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USP
Trabalhadores da USP votam greve: é urgente massificar a mobilização para derrotar as reitorias e o governo
MRT - Trabalhadores da USP

A assembleia geral de funcionários da USP aprovou a deflagração da greve, a partir de sexta-feira, dia 8 de junho. No dia 7 haverá uma paralisação com ato em frente ao Cruesp (Conselho dos reitores das universidades estaduais paulistas), que nesse dia se reunirá com o Fórum das Seis para nova rodada de negociação. É preciso uma discussão séria sobre a defesa da universidade e da educação públicas na atual conjuntura e quais as tarefas para derrotar as reitorias e os governos.

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Foto: Ivane Sousa - Sintusp em 24/05/2018

A educação na mira

O governo do PT, nos seus treze anos à frente do governo no Brasil, cumpriu um papel essencial na atual situação calamitosa da educação e das universidades públicas, abrindo espaço para as empresas privadas de ensino e pesquisa lucrarem e ditarem as regras para o ensino superior.

O golpe institucional de 2016 acelerou os ataques aos trabalhadores e a direitos básicos como educação e saúde. Exemplo disso é a aprovação da chamada PEC do fim do mundo, atual emenda constitucional 95, que congela gastos por 20 anos em saúde e educação.

O governo do PSDB, com Alckmin/França e Dória seguiram a linha ditada pelo golpista Temer precarizando o ensino e a saúde e atacando os trabalhadores. Fechamento de salas de aulas, demissões em massa de professores categoria O, roubo de merenda, “ração” humana são alguns dos exemplos.

Na USP, o reitor segue os projetos e ataques dos governos federal e estadual. Em 2017, sobre literalmente o sangue dos trabalhadores e estudantes, com um palco de guerra armado pela PM de Alckmin, a gestão Zago-Vahan, com o apoio da burocracia acadêmica, aprovou os Parâmetros de sustentabilidade da USP. Isso significa um plano de ataques para reduzir gastos com funcionários, prevendo arrocho salarial e congelamento de contratações. Além da aprovação dos parâmetros, apelidados de PEC do Fim da USP, foram fechadas creches, a do HU e a Oeste, ampliou-se a terceirização dos restaurantes universitários, o pronto socorro infantil e adulto e a grande maioria dos atendimentos do Hospital à população foram fechados e seguem sendo precarizados enquanto os 48 milhões conquistados no ano passado na ALESP para o HU não são aplicados nele pela reitoria, e mais de 3 mil postos de trabalho fechados pelo PIDV (Programa de incentivo a Demissão Voluntária), precarizando as condições de trabalho e os serviços oferecidos.
A abertura da universidade para empresas terceirizadas, a submissão da pesquisa a interesses de empresas privadas, com a “USP do Futuro” em base a um convênio com McKinsey, Itau, Natura e Cosan, é parte do projeto da reitoria de acabar com a universidade pública

Para poder implementar seu projeto, a reitoria, assim como os governos, agora com Márcio França (PSB) e Bruno Covas (PSDB) no estado e na prefeitura, precisam golpear os trabalhadores. Na USP, a precarização das condições de trabalho é acompanhada do arrocho salarial. Só de 2015 para cá já são mais de 12,5% de perdas salariais, além do congelamento dos benefícios como o vale-alimentação e refeição há mais de 5 anos. Soma-se a isso, a chantagem da reitoria, para impor um banco de horas aos trabalhadores através do acordo coletivo, flexibilizando as horas de trabalho.

As universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) estão desde abril se mobilizando exigindo do CRUESP a abertura de negociações. No entanto, apenas no dia 17 de maio ocorreu a primeira negociação, com a proposta insultante de 1,5% de reajuste salarial e mais nada. Nenhum compromisso com contratações de professores e funcionários, reabertura das creches e do atendimento à população no HU. A proposta de reajuste de 1,5% significa, para alguém que ganha o piso-salarial da categoria, 32 reais de reajuste.

Dizem que isso é necessários pela falta de verbas, mas os reitores e a burocracia acadêmica, que já ganha altíssimos salários e tem privilégios como “auxílio-moradia” irregular, não exigem da ALESP aumento das verbas, nem denunciam que Alckmin, e agora França, há anos sequer repassam para a universidade os 9,57% do ICMS que a lei manda, mas sim estiveram pressionando a ALESP e o governo pela aprovação, que se deu hoje, do novo teto salarial para mais de 30 mil reais, um “reajuste” de quase 10 mil reais para a minoria que já ganha muito, que tem um impacto muito maior no orçamento da USP do que os miseráveis 1,5% para a maioria dos 20 mil trabalhadores e professores.

Mais uma vez os reitores mostraram que estão dispostos a descontar nas nossas costas a crise financeira para manter seus privilégios.

Qual a estratégia dos trabalhadores para vencer

É neste cenário de ataques concretos aos trabalhadores da USP e à universidade, e no marco de uma situação nacional em que - apesar dos limites colocados por lutas como a greve dos servidores e professores municipais de SP que derrotaram Dória - o que predomina são os ataques dos governos e da burguesia, uma posição defensiva por parte dos trabalhadores, e um vazio deixado pelas várias traições das direções sindicais, da CUT e do PT (que a direita aproveita para capitalizar o descontentamento popular), que se coloca a necessidade de construir uma forte greve. Por isso nós do MRT defendemos na assembleia de terça-feira que, para fortalecer a mobilização, tirando a lição que nos legou a greve de professores, aprovássemos um plano de lutas consequente para massificar o movimento que ainda precisa crescer. Com manutenção do indicativo de greve, paralisação nesta quinta e ato no CRUESP, reuniões em todas as unidades, nova paralisação na próxima semana em frente a Reitoria para exigir aumento do VA e do VR, grande mesa com intelectuais em defesa da universidade pública e nova assembleia na próxima semana, além de todas as medidas que fosse no sentido de ampliar e massificar a mobilização para impor uma derrota às reitorias e ao governo. No entanto setores da diretoria, como o Coletivo Piqueteiros e Lutadores e a corrente Transição Socialista defenderam a deflagração imediata da greve com o discurso da greve como um fim em si mesmo, não importando as condições objetivas para sua deflagração, e não como um meio para levar os trabalhadores a vitória. Esse é um discurso que não se preocupa em unificar a vanguarda da categoria com a massas dos trabalhadores, o que, estrategicamente, só pode construir derrotas. Se apoiando também em uma visão da situação nacional que considera que o golpe institucional e a prisão arbitrária de Lula, pelas mãos do congresso e do judiciário, são favoráveis à luta dos trabalhadores, e defendendo confluir com os bloqueios de caminhoneiros impulsionados pelos empresários do transporte e logística e do agronegócio, que conseguiram subsídio para seus gastos com Diesel (e nada mais) para proteger seus lucros às nossas custas, com mais impostos e cortes na saúde e educação, inclusive milhões de reais das universidades estaduais paulistas.

Uma greve é necessária e urgente. Mas é preciso um esforço consciente para traçar a melhor estratégia para a vitória, aprendendo também com os erros do passado, como a greve de 2016. Ainda é preciso massificar essa mobilização na base, e superar o receio da ameaça de corte de salários, que pesa especificamente sobre os trabalhadores da USP. Não levar isso em conta e permitir o descolamento entre a vanguarda e a base dos trabalhadores abre espaço para a reitoria reprimir e desarticular a vanguarda, impondo derrotas e deixando toda a categoria mais enfraquecida pra seguir enfrentando os ataques, inclusive nos próximos anos. Por isso, em nossa opinião, teria sido mais correto aprovar um plano de luta conforme o que propusemos à assembleia, que contou com a votação de cerca de 1/3 dos trabalhadores presentes.

Mas por isso mesmo, deflagrada a greve, a batalha por sua massificação se torna ainda mais urgente! Colocaremos nossas forças, do Movimento Nossa Classe, do grupo de mulheres Pão e Rosas, da Juventude Faísca, do Quilombo Vermelho e do MRT na construção ativa dessa greve para ampliar o movimento para que o perigo iminente de separação entre vanguarda e base não termine nos derrotando. Neste sentido é fundamental a unificação com todos os setores da universidade, como os estudantes e professores levantando também suas pautas como a permanência estudantil e o fim da precarização do ensino, do atendimento à população, de toda a universidade.

Para nós, a batalha pela melhor estratégia de luta é o que mais pode preparar os trabalhadores para a vitória. É com essa perspectiva que vamos construir e batalhar pela massificação da greve, contra qualquer tipo de vanguardismo.
Ao mesmo tempo, o conteúdo dessas batalhas, que buscam forjar uma ala revolucionária cada vez mais ampliada entre os trabalhadores da USP aponta no sentido de lutar por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, exigindo mais verbas para a educação, o fim do vestibular e a estatização das universidades privadas, denunciando todos os privilégios das reitorias e dos governos, e também o pagamento da fraudulenta dívida pública, exigindo que não seja paga. Dessa mesma forma queremos lutar para que sejam os estudantes, professores e trabalhadores que passem a controlar a universidade, em um governo tripartite com maioria estudantil, acabando com o Conselho Universitário e o Reitorado, através de uma estatuinte livre e soberana para decidir os rumos da universidade.

Chamamos todos os trabalhadores e estudantes que concordaram com nossas posições na assembleia e concordam com nossa política nesta greve a debater conosco e construir o Movimento Nossa Classe e a Juventude Faísca participando de nossas atividades.

Veja aqui a intervenção de Bruno Gilga, representante dos funcionários no conselho universitário na Assembleia de ontem:

Veja aqui a intervenção de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp na Assembleia de ontem:

Veja aqui a intervenção de Marcello Pablito, diretor do Sintusp na Assembleia de ontem:

 
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