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INDEPENDÊNCIA CATALÃ
Máxima tensão entre a Catalunha e o Estado espanhol
Guillermo Ferrari
Barcelona

Nesta terça-feira, o presidente do governo catalão, Carles Puigdemont irá ao Parlamento em meio a grandes pressões do governo central de Madrid e do grande empresariado para que não declare a independência.

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Puigdemont irá ao Parlamento para levar os resultados do referendo e “informar sobre a situação política atual” em meio a uma tensão que não se via há anos. Declarações para o Financial Times e a BBC, do ex presidente da Generalitat Artur Mas e Marta Pascal, rapidamente desmentidas, são a base que faz pensar que o PCeCAT (Partido Democrata Europeu Catalão) e a coalizão que encabeça Juntos pelo Sim se preparam para uma declaração de independência simbólica. Ou seja, sem efeitos práticos e portanto, sem atender a vontade popular expressa no referendo do 1 de outubro e nos dias posteriores.

As pressões são máximas. No domingo Puigdemot esteve reunido com Juan José Brugera, presidente do Cercle d’Economia, o fórum econômico da burguesia catalã. Brugera foi lhe explicar que uma Declaração Unilateral de Independêndia (DUI) provocará uma fuga ainda maior de empresas catalãs. Nesta segunda-feira outras duas empresas, Abertis e Colonial, decidiram levar sua sede corporativa para fora da Catalunha. Contudo, são muitas as que dizem que esperam a terça-feira para tomar a decisão.

Por outro lado, a CUP (partido da esquerda independentista catalã) insiste que a DUI seja votada nesta terça-feira. O Deputado Benet Salellas voltou reforçar a ideia de cumprir com o que foi votado nos dias 6 e 7 de setembro. Contudo, não pôde especificar mais já que o Partido Socialista Catalão o denunciou ao Tribunal Constitucional. Argumento estranho para um grupo que se caracteriza por desobedecer. Não é o caso do vicepresidente da Generalitat e membro da Esquerda Republicada da Catalunha, Oriol Junqueras, quem não deu respostas claras, assim como seus sócios do Juntos pelo Sim.

Pela sua parte, a organização Assembleia Nacional Catalã, que é dirigida por Jordi Sánchez, defende efetivar a Declaração de Independência ainda que com alguns matizes. Em uma entrevista Jordi Cuixart disse ‘a declaração se deve fazer no marco que cabe, que é amanhã no Parlamento da Catalunha. Ainda assim, poderia aceitar uma petição explícita de algum interlocutor que diga de forma clara que é imprescindível parar a declaração para garantir que não se pare o diálogo”. O que é peculiar é o que quer dizer com isso de que não se “pare” o diálogo (qual?) e com quem pensa dialogar.

A prefeita de Barcelona, Ada Colau (da Barcelona em Comú), procura um espaço intermediário entre os milhares que defenderam 1) e Rajoy.

Avisou Puigdemont que “os resultados do 1O não podem ser um aval para proclamar a independência”, ao mesmo tempo que exigiu de Rajoy “que descarte aplicar o 155”. Colau sinalizou que “o 1 de outubro é uma janela de oportunidades para o diálogo”. Contudo, esta posição significa não reconhecer os resultados do 1O. O que é exatamente o que pede Rajoy.

Ofensiva de Rajoy junto à extrema direita "espanholista"

Rajoy está colocando seu futuro político em risco neste conflito. Junto À organização direitista Societat Civil Catalana e com o apoio do Ciudadanos, o PSC e vários grupos neofascistas que organizaram a primeira mobilização massiva como oposição ao direito de autodeterminação na Catalunha. Ao redor de 250.000 pessoas se mobilizaram em diferentes pontos do Estado pelas centrais Vía Laietana e Marqués de Argentera.

Nesta segunda-feira as declarações de Pablo Casado deixaram bem claras das intenções “dialogantes” que tem Rajoy. O portavoz hooligan do PP deixou bem claro que se Puigdemont declara a DUI farão o mesmo com Companys há 83 anos, que terminou sendo fuzilado. Casado à não-economia de palavras, chamando Puigdemont e cia como “os golpistas do séculos XXI”. A vicepresidenta Soraya Sáenz assegurou que tem todos os instrumentos para impedir a independência (talvez pensando mo mini-exército de policiais atracados no porto de Barcelona e o famoso artigo 155 da Constituição de ‘78 que prevê o uso de força do estado central).

O Poder judiciário trabalha unificado ao governo centra e à extrema direita contrária à separação

O Major dos Mossos d’Esquadra (polícia catalã), Josep Luis Trapero e os presidentes da ANC e do Òmnium, Jordi Cuixart e Jordi Sánchez estão acusados pelo delito de sedição, estes últimos para chamar à mobilizações, e o primeiro, por não obrigar os Mossos à levar à frete a repressão que ao final foi exercida pela Polícia Nacional e a Guarda Civil.

O Conselho da Europa pede explicações sobre a repressão do 1O. O ministro de interior, Juan Ignacio Zoido do Partido Popular, respondeu que as “atuações” policiais foram prudentes, adequadas e proporcionais. Pelo contrário, em um discurso realizado neste fim de semana se comprometeu investigar os insultos recebidos pela Polícia e a Guarda Civil com “crimes de ódio”. O mundo ao contrário. Que visionário era George Orwell.

Veteranos dirigentes do PSOE se pronunciam nos mesmos termos que o PP e a FAES. Bono Borrell, Felipe González ou Alfonso Guerra clamaram pelo 155.

Além disso, o PSC junto ao PSOE, chamaram a se mobilizar na manifestação organizada do bunker da Societat Civil Catalana, o PP e Ciudadanos.

Ao mesmo tempo, Pedro Sánchez busca girar o apoio firme das autoridades do Estado e dar uma imagem de diálogo. Por isso apoiou a manifestação do búnker do domingo. Mas ao mesmo tempo, elogiou a movimentação de Parlem/Hablemos tratando de não ficar completamente colado na direita.

Processos constituintes para uma República Independente e Socialista

Não é claro o que acontecerá nesta terça-feira no Parlament, mas as declarações titubeantes e pouco claras de Puigdemont, Junqueras, Pascual ou Mas, dão a impressão de que Juntos pelo Sim e a CUT quando muito votarão uma “declaração de independência diferenciada” para buscar um espaço de diálogo (sabe se lá com quem).

O 10-O abrirá uma nota etapa na luta democrática do povo catalão por exercer o direito de decidir. Uma etapa que deve aprofundar o 20S e o 3O: as mobilizações e a greve geral que apenas conseguiram superaram suas direções. Uma etapa que deve levar os Comitês de Defesa da República dos bairros aos locais de estudo e de trabalho. Uma rebelião generalizada dos trabalhadores e dos povos contra o governo de Rajoy e o roteiro de Juntos pelo Sim.

A independência só poderá ser realizada em base a que os trabalhadores e o povo retirem da posição dirigente Puigdemont-Junqueras. Desta forma, o processo democrático radical da Catalunha poderá se estender mais facilmente no restante do Estado espanhol para impulsionar novos processos constituintes soberanos e acabar com a repressão do Regime de 78 e dos empresários e abrir caminho para uma Federação de Repúblicas Socialistas Ibéricas.

 
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