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ELEIÇÕES ESTUDANTIS
As eleições estudantis da UERJ e os desafios para o movimento estudantil
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe
Isa Santos
Assistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ

A crise da UERJ não está descolada do que ocorre no país. Ela se aprofundou com o golpe institucional, a Lava Jato e a crise da Petrobras e também será afetada pelos resultados do atual movimento de caminhoneiros dirigidos pela patronal dos transportes. Chamamos os estudantes da UERJ a construírem conosco um novo movimento estudantil, independente dos patrões e dos governos, que tenha os trabalhadores como aliados e que nessas eleições estudantis levante um programa que de fato responda a crise da UERJ e aos principais problemas do país.

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As eleições do DCE da UERJ e dos centros acadêmicos se darão em meio a uma forte crise econômica, social e política do país, que no Rio é ainda mais forte. A volta às aulas da UERJ e o pagamento dos salários não pode nos enganar como se a situação fosse de normalidade e que a tendência fosse de melhoria gradual. A UERJ sempre é afetada pelo que ocorre no país. Foi assim com o golpe institucional, com os objetivos da Operação Lava Jato. Nesse momento o país é cruzado por movimento dirigido pela patronal dos caminhoneiros. O processo de discussão para formação de chapas e as eleições estudantis não podem estar descolados desse contexto.

O movimento estudantil da UERJ precisa refletir e debater à crise do país para lutar em defesa dos trabalhadores e do povo pobre, como parte de dar uma resposta à crise da UERJ.

A crise da UERJ caminha junto com a crise do estado e do país e atingiu enormemente a Petrobras, que representa cerca de 1/3 do PIB do estado do Rio. Depois de anos de crescimento econômico, desde que começou a Lava Jato em 2014, a Petrobrás veio sendo cada vez mais privatizada e perdendo enormemente receita, apesar da descoberta do pré-sal. Desde 2015 o PIB do Rio despencou em 10%. Enquanto Pezão salvava os empresários com isenções fiscais bilionárias, o governo descarregou a crise nas costas do povo. Na UERJ, desde 2014 é sistemático o atraso dos salários de terceirizados e desde 2015 atraso de salários dos professores e técnicos administrativos, bolsas de pesquisa e permanência. Após o golpe institucional em 2016, se aprofunda a crise no país e UERJ atingiu o auge de sua precarização com o adiamento por semanas do início das aulas, corte de bolsas, fechamento do bandejão, aumento dos cortes sistemáticos no orçamento anual e outros ataques. Agora chegaram no limite com a medida elitista e racista de querer tirar a Faculdade de Direito do Maracanã, o que derrotamos virando o jogo mostrando que a maioria defende que o Direita Fica.

Por isso, nestes anos, batalhamos contra o golpe institucional, alertando que era para passar ataques mais profundos do que o PT já vinha fazendo. Também denunciamos que a Lava Jato não era para combater a corrupção e sim para entregar a Petrobras para monopólios internacionais e transformar o judiciário num agente político autoritário no país. O auge disso foi a prisão arbitrária do Lula, uma clara intervenção do judiciário na política, tirando o direito do povo decidir em quem votar.

Foi o PT e PCdoB, que dirigem a CUT, a CTB e também o DCE da UERJ, que abriram espaço para a direita ao se aliar com ela nos seus governos, abrindo espaço para o golpe. Frearam as lutas e desperdiçaram a vontade de greve geral que se expressou entre os trabalhadores do país contra os ataques dos golpistas Temer e Pezão.
Foi essa paralisia que abriu caminho para que o movimento dos caminhoneiros dirigidos pela patronal dos transportes e do agronegócio capitalizassem pela direita o descontentamento popular com o aumento dos combustíveis e contra Temer, e não os trabalhadores e a esquerda.É preciso ter claro que a demanda deste movimento é mais repasse de dinheiro dos impostos do povo para aumentar os lucros da patronal dos transportes que já arrancou bilhões do orçamento público federal e estadual. Eles não levantam sequer as verdadeiras demandas dos caminhoneiros explorados, como seria o aumento de salários e direitos e a revogação da reforma trabalhista. Muito menos a redução do gás de cozinha e dos combustíveis que afetam todo povo. Fica cada vez mais nítido que se colocam contra Temer, mas pela direita, com piquetes em todo país reivindicando a intervenção militar. São distintos setores burgueses que se enfrentam mas tem o objetivo comum de privatizar a Petrobras, o que irá atingir em cheio o Estado do Rio e consequentemente a UERJ e as estaduais e o funcionalismo do estado. Somos contra a repressão aos bloqueios porque isso sempre se volta contra os que lutam, mas não podemos nos enganar: este movimento é reacionário e tem fortalecido Bolsonaro e seus seguidores.

O ódio do povo e dos estudantes da UERJ contra a crise e Temer precisa se colocar em movimento de forma independente da direita, construindo uma verdadeira luta dos trabalhadores e da juventude com um programa para que os capitalistas paguem pela crise. Temos que estar ao lado dos petroleiros, que agora convocam uma paralisação de 72 horas a partir de quarta-feira 30/5 e exigindo que a CUT e as entidades estudantis parem o país com as verdadeiras demandas populares junto aos petroleiros.

Não é possível pensar a saída da crise da UERJ e também para conquistar a redução dos combustíveis e do gás de cozinha, sem o movimento estudantil lutar e defender uma Petrobras 100% estatal, sob gestão dos trabalhadores e controle popular para que o lucro ali produzido vá para saúde e para educação. Precisamos de um movimento estudantil que se enfrente com os capitalistas e os monopólios estrangeiros que querem privatizar a Petrobras e a educação, levantando também o não pagamento da dívida pública que consome rios de dinheiro do país para o capital financeiro.

Essa é uma perspectiva oposta ao que defende o PSTU, que apoiou o golpe institucional, a prisão do Lula e agora acriticamente o movimento reacionário de caminhoneiros, sempre “esquecendo” que sem a classe trabalhadora como sujeito estar na linha de frente, quem efetiva a política que eles levantam é a direita e a Lava Jato. Ou de setores do PSOL, que apesar de se posicionarem contra o golpe e a prisão do Lula, agora se somam também acriticamente ao movimento dos caminhoneiros.

Chamamos os estudantes da UERJ a construírem conosco um novo movimento estudantil, independente dos patrões e dos governos, que tenha os trabalhadores como aliados e que nessas eleições estudantis levante um programa que de fato responda a crise da UERJ e aos principais problemas do país.

Só assim poderemos garantir as demandas dos estudantes, técnicos e professores da UERJ, barrar os ataques, ampliar o acesso, a permanência e a pesquisa, e abrir caminho para a luta por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

 
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