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MOVIMENTO SINDICAL
10/11: O que está em jogo para os trabalhadores?
Felipe Guarnieri
Diretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

Com a reforma trabalhista passando a vigorar a partir do dia 11/11, as centrais sindicais estão convocando para o dia 10/11 um “Dia Nacional de Luta, Manifestações e Greves contra a perda de Direitos”. Para que de fato esse seja um dia para retomar a resistência e luta dos trabalhadores, não podemos depender da burocracia sindical que fará de tudo para desmobilizar as mobilizações como fizeram no dia 30/06, e devemos tomar nas nossas mãos a tarefa de exigir uma frente única operária contra os ataques a partir das lutas que estão em curso, em particular as fortes greves que ocorrem atualmente no RS.

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A aprovação da reforma trabalhista foi determinante para a manutenção do Governo Temer. A partir daí o governo golpista, mesmo despencando em popularidade, recompôs sua base no congresso, neutralizou a pressão da grande mídia abafando as delações da JBS, reordenou o centro da operação lava jato, barrou as denúncias contra ele no congresso e principalmente satisfez os interesses dos grandes empresários. No movimento operário contou com uma grande aliada, a burocracia sindical. A traição e boicote da greve do dia 30/06 promovida pelas principais centrais CUT, Força Sindical e CTB, teve uma moeda de troca, a abertura de negociação do governo em relação ao imposto sindical. A nova contribuição seria aprovada a partir de uma MP (medida provisória) que permanece sendo alvo de negociações entre essas centrais, Temer e Rodrigo Maia, e ainda não está certo que destino irá tomar, ou se vai virar projeto de lei a ser debatido na Câmara.

A conjuntura reacionária que se abriu com a combinação entre a permanência de Temer no Governo e a traição da burocracia sindical, trouxe com ela uma ofensiva em relação as privatizações a diversos setores estratégicos, ataques aos direitos democráticos das mulheres e LGBTs, o recrudescimento na repressão militarizada a juventude negra nas periferias do RJ, a aprovação de uma reforma política contra a esquerda no Congresso, e não mais secundário a crescente politização que vem se gestando nas Forças Armadas intervindo sobre os desdobramentos da crise política.

Na contra tendência a essa conjuntura vem se desenvolvendo importantes lutas de resistência contra esses ataques, as greves na indústria que recentemente protagonizaram os operários da Mitsubishi em Catalão-GO, da Unilever em Vinhedo-SP e da Cherry em Jacarei, a ocupação do MTST em São Bernardo do Campo, e principalmente a onda de greves no Estado do RS a partir dos professores e trabalhadores da educação que foi acompanhada também pelos rodoviários da empresa Carris em Porto Alegre. Entretanto, pela política das principais centrais essas lutas permanecem isoladas e sem uma coordenação real desde a base desses setores.

A burocracia sindical quer transformar o dia 10/11 em um dia simbólico e inofensivo ao governo

Ainda que isoladas, essas lutas de resistência demonstram a grande insatisfação dos trabalhadores aos ataques que tendem aumentar com a reforma trabalhista entrando em vigor. Essa pressão que leva a burocracia sindical a ter que convocar um dia nacional de mobilização, e não apenas seguir somente com a negociação com o governo a partir dos seus interesses em renovar o imposto sindical. Todavia, isso não significa dizer que a burocracia sindical quer construir uma frente única operária contra os ataques, pelo contrário, todo o movimento das principais centrais nas diversas categorias que vem se desenvolvendo é justamente para isolar as lutas que estão em curso e transformar o dia 10 em mais um ato simbólico e inofensivo contra a reforma trabalhista.

Um exemplo disso, foi a recente plenária que teve dos setores de transportes (um setor estratégico e determinante na última greve geral) que simplesmente nem mencionou o dia 10 como dia de luta, e a única resolução encaminhada foi um seminário para o mês de fevereiro de 2018. Não a toa no Metrô de SP, CUT e CTB como maioria no sindicato estão fazendo todos os esforços para desmobilizar e estão atuando diretamente contra o dia 10 como se demonstrou na última assembleia.

Essa política da burocracia sindical tem dois movimentos aparentemente contraditórios, mas que se confluem em desarticular e isolar as lutas. Por um lado, CUT e CTB, seguem a política do PT e de Lula, em alimentar uma resignação e conformismo na base do movimento operário em relação aos ataques para manter uma passividade. O PT mostra sua incapacidade em enfrentar a direita golpista, pois seguem com sua política de conciliação, como nas recentes caravanas de Lula pelo Brasil com Renan Calheiros e o PMDB.

E por outro lado, da Força Sindical e das outras centrais como UGT, Nova Central, CGTB, que são aliadas de Temer a partir do acordo estabelecido em relação ao imposto sindical, e defendem a reforma trabalhista no seu conteúdo do negociado sobre o legislado, conforme o próprio presidente da Federação de Químicos do Estado de São Paulo, Sérgio Luiz Leite, afirma nessa matéria.

O dia 10/11 pode ser uma demonstração de força para retomar o caminho da luta contra os ataques? Sim! Se tomarmos ele nas nossas mãos!

Os trabalhadores vêm atentamente observando todo esse cenário, por isso são muitos são muito céticos em relação que o dia 10 possa ser de fato significativo. Com razão, desconfiam de burocratas como Paulinho da Força, ou de centrais como a CTB que se aliam a FIESP e seu “pato golpista” para supostamente defender “empregos”. Nós compartilhamos dessa desconfiança. Por isso, a política que os setores da esquerda vêm tendo acrítica em relação a burocracia sindical não serve para retomar o caminho da luta contra os ataques.

Em primeiro lugar, os parlamentares do PSOL, assim como os movimentos sociais que tenham força de mobilização como o MTST, deveriam criar medidas de ações concretas para que a luta dos trabalhadores do RS possa vencer os ataques do Governo Sartori. Foram essas exigências que fizemos no 3º Congresso da CSP-Conlutas recentemente, que não implementou ainda a resolução votada de uma campanha de solidariedade ao RS, nao organizando ainda nenhuma medida efetiva de ação para a partir dessa importante luta exigir e impor a burocracia sindical uma frente única operária contra os ataques.

Ao contrário disso, a esquerda permanece sem ligar o alerta para a traição e da política das principais centrais. Recentemente o MAIS, no editorial do dia 26/10, afirmou que “É preciso recompor a unidade entre as centrais sindicais e movimentos sociais num calendário de lutas que mobilize milhões nas ruas e que abra as condições para uma nova greve geral no país. Assim como fizemos no dia 28 de abril e 24 de maio desse ano”. Dessa afirmação deriva que esses reais dias de luta só foram possíveis pela unidade por cima das centrais, e não da pressão dos trabalhadores nas bases de cada categoria.

Calendário das Centrais e movimentos sociais existe, e isso não significa que abrirá condições para uma nova greve geral. Pois não se trata de um problema organizativo como da entender o Blog Esquerda Online, mas sim político. As principais centrais não vão parar e não vão mover nada se não houver pressão da base. E principalmente, se a esquerda não se delimitar em relação a burocracia sindical no chamado para o dia 10/11. O mesmo erro comete o PSTU ao agitar a consigna “Dia 10/11 Vamos para o Brasil! Rumo a Greve Geral!”, embelezando a política da burocracia e alimentando a ilusão que o dia 10 pode se transformar em algo significativo a partir simplesmente da sua pressão a burocracia sindical.

O dia 10 só poderá se transformar em um dia real de luta e retomar o caminho da mobilização, se impormos a partir da exigência desde a base de cada local de trabalho a burocracia sindical a construção de uma frente única operária contra os ataques. A construção dessa frente única é fundamental, pois só assim poderemos reverter os ataques de grande magnitude que o governo vem promovendo ao conjunto da classe trabalhadora.

E para isso, assim como alertamos no dia 30/06 a traição eminente das principais centrais sindicais, a partir das matérias no portal esquerda diário, e da forte campanha “Tomar a greve geral nas nossas Mãos”, fazemos isso novamente dando a batalha construindo frações revolucionárias nas principais categorias onde atuamos, como em trabalhadores da USP, metro de SP, nacionalmente em professores, e nos conflitos que estamos intervindo em solidariedade plena no RS, para que desde a base possamos construir fortes paralisações tomando sobre as nossas mãos a preparação do dia 10/11, para que ao invés de ser um dia simbólico e inofensivo, seja de fato uma grande demonstração de força da classe operária mostrando que é possível reverter os ataques.

foto: Temer recebe representantes de sindicatos no Palácio (Beto Barata/PR)

 
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