses], são alguns de seus instrumentos.

“O governo do Estado moderno não é mais que um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa” Manifesto do Partido Comunista

Ou seja, a burguesia, em suas várias frações, se organiza para garantir seus interesses. Esses interesses são diametralmente opostos aos interesses da classe trabalhadora. Portanto, a organização dos trabalhadores deve se fazer independente.

Organizar-se de forma independente não significa NÃO SE ORGANIZAR em partidos. Não significa sucumbir ao individualismo, ao autonomismo ou ao anti-partidarismo. A independência de classe, do proletariado em relação à burguesia, significa independência programática. E, assim, sem “rabo preso” com os patrões, sem ser financiado por eles ou buscar conciliar interesses opostos, como se fosse possível uma conciliação do explorador com o explorado que não significassem mais exploração. Isso vale para o PT, que levanta um programa que defende a conciliação [impossível] entre patrões e empregados. Entre escravos e senhores.

Não! É fundamental os trabalhadores se organizarem. Com seus instrumentos de luta: sindicatos, organizações políticas e partidos de trabalhadores.

Sejamos realistas, exijamos o impossível

Muitos trabalhadores, ao longo da história, lutaram para se organizar. Romperam com o individualismo burguês, tomando consciência da sua classe e do seu papel na história. Passaram a se organizar em sindicatos, por melhores condições de trabalho e em partidos políticos, por entenderem que apenas os sindicatos não bastavam, era preciso mais. Porque, para a garantia definitiva de uma vida digna e plena não era suficiente lutar contra o seu patrão, era preciso lutar contra todo o sistema capitalista que nos explora até a alma, contra todos os patrões e os governos.

Não foi, nem é ainda hoje, uma luta fácil. Os partidos e organizações políticas dos trabalhadores ainda são sistematicamente perseguidos. Foram postos na ilegalidade. Seus militantes presos, assassinados, exilados. A burguesia sempre buscou e segue buscando formas de atacar a organização dos trabalhadores. Seja através da repressão violenta às organizações de esquerda e seus militantes, seja limitando a participação dos trabalhadores na política através de leis restritivas, como a reforma política no Brasil.

Outra estratégia da burguesia é a cooptação. Os métodos de corrupção sendo utilizados por partidos, organizações e sindicatos é parte dessa estratégia de cooptação. No entanto, é preciso um duplo combate, contra a corrupção e todo tipo de burocracia de um lado, e pela retomada dos instrumentos de luta pelos trabalhadores de outro. É fundamental que os trabalhadores, para derrotar a burguesia, combatam as tentativas de cooptação e busquem organizar-se de forma independente dessa mesma burguesia. Por isso, é essencial uma teoria revolucionária.

A teoria contida no manifesto do partido comunista e nos escritos de Marx é um guia para ação revolucionária. A partir dela que concluímos a importância dos trabalhadores se organizarem em partidos revolucionários para conduzir a sua classe à vitória, derrotando a burguesia e pondo fim ao capitalismo.

Os trabalhadores têm um poder gigantesco em suas mãos, controlam a produção e podem frear as engrenagens do sistema capitalista. A tomada do poder e a revolução socialista não são sonhos impossíveis ou utopias literárias. São projetos concretos e possíveis que necessitam organização científica e sistemática da classe trabalhadora. E para isso, as organizações e partidos de trabalhadores são essenciais.

Nós, do MRT batalhamos para construir a uma organização revolucionária no Brasil que seja parte da batalha por construir um partido revolucionário internacional para revolução socialista. Fazemos um chamado a todas e todos para conhecer nossas ideias e nossas agrupações, a juventude Faísca – Anticapitalista e revolucionária, o grupo de mulheres Pão e Rosas, o Quilombo Vermelho e o movimento Nossa Classe.

 
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