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OS CRIMES DA DITADURA CONTRA OS ÍNDIOS
Os crimes da Ditadura contra os Indígenas: Histórias não contadas
Rafael Barros

Desde perseguições, genocídios, e até as prisões mais arbitrárias, os crimes cometidos pelos militares contra os indígenas mostram as barbaridades de uma história não contada

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Antes mesmo da Ditadura, os militares já cumpriam um importante papel na “pacificação” e repressão das lutas indígenas por terra e condições de vida. Postura “comum” para um Estado que se fundou e firmou com diversos genocídios, expropriações de terra, perseguições e matanças sistemáticas de comunidades indígenas.

O Marechal Candido Rondon foi uma das grandes figuras do Exercito Brasileiro na questão. Ele era diretor do Serviço de Proteção ao Índio, que deveria servir para a proteção legal dos direitos e das terras indígenas, mas na verdade era palco do projeto de “inserção” dos índios ao Estado Brasileiro, ou seja, sua adaptação ao modo de vida capitalista, tratado como um “avanço civilizatório” para os indígenas, mas que na verdade apagava do mapa sua história e sua cultura.

Nos anos 40 e 50, as expedições que levaram a criação de Reservas Nacionais e parques indígenas carregavam a contradição das políticas indigeninstas no Brasil. Políticas que visavam “proteger” os índios do contato predatório com os brancos, mas que também servia como uma política de pacificação e confinamento dos indígenas dentro de espaços determinados.

Depois do golpe de 64, e da Ditadura Militar instaurada no Brasil, o momento econômico erade expansão de obras por todas as regiões do pais, e para os militares, diversos espaços e terras em disputa por indígenas eram tratados como empecilhos para o desenvolvimento econômico do pais.

Em 1967 o governo militar fundou a FUNAI (Fundação Nacional do Índio), em resposta ao escândalo de corrupção, expropriações de rendas e terras, alem de denuncias de violência e violações dos direitos humanos, que envolviam políticos, empresas e também a participação de funcionários do Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Embora os discursos de “proteção aos indígenas seguissem os mesmos, na pratica as políticas de ataques aos índios haviam se mlitarizado.

Durante a ditadura, a construção de estradas como a BR-230, e a BR-174, e também construções das hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí, foram prerrogativas para a expulsão de diversos indígenas de suas aldeias, e muitas mortes de índios conseqüências das expulsões.

Na década de 70, o PIN (Plano de Integração Nacional), instituído pelo na época presidente, Emílio Garrastazu Médici, previa cerca de 100 quilômetros em cada lado das estradas construídas seriam destinadas à colonização. A BR-174, que liga Manaus a Boa Vista, a Transamazônica, a BR-164, que liga Cuiabá a Santarém. Estas são algumas das estradas contruidas pelo PIN, e que deveriam assentar cerca de 500 mil pessoas em agrovilas. O modelo inicial foi logo preterido por outro, muito mais rentável e com muito mais sentido para o desenvolvimento capitalista. As terras no entorno das estradas foi cedido à grandes empresas de capital nacional, mas sobretudo à empresas de capital internacional.

Veja também: Temer, Funai, e a negligência com os índios

Documentos obtidos pela Comissão Nacional da Verdade mostram diversos casos de mortes de indígenas em conflitos e em remoções forçadas, crises de abastecimento, epidemias geradas propositalmente. Os ataques promovidos pelos militares aos indígenas em luta eram de enorme brutalidade.

Para os governos da ditadura, as realizações de obras eram a solução da questão indígena. A tal “integração” dos povos à sociedade capitalista era tratada como a resposta. Em 1972 o então superintendente da FUNAI, Ismarth de Araújo, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que “índio integrado é aquele que se converte em mão de obra”, e que de forma “lenta e harmoniosa” (quase que lembrando da nossa democratização “lenta e gradual”) essa integração seria feita. Era uma amostra de que para os militares o interesse era o desenvolvimento do capitalismo no país, ao custo que viesse, e que no caso era o genocídio de populações indígenas e suas culturas.

Os militares chegaram ainda a reservar aos indígenas, em seu arsenal de absurdos, uma “cadeia” somente para índios, em Minas Gerais. O Reformatório Agrícola Indígena Krenak, era tratado como um “centro de recuperação” de índios presos pela ditadura militar, por “crimes” como desacato, vadiagem, consumo de bebidas alcoólicas. Até a opção sexual era tratada como crime, e os índios que fossem homossexuais também eram presos. Dentro do reservatório, os militares ainda forçavam o treinamento de indígenas para a repressão de seus próprios irmãos. Assim se formaram as Guardas Rurais Indígenas, formadas por índios presos e “recuperados”, agora cumprindo um papel para os militares e a repressão e “pacificação” dos conflitos indígenas.

Como mostra o vídeo abaixo, índios de diversas aldeias foram levados para celas no Reformatório em MG:

A resistência indígena aos ataques brutais dos militares e a organização entre as lideranças de diversos povos conseguiu tornar possível a realização de assembléias a partir de 1974 que culminaram, na década de 80, na criação da União das Nações Indígenas (UNI). A entidade foi a primeira à nível nacional, e cumpriu um papel importante no processo constituinte de 1988.

Hoje ainda vemos diversos movimentos de resistência indígena, como a luta dos Guarani no Jaraguá, que pedem a devolução de terras já demarcadas para o governo Temer. Sua mobilização contou inclusive com apoio de diversas figuras e artistas, que gravaram a música “Demarcação Já!”

 
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