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NOSSAS VIDAS VALEM MAIS QUE O LUCRO DELES
Com cinismo e hipocrisia, empresário dono da JBS se diz injustiçado
Adriano Favarin
Membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

Em entrevista concedida para a Folha de São Paulo neste domingo (23), o empresário Joesley Batista se diz injustiçado pela repercussão que tomou o vazamento dos áudios de sua delação premiada, que abalou a alta casta política brasileira.

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Foto: Danilo Verpa/Folhapress

Não é demais relembrar que a homologação do acordo de delação entre os irmãos Batista e o Ministério Público Federal (MPF), feita por Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantiu a total imunidade para ambos, que não terão sequer tornozeleiras eletrônicas, nem mesmo um inquérito aberto. Tratamento bem diferente daquele que a justiça brasileira dispensa contra os trabalhadores neste país, com 700 mil presos, onde mais de 62% da população carcerária é negra e 40% sequer tiveram um julgamento, ou seja, aguardam anos trancafiados sem nenhuma prova de sua culpa.

Mas é Joesley quem se sente injustiçado! Afinal, teve que pagar R$10,3 bilhões de multa como resultado desse acordo de leniência, ou seja, como “punição” por ter comprado políticos, em especial o silêncio de Eduardo Cunha, e participado de todo o esquema de propina e corrupção envolvendo os governos e o regime político brasileiro desde a ditadura militar. Uma fiança que não representa sequer 10% do que a JBS fatura anualmente segundo informações da UOL.

Aliás, não é demais também lembrar que a JBS fundou seu império com base não apenas na absurda exploração de mão-de-obra precária no campo e nas cidades – com denúncias inclusive de trabalho escravo –, como também na mistura de papelão, carne podre e outras substâncias tóxicas nas carnes produzidas e vendidas para consumo interno no país, conforme denunciado na “Operação Carne Fraca”. Sem falar nos milhares de acidentes de trabalho e nas perseguições políticas contra CIPeiros e militantes sindicais.

Joesley lamenta a imagem que ficou dele como um “empresário irresponsável e aproveitador, que tocou fogo no país, roubou milhões e foi curtir a vida no exterior” e diz que foi absurda a veiculação de imagens dele com sua família no aeroporto, “como se estivessem fugindo pro exterior”. De fato, Joesley não estava fugindo, estava apenas indo administrar a transição de suas empresas norte-americanas e seu holding para os EUA.

É realmente de se lamentar que digam que Joesley e sua família estejam curtindo a vida no exterior, afinal, como é possível curtir a vida em um apartamento que custa “apenas” (sic!) 30 milhões de reais na Quinta Avenida de Nova Iorque? Como é possível curtir a vida sem precisar fazer as contas de quanto vai gastar, podendo sair pra jantar a hora e no restaurante que quiser? Como é possível curtir a vida tendo a chance de reformar sempre a casa e ter empregados domésticos à sua disposição, sem precisar saber qual o preço do litro da gasolina e podendo gastar 180 mil euros no vestido de casamento? É assim que Ticiane Villas Boas, esposa de Joesley desfaz a imagem de que seu marido teria roubado milhões e ido curtir a vida no exterior...

Pra fechar com ‘chave de ouro’ a sua entrevista, o empresário tenta passar uma imagem de redentor, o novo Cristo das relações éticas entre Estado e empresários, e diz que o dia do vazamento do áudio também foi o “dia do seu renascimento”, em que se sentiu “um novo ser humano, com coragem para romper elos inimagináveis da corrupção praticada pelas maiores autoridades” do Brasil. Buscando, assim, localizar a corrupção apenas entre os representantes políticos e tentando passar a imagem de vítima do sistema político.

Logo ele, o empresário que, pra enriquecer, além da exploração do trabalho humano, corrompeu quase dois mil políticos e elegeu um terço do Congresso Nacional, logo ele, destaca na entrevista que “eles (os políticos) estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família”. (sic!)

Pobrezinho... De fato, a hipocrisia e o cinismo da classe empresarial, da burguesia brasileira, tem o mesmo limite da sua conta bancária. Padrinhos do Poder Legislativo, abençoados pelo Poder Judiciário, são eles que decidem quem assume e o que faz o Poder Executivo. Por isso é fundamental que os trabalhadores tomem as decisões do país em suas mãos, se organizando em cada local de trabalho para barrar a reforma trabalhista, expropriar e confiscar os bens dos corruptos e corruptores, organizar a sociedade de maneira que nossas vidas e de nossos filhos valham mais do que os lucros, luxos e impunidades deles!

 
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