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MARCHA DA MACONHA 2018
Marcha da Maconha 2018 leva milhares às ruas pela legalização
Laura Scisci

Com a presença de quase 100 mil pessoas, a Marcha da Maconha deste ano de 2018 (26 de maio) teve participação majoritária da juventude proletária e negra, escancarando quem é o setor que mais se prejudica com a suposta “guerra às drogas”, promovida pelo Estado capitalista.

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Fotos de Alice Vergueiro

No último dia 26 de maio, quase 100 mil pessoas ocuparam o Vão do MASP e a Av. Paulista, em trajeto que terminou em frente à Catedral da Sé, no centro de São Paulo, para reivindicar a legalização da maconha e das drogas, também levantando a questão da lucratividade da criminalização e do papel da polícia e do Estado capitalista. Esta foi a décima edição da Marcha da Maconha, e, segundo dados da organização, a maior já realizada.

Em meio ao avanço da conjuntura reacionária e um governo golpista no país, que vem aprofundando a precarização das condições de vida e de trabalho da juventude e da classe trabalhadora, por meio de uma série de sucessivos ataques e reformas, é expressivo que dezenas de milhares de pessoas tenham se reunido em marcha contra a criminalização das drogas, a manutenção dos lucros milionários do narcotráfico e o genocídio do povo pobre, periférico e negro.

Em 2006, foi aprovada no Brasil a “Lei de Drogas”, que despenalizou o usuário e elevou as penas em caso de tráfico para no mínimo cinco anos de detenção, prevendo abstratamente a diferenciação entre usuário e traficante. Hoje, um a cada três presos no país responde por tráfico de drogas, um aumento de 480% desde que a lei entrou em vigor (segundo dados de 2017, levantados pelo G1). Num país com uma das maiores populações carcerárias do mundo, em presídios superlotados e extremamente lucrativos ao Estado capitalista e aos grandes empresários, sabemos que o aumento desses números em sua enorme maioria representa o encarceramento massivo em condições degradantes da população jovem, periférica, pobre e negra, resultado claro da “guerra às drogas”.

Sob o falso e hipócrita argumento de “combater os males” das drogas ilícitas, a proibição hoje se mantém por meio de seu caráter político e econômico, tendo em vista que o tráfico de drogas movimenta centenas de bilhões de dólares anualmente, sustentando uma estrutura que beneficia os grandes empresários, a polícia, os agentes do sistema Judiciário, a lavagem de dinheiro em campanhas eleitorais, a especulação imobiliária, enfim, toda uma rede de corrupção baseada no Estado. Desta maneira, o único objetivo por trás da proibição é o lucro na mão de poucos; a dita “guerra às drogas” é a justificativa dos capitalistas para uma verdadeira guerra contra a população pobre, para a militarização das periferias (como se vê na intervenção militar no Rio de Janeiro), para o aumento da criminalização e repressão policial a uma juventude que já se encontra sem perspectivas e cujo único futuro garantido está ou na condenação carcerária ou em condições cada vez mais precárias de estudo e trabalho.

A participação expressiva da juventude proletária e negra na Marcha da Maconha deste ano é fator sintomático que demonstra quem é o alvo claro da proibição à drogas. Essa marcha deixa o recado da importância da luta e é preciso ir por mais. É preciso lutar pela legalização de todas as drogas, não somente a maconha, e garantir que sua produção e comercialização esteja sob controle operário, dessa forma garantindo que não haja extração de lucro na sua produção - para impedir que este também vire mais um nicho do mercado capitalista atolado em corrupção, que lucra enquanto setores da juventude pobre e negra são encarceradas e reprimidas com a suposta “guerra às drogas”. Se faz urgente o debate sério e consequente sobre a questão das drogas e a luta contra sua criminalização, assim como o debate sobre quais interesses os capitalistas sustentam ao não querer legalizar nenhuma outra droga.

 
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