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PAPA FRANCISCO NA AMÉRICA LATINA
O discurso "atualizado" e a agenda conservadora da turnê do Papa na America Latina
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A turnê do Papa Francisco pela América do Sul virou a principal noticia na região. No Equador, primeiro país visitado pelo Papa antes de passar por Bolívia e Paraguai, as reuniões com o presidente Rafael Correa, com bispos, e as missas massivas realizadas, serviram para mostrar as intenções da viagem: acompanhar o giro conservador e à direita dos governos pos-neoliberais e se esforçar para impor a doutrina reacionária da igreja na agenda social.

A escolha pelo Equador, Bolívia e Paraguai não foi casual. Segundo o Vaticano, deve-se ao fato de que são nações que “normalmente não estão no primeiro lugar da atenção mundial”. O certo é que além de serem países aonde a influência da Igreja Católica é muito proeminente, os presidentes destas três nações se destacam por discursos homofóbicos e misóginos e por coincidir com a doutrina da Igreja contra os direitos mais elementares para as mulheres e a comunidade LGBTI.

Na missa do parque dos Samanes da cidade de Guayaquil, o Papa afirmou que a família deve ser auxiliada, e colocou ênfase especial na defesa desta instituição social. O discurso mais que invocar uma defesa de políticas sociais dos governos da região nos últimos anos, foi na realidade uma mostra da cruzada conservadora que vem protagonizando a igreja contra os avanços civis e sociais alcançados pela luta das mulheres e da comunidade LGBTI. Basta lembrar-se das declarações diante da vitória do matrimônio igualitário na Irlanda ou o pedido à presidenta Bachellet para que não avance com sua proposta para legalizar o aborto, para entender de qual família fala a Igreja.

A visita ao Equador e à Bolívia também serve para que Francisco e a Igreja acentuem sua influência regional. As efusivas recepções brindadas pelo presidente equatoriano e boliviano ao Papa permitem a Francisco a possibilidade de legitimar sua tentativa de atualizar a imagem da Igreja Católica, mostrando-se junto a governantes (que com Hugo Chaves) apareceram como o setor mais progressista dos chamados governos pos-neoliberais.

Em suas homilias no Equador, a invocação ao “cuidado dos pobres”, a “justiça social” e inclusive a referencia às lutas pela independência americana são parte de adequar o discurso Papal a novos tempos da região. Mas Francisco deixou claro que para a Igreja a única revolução é a “da Fé” e que “seria superficial pensar que a divisão e o ódio afetam só as tensões entre os países ou os grupos sociais”, chamando à unidade em tempos difíceis. Esses tempos difíceis começam a ser vividos hoje pelos trabalhadores e o povo que vêem como os governos da região giram à direita começando a aplicar ajustes, e o Papa deixa claro que a Igreja se oferece para atuar como aliado dos governos para, aplacando o “ódio” entre grupos sociais, principalmente que desperte entre os trabalhadores e o povo as medidas que atacam as conquistas da última década.

O Papa Francisco coloca o peso de sua posição para que a Igreja recupere terreno na America Latina. Os representantes pos-neoliberais o receberam de braços abertos sabendo que enfrentar cenários de maior crise sociais ou de luta de classes mais aberta é a “agenda comum” entre os governos e a Igreja. As autoridades eclesiásticas também aproveitam a visita do Papa para pressionar para impor sua “agenda” social reacionária. Na reunião com os bispos do Equador se ouviu fortemente a reivindicação pela educação religiosa em todas as escolas e são conhecidas as pressões do “Santo Pai” para impor modificações no Novo Código Civil na Argentina e o pedido a presidenta chilena Bachelet para que não avance com sua proposta de legalização do aborto

A turnê do Papa despertou o entusiasmo de oficialistas e opositores celebrando a agenda reacionária de uma visita que tenta fortalecer a Igreja Católica na região, a mesma que no passado recente apoiou as ditaduras e logo em seguida os governos neoliberais.

 
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