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Mulher é violentada por médico ao expressar posições políticas durante exame íntimo
Ana Carolina Fulfaro

Em denúncia divulgada pela TVT, mulher relata agressão de médico ginecologista durante a realização de exame ultrassom transvaginal, por questões políticas.

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A comerciante Branca Alves de Farias denunciou que durante a realização de um exame de ultrassom transvaginal, o médico violentou-a, declaradamente por questões políticas, após saber seu local de trabalho.

O exame, que consiste na inserção de sonda através da vagina da paciente para captar imagens do útero, ovários e trompas, que já tende a ser constrangedor e as vezes incomodo, se tornou uma sessão de tortura para a paciente. Ao falar que trabalha no Sindicato dos Metalúrgicos, o médico se irritou, introduzindo a sonda de forma agressiva, gritando e anunciando discursos de ódio: “Tinha que colocar chumbinho na comida do Lula”, “ele tem que morrer”, enquanto a paciente, desesperada, pedia calma e diz: “O meu medo, de tanto ódio que ele tava (...) era ele pegar e machucar a bexiga minha, o útero, ele podia fazer qualquer coisa, porque (...) ele se transformou num bicho”, “quando foi para tirar o aparelho (...) ele puxou, jogou o aparelho e saiu da sala”. A enfermeira que estava presente sequer reagiu. Branca denunciou o caso à polícia e descobriu outras quatro denúncias feitas contra o mesmo médico.

Outros casos escandalosos foram divulgados esse ano, como a médica que vazou informações sobre o caso de Marisa Letícia em lista do WhatsApp, o que seguiu com diversos comentários assombrosos por parte de outros médicos, como o de um neurocirugião: “Esses fdp vão embolizar ainda por cima”, “tem que romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o capeta abraça ela”, se referindo ao procedimento de provocar o fechamento de um vaso sanguíneo para diminuir o fluxo de sangue em determinado local.

Outro caso absurdo foi o laudo médico de João Victor, criança de 13 anos que foi assassinada por um segurança do Habib’s após pedir dinheiro em frente ao local. Em março foi divulgado o laudo médico que atestava a morte em decorrência do uso de lança-perfume, atestando morte súbita de origem cardíaca. Não coincidentemente o mesmo médico possui e divulga posições extremamente reacionárias, homofóbicas, machistas, de preconceito contra pobres e de apoio a Bolsonaro. Ou seja, como denunciou Fernando Pardal, “um representante legítimo das posições daqueles que dizem que meninos como João Victor devem continuar sendo enviados pela polícia para encher as prisões e cemitérios”.

Por trás de um discurso de isenção e cientificidade médica a realidade é outra, e muitas vezes são perpassadas pelas relações de poder, como fica evidente nos casos em questão. O juramento médico promete utilizar dos conhecimentos para o bem dos pacientes, não tratá-los com qualquer distinção, e o código de ética diz "guardar absoluto respeito pelo ser humano e atuar sempre em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade", porém, na prática está o preconceito (como denunciado um exemplo neste Diário aqui), a culpabilização, e muitas vezes relações de violência, o que no caso das mulheres acaba sendo naturalizado.

O CREMESP (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) declarou que vai apurar as denúncias, sendo que o processo deve durar de seis a dois anos. Ou seja, muitos outros casos poderão seguir acontecendo, assim como tantos outros que são acobertados cotidianamente, mas que fazem parte do cotidiano de mulheres, negros e LGBTTTs, bem como usuários dos sucateados serviços de saúde pública.

Quando a divergência é política e o paciente de outra classe social, raça ou orientação sexual, a violência parece estar instituída.

 
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