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CONFLITO NO JUDICIÁRIO
Gilmar Mendes reage à Lava Jato e ao pedido de impedimento: "Lava Jato é um jogo retórico"
Heitor Carneiro

Em recente entrevista, o Ministro do Supremo Gilmar Mendes falou à Folha de São Paulo sobre as prisões preventivas da Lava Jato e o papel da mídia nessa operação. Suas duras críticas escalam o conflito entre sua ala no judiciário e os procuradores e Sérgio Moro. Ontem Janot solicitou que Gilmar Mendes fosse impedido de julgar qualquer caso de Eike Batista, após ter concedido habeas corpus ao milionário.

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Escancarando as divisões internas do Poder Judiciário, Gilmar Mendes falou sobre o método utilizado por Sérgio Moro e seus aliados na Lava Jato. Disse que eles seguem o exemplo do que foi a Operação Mãos Limpas na Itália e dependem da opinião pública para atingirem seus objetivos. Afirmou, também, que por isso esses juízes estão utilizando o método de prisões preventivas para criar um sentimento imediato na população de que algo está sendo feito e dessa maneira ganhar apoio. Em suas palavras: "Não teria charme nenhum, nesse contexto, esperar pela condenação em segundo grau para o sujeito cumprir a pena. Tudo isso faz parte também de um jogo retórico midiático."

Essa entrevista e essas críticas são uma resposta às críticas do procuradores de Curitiba e à ação de Janot pedindo o impedimento de Gilmar Mendes em ações de Eike Batista.

Segundo ele, que acabou de decretar o fim da prisão preventiva de José Dirceu e de outros investigados, tais prisões são "extravagâncias jurídicas", desnecessárias para o seguimento da Lava Jato. Ou seja, ele não se coloca contra essa operação, apenas contra os desmandos e abusos. O mesmo Gilmar Mendes não se opunha a desmandos da mesma operação quando essa atacava Dilma Roussef, ou quando tomou decisão liminar suspendendo o direito constitucional de Lula ser nomeado ministro.

Pode parecer contraditório se opor ao caráter midiático da Lava Jato (que segundo o próprio Gilmar Mendes é a única forma que essa operação pode assumir), mas não defender o fim dessa operação. E realmente é. Como um agente da burguesia, Mendes não pode se colocar totalmente contra essa operação que é a grande aposta de sua classe para responder à crise escancarada em Junho de 2013. Mas dentro do Poder Judiciário há disputas entre duas alas. A primeira, cujas figuras centrais são Moro e Janot, quer utilizar a Lava Jato para acabar com os partidos tradicionais, realizando uma "Mãos Limpas" no Brasil. A segunda é a ala de Gilmar Mendes, que está aliada à "casta política" e quer colocar limites na Lava Jato sempre que essa chega perto de algum figurão, utilizando essa operação apenas como o pano do toureiro, desviando a atenção da população dos ataques e dando algumas respostas para conter o ímpeto por mudanças que vem se espalhando. Sua ação não é para conter “abusos do judiciário” tão frequentemente praticados por ele mesmo.

Mas é preciso saber que as duas alas são contrárias aos interesses da classe trabalhadora, e que nenhuma resposta efetiva às nossas demandas vai vir pelo Judiciário, que se aliou com o Legislativo para colocar Temer no poder e agora defende as Reformas que estão tirando nossos direitos. É necessário que nós trabalhadores possamos dar a nossa resposta à crise política e às reformas. Já mostramos nossa força nas paralisações de 15 de março e 28 de abril, e continuaremos na marcha para Brasília, que deverá ser ainda maior. Precisamos fazer dessas demonstrações de força um motor para uma profunda mudança na nossa sociedade, exigindo eleições para uma nova Assembleia Constituinte, que possa não apenas mudar os jogadores como eles querem, mas as regras do jogo.

 
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