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DECLARAÇÃO
Não será das mãos de empresários que reduziremos todos os combustíveis, e sim com a estatização da Petrobras sob controle operário
MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores

Não deixemos os patrões dirigirem a indignação popular! Que a classe trabalhadora entre em cena! Exigimos da CUT e CTB um plano de luta pelas demandas populares. Pelo início imediato da greve dos petroleiros e contra a privatização da Petrobras e pela redução de todos os combustíveis.

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A alta dos combustíveis é fruto de uma mudança na base para o reajuste dos valores: sob a gestão de Pedro Parente (PSDB), trabalhando para os interesses de Michel Temer e das políticas privatistas, a Petrobras passou a basear o reajuste dos valores nas condições do mercado e para enfrentar a concorrência de importadores. Dessa forma, os reajustes variam de acordo com o dólar e com a cotação do petróleo, podendo então, atingir diferentes preços num mesmo dia. Essa política da Petrobras a mando de Temer tem como objetivo tornar os preços caros e atrair mais investidores estrangeiros na privatização de refinarias. Ao contrário das Fake News divulgadas a privatização prepara preços ainda mais abusivos.

Nesse cenário, o país está sendo atravessado pelas paralisações e bloqueios de rodovias pelos caminhoneiros, que protestam contra o aumento dos combustíveis no Brasil. A ação dos caminhoneiros, que não entraram em acordo com o Governo, atrai a atenção por se declarar contra o aumento do preço dos combustíveis; entretanto, deve despertar a maior desconfiança dos trabalhadores pelo seu caráter pró-patronal, com inúmeras transportadoras, redes de postos de gasolina, empresas logísticas e apoio do agronegócio por trás.

As grandes empresas transportadoras se utilizam dos trabalhadores para exercer pressão para que o governo garanta seus lucros acima de tudo, e que se avance na privatização com isso, tanto que não estão levantando nenhuma reivindicação dos caminhoneiros como melhores condições de trabalho, maiores salários, nem mesmo o aumento do preço do frete conforme a inflação para beneficiar os pequenos proprietários.

A maior demonstração de como sua mobilização não pretende tocar o que é sentido por toda a população é que sua demanda só atinge o diesel e nem menciona a gasolina e o gás de cozinha, combustíveis mais utilizados pelos trabalhadores e não pelas empresas.

As patronais das empresas transportadoras, assim como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), para os quais não importam as péssimas condições de trabalho dos motoristas de caminhão, buscam negociar seus lucros com o governo, usando os bloqueios como carta de pressão. Não podemos ignorar o fato de que as patronais vêm buscando garantir, usando como escudo os trabalhadores, os melhores acordos que puderem com o governo, sem se importar no mais mínimo com as precárias condições de trabalho dos motoristas. Uma vez sanado seu "problema social" (o lucro), obrigarão os caminhoneiros a voltar às estradas sob pena de demissão.

Diversas empresas de transporte, logística e transportadoras dão o ar da graça de seu apoio à greve dos caminhoneiros. Alguns exemplos são ilustrativos. A Saldanha Ar Condicionado, empresa mato-grossense especializada em climatizadores, foi a primeira a declarar seu apoio aos caminhoneiros (ver aqui na íntegra). A empresa estabeleceu parceira com o Posto Marajó, na Rodovia dos Imigrantes na região de Cuiabá, e distribuiu 50 vales-refeição para os caminhoneiros paralisados no Posto. Em Minas Gerais, a Coopercred Implementos Rodoviários, revendedora das principais marcas de carretas do país, também declarou apoio à greve dos caminhoneiros (ver aqui). No Rio Grande do Sul, a Loja Mundo do Caminhão, a maior loja de peças e acessórios para veículos pesados do país também foi entusiasta apoiadora de primeira hora (ver aqui a declaração).

A Bellaver Transportes é outra das transportadoras que apoiam. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos e o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Oeste e Meio Oeste Catarinense, reunindo uma constelação de empresários golpistas, também se posiciona atrás do movimento (ver aqui).

Como se não faltassem apoios patronais e reacionários, o apoio de Bolsonaro também remarca esse caráter:

Mas os apoios patronais não param por aí. O Grupo Aldo, rede de postos de gasolina localizados no Mato Grosso, em São Paulo, no Paraná e em Goiás, fornece café da manhã e almoço, banho quente e carro para emergência aos caminhoneiros (ver aqui). A Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes) defendeu a paralisação dizendo que "muitos postos estão perdendo fôlego" em seus investimentos.

Outra grande patronal a apoiar o movimento é a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, a “Fiesp” do varejo que emitiu nota saudando o movimento.

Até mesmo o MBL, organização da direita golpista mais asquerosa, lançou suas boas vindas à paralisação: segundo a organização de Kim Kataguiri, a "greve dos caminhoneiros deve ser considerada legitima" (ver vídeo aqui).

Naturalmente, esses grandes empresários do transporte não se importam no mais mínimo com a população, e estão preocupados exclusivamente com sua margem de lucro. Nossa luta contra os ajustes de Temer não pode estar nas mãos de capitalistas e da direita golpista como o MBL.

O rebaixamento do preço do diesel, em si mesmo, não significa a anulação do aumento do preço dos combustíveis. E as declarações patronais se reservam ao problema do diesel. Entre as pautas políticas, por exemplo, a União Nacional dos Transportadores Rodoviários e Autônomos de Carga detalha sua "exigência": "1) Cumprimento integral da lei do voto impresso em urnas eletrônicas ou adoção do voto impresso em urnas de lona, com apuração a cargo das Forças Armadas. Em caso de descumprimento, nos somaremos ao clamor popular por intervenção militar" (ver aqui). "Intervenção militar": eis a primeira pauta do movimento apoiado pelas patronais do comércio, transporte e o agronegócio.

Não deixemos os patrões dirigirem a indignação popular! Que a classe trabalhadora entre em cena! Exigimos da CUT e CTB um plano de luta pelas demandas populares!

É preciso uma política independente dos patrões e ruralistas envolvidos na paralisação, para ser realmente capaz de responder aos ataques que o conjunto dos trabalhadores e da população sofre hoje, atacados diretamente com o aumento do preço de muitos outros bens de consumos ligados à logística dos transportes de cargas no Brasil. É uma vergonha que organizações que se dizem socialistas como PSTU, MES, MAIS, etc., não se diferenciem dos patrões, quando é mais que necessário incentivar a desconfiança dos trabalhadores contra a patronal.

O PT não pode apresentar nenhuma alternativa, já que nos seus 13 anos de governo mostraram quão enlameados estão em corrupção, assimilando os mesmos métodos da direita nas empresas como a Petrobras, e como mesmo que em outro ritmo que Temer, aumentavam sistematicamente os preços dos combustíveis fazendo a população pagar a conta dos lucros que distribuía aos acionistas privados.

As centrais sindicais, a CUT e CTB, precisam romper com seu imobilismo frente aos ataques que os trabalhadores vêm sofrendo, e encabeçar a mobilização, se separando por completo das entidades e interesses patronais, que vêm usando os trabalhadores caminhoneiros como escudo para garantir seus interesses. Os petroleiros já aprovaram greve em todas as unidades do país, no entanto a Federação Única dos Petroleiros não organiza a greve; exigimos o início imediato da greve petroleira como parte deste plano para que sejam os trabalhadores e não os patrões que deem uma resposta à crise dos combustíveis e do país. Não podemos deixar que os patrões dirijam a imensa revolta dos trabalhadores e da população contra a alta dos combustíveis e por consequência de muitos outros bens de consumo. Os trabalhadores precisam entrar em cena para exigir a imediata redução de todos combustíveis.

A partir da entrada em cena dos trabalhadores que será possível dar uma resposta que atenda aos anseios dos caminhoneiros autônomos e daqueles que trabalham para grandes empresas — sem seus patrões — organizando o aumento do preço dos fretes conforme a inflação e estatização de toda frota das grandes empresas para construir uma grande empresa estatal sob controle dos caminhoneiros que garanta transporte mais barato e melhores condições de trabalho e salário para todos caminhoneiros.

Só a estatização sob controle dos trabalhadores pode garantir a diminuição dos preços

A organização de assembleias dos caminhoneiros, junto aos trabalhadores petroleiros que precisam tomar esta luta iniciando uma paralisação imediata, é capaz de fortalecer a mobilização, impondo a anulação dos altos reajustes de preço dos combustíveis, impedir as privatizações e tomar a Petrobras para seu comando.
Nem a privatização da empresa, que colocaria a definição dos preços e o volume de recurso da Petrobras na mãos dos empresários, nem o controle da empresa pelos administradores e políticos corruptos que saquearam a Petrobras seja com os militares, o governo FHC ou nos governos petistas é a solução. Para isso, defendemos que todo o petróleo, um importante recurso natural, deve estar à serviço da população e dos trabalhadores, só podendo ser alcançado com a Petrobras 100% estatal sob controle e administração dos trabalhadores e da população. Só assim se poderá reduzir o preço da gasolina e anular o tarifaço. A Petrobras precisa ser retirada das mãos da burocracia, dos interesses dos governos pró-imperialistas e suas políticas de privatização e de entrega dos recursos brasileiros para exploração do capital estrangeiro.

 
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