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LUCROS NA EDUCAÇÃO PRIVADA
Kroton lucra R$ 455 milhões em ano de cortes na educação
Isabel Inês
São Paulo

A rede Kroton de ensino é o maior monopólio de educação do mundo, que encontrou no Brasil um mercado rentável para os seus lucros.

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Nessa quarta feira foi anunciado o lucro de 455 milhões de reais pela rede privada de ensino Kroton, apenas nos três primeiros meses do ano. A rede Kroton de ensino é o maior monopólio de educação do mundo, que encontrou no Brasil um mercado rentável para os seus lucros, nos últimos três meses de 2014 o lucro da empresa cresceu 96,2%. Como se explica esse crescimento em um ano de cortes na educação?

A contradição entre os lucros da Kroton e a crise nas universidades públicas abre uma ampla gama de reflexões sobre como foi a expansão do ensino durante os 12 anos de governo Lula e Dilma. E a resposta a esse crescimento da Kroton está justamente em um dos pilares dessa expansão, os programas de financiamento do FIES e Prouni, que entre 2010 e 2014 repassaram mais de R$30 bilhões em dinheiro público para as instituições privadas. Chega a quase 60% o número de alunos matriculados na Kroton que mantém o curso por via do FIES.

Por esse motivo, quando o governo anunciou no começo do ano os cortes no FIES, gerou uma crise nacional, tanto com a ameaça de expulsão e não renovação de contrato dos alunos, mas também com a pressão das grandes redes de ensino que viram seus lucros ameaçados. Contudo essa crise ainda não se fechou, com “vai e vens” do governo que recentemente anunciaram cortes do projeto para 2015 e tiveram que novamente voltar atrás e anunciar a reabertura de uma segunda edição do FIES com novas regras, agora com juros mais altos.

Por outro lado, a outra face da crise está na expansão precária das Universidades públicas federais, que aumentaram em quadro de funcionários e alunos, mas que sofrem com falta de investimento, agravado agora com os cortes. Um panorama da expansão: enquanto em 2002 havia 73 instituições de ensino superior federal e 531.624 alunos matriculados, em 2013 esse numero saltou para 106 instituições e 1.137.851 alunos.

A prática desse quadro numérico é de alunos sem moradia, creche, alimentação, e universidades com prédios precários e insalubres. Enquanto em quatro anos o governo investiu 30 bilhões no ensino privado, o orçamento anual de todas as instituições federais de ensino somadas foi cerca de R$ 2,59 bilhões em 2014, e nesse ano esta tendo que trabalhar com um corte de 47%.

Diversas universidades estão com dívidas milionárias, a UFBA está com uma divida de R$ 28 milhões, a Universidade de Brasília fechou 2014 com rombo de R$ 60 milhões, já a Ufal e o Instituto Federal do Sul de Minas vem economizando em energia, água e gastos até com o consume de papel. Esses são alguns exemplos, que se choca com o lucro de R$ 455 milhões por uma empresa privada. Só esse montante seria capaz de resolver o problema destas e outras Universidades.

Mas não só, se 60% dos alunos da Kroton já são mantidos via FIES, quer dizer que em torno de R$ 273 milhões já são de dinheiro público, uma solução simples e que parte do principio básico que todos devem ter acesso ao ensino que é um bem público, seria que já essas vagas fossem estatizadas. Assim, o financiamento público iria direto para vagas públicas e para permanência, ao contrario de como é hoje, uma vez que pensando em uma empresa, nesse valor está agregado o lucro, que serve somente para enriquecer alguns acionistas.

 
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