Foto: Jorge William / Agência O Globo
Maia chamou Luciana Santos, presidente da sigla, de "minha amiga" e como parte de sua fala aos presentes, disse, em defesa do "novo centro" com seus "amigos" do PCdoB: "O centro não é o ambiente onde cada um de nós abre mão de suas ideias e convicções. O centro, penso eu, daqui pra frente, é o ambiente onde pessoas que pensam diferente têm a capacidade de dialogar. E é isso que eu tenho tentado fazer sempre e, principalmente agora, como presidente da Câmara (...) O centro é o espaço onde o PC do B pode conversar com o Democratas, com o PSDB, com o PT... onde todos precisam dialogar para que, em conjunto, possamos tirar o Brasil dessa grave crise política, ética e econômica em que vivemos".
Outro que discursou no evento foi André Fufuca (PP-MA), o presidente interino da Câmara. Falando de improviso - ou, como ele disse, "do coração" -, disse que o PCdoB é a "Fênix da democracia" brasileira.
Já o discurso de "oposição" ao governo coube à presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffman, que disse que o governo de Temer está "desmontando" o que foi feito pelos governos petistas e que ele não está melhorando o país em "absolutamente nada". Defendeu que a união que vai tirar o país da crise é formada por vários partidos "de esquerda e de centro-esquerda". Ela foi aplaudida por Maia.
Maia não foi somente uma presença de honra no evento: o seu destaque expressa a "amizade" que tem consolidado com o PCdoB. Foi graças à articulação deles que Maia conseguiu apoio entre a oposição ao governo Temer para se eleger e reeleger como presidente da Câmara.
O evento do PCdoB é uma amostra bastante clara de qual a estratégia que esse partido adota. Em que pesem suas bravatas contra o golpe, mesmo à frente de uma das principais centrais sindicais do país, a CTB, o partido não apenas não organizou nenhuma medida de luta efetiva contra o golpe, como ao longo de 2017 veio mostrando que também não tem interesse em colocar de pé uma luta séria contra as reformas de Temer e os imensos ataques aos trabalhadores. Boicotaram a greve do dia 30 de junho e antes disso já mostravam que não tem interesse ou disposição para conduzir os trabalhadores num combate sem trégua contra os absurdos ataques.
Da mesma forma que o PT, o PCdoB, que de "comunista" só tem o nome, tem como o centro de sua política a conciliação de classes. Senta para fazer seus acordos na surdina com Maia, líder dos golpistas na Câmara, e publicamente recebe afagos dele, de Fufuca e de quantos mais golpistas quiserem comparecer à sua solenidade congressual para elogiá-los e agradecer seus acordos e favores nojentos.
Os trabalhadores aguentam as duríssimas consequências dos ataques, com filas de desemprego imensas, os retrocessos históricos da reforma trabalhista, entre outros. As universidades estão caindo aos pedaços e crises imensas que ameaçam a educação pública no país. E enquanto isso, o PCdoB se prepara para ser o "novo centro" ao lado do partido que esteve na linha de frente desses ataques, e com o homem que conduziu as votações que os patronais ordenaram para que os trabalhadores paguem pelos custos da crise.
Um partido assim não merece nenhuma confiança dos trabalhadores e da juventude. Passa de hora de enterrarmos eles, e sua estratégia de tapinhas nas costas e acordos amigáveis com nossos piores inimigos. O que precisamos é retomar o caminho das greves para poder derrotar Temer e seus ataques, colocando a força dos trabalhadores para derrotar os patrões e seus políticos.
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