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DOSSIÊ STONEWALL
México: Homofobia, uma realidade ignorada
Abraham Devars
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No México, o aumento da violência é uma dramática situação do nosso presente, que se intensifica quando perpassada por condições de gênero, orientação sexual ou classe social. Ao mesmo tempo em que existe o aumento sem precedentes do fenômeno do feminicidio, nosso país ocupa o segundo lugar na América Latina em crimes de ódio por homo-les-bi-trans-fobia, mesmo que não reconhecido pelas autoridades.

Os números do ódio no México

Sobre a questão da violação dos direitos humanos e os crimes cometidos contra a diversidade sexual e de gênero, o México ocupa o segundo lugar na América Latina por crimes de ódio por homo-les-bi-trans-fobia. Segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) durante o período de 1995 a 2006 foi registrado 420 crimes de ódio. Em 2013 foram registrados 259 assassinatos e em 2014 outros 331.
Como vemos na tabela abaixo, o ano em que ocorreram tais crimes não corresponde ao período em que foram denunciados. Em muitos casos, as denúncias não ocorrem imediatamente devido à desconfiança que existe com as instituições de administração e aplicação da justiça, bem como as ameaças feitas contra familiares e pessoas próximas às vítimas por parte dos policiais e membros do crime organizado.

De acordo com a tabela anterior, a média de homicídios por razões de homofobia de 1995 a 2014 foi de 67 a 68 pessoas por ano. O ano de 2012 teve o maior número de casos registrados, com 108 homicídios; enquanto que o ano de 2000 foi o ano com menor número, com 37 casos. Estima-se também que por cada caso registrado de crimes de ódio por razões homofóbicas, existam ao menos outros três que não são denunciados. A maior parte dos homicídios homofóbicos ocorreram contra pessoas que tinham entre 30 a 39 anos de idade, ainda que existam outros 319 casos em que não se especifica a idade das vítimas.

Dentro dos crimes de ódio efetuados, 976 eram homens homossexuais; 226 transexuais, travestis e transgêneros; e 16 lésbicas. Sobre estas últimas, os números poderiam ser mais altos já que também é considerado como feminicídio.

A realidade sobre a justiça machista no México

Apesar da gravidade das críticas já mencionadas, o governo mexicano não interveio para conter os crimes de ódio cometidos no país. A estes, se soma os mais de 150 mil assassinatos cometidos durante a suposta Guerra contra as drogas, assim como centenas de assassinatos de ativistas e lutadores sociais nas mãos da polícia e do exército, como o caso de Claudio Castillo Peña e Antonio Díaz Vivar.

O Estado e a justiça mexicana também ignoram as milhares de mulheres assassinadas em todo o país. Com dados aterrorizantes na Cidade Juarez e no Estado do México se estima que no país uma mulher é assassinada a cada três horas e vinte minutos pelo machismo. Assim como em relação ao feminicídio, a maioria dos crimes de ódio contra a diversidade sexual e de gênero não tem resposta por parte do governo mexicano. Das 32 procuradorias gerais de justiça no México, somente 17 abriram investigações sobre apenas 162 assassinatos.

A Cidade do México encabeça a lista do índice nacional de homicídios por ódio, com 190 denúncias registradas de 2000 a 2015. No entanto, a Procuradoria Geral de Justiça do Distrito Federal (PGJDF) investigou somente 29 destes casos. São muitos os crimes de ódio e misoginia que os governos do Partido da Revolução Democrática no Distrito Federal têm ignorado, para mencionar alguns: o de José de Jesús Chaves Aguilera ameaçado e espancado em um bar gay; o caso de Yakiri Rubio Aupart jovem lésbica sobrevivente de feminicídio que em 2013 para se defender tirou a vida de um de seus estupradores e foi presa e acusada de homicídio pelo governo do policial Miguel Ángel Mancera.

A luta contra a homofobia

Frente a estes casos é necessário nos organizar e dar visibilidade às essas problemáticas em nossos locais de estudo e trabalho. É de vital importância denunciar estas terríveis condições. Temos que ser milhares os que tomam em suas mãos a luta contra a homofobia para que os crimes de ódio acabem.
Este mês, que cumpre os 46 anos de Stonewall, suas demandas seguem vigentes. Sairemos em mobilização retomando a combatividade do movimento para levas do questionamento da homofobia ao questionamento desta sociedade de classes que coloca suas bases na opressão e exploração.

 
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