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CORRUPÇÃO E COOPTAÇÃO
Lula foi eleito com ajuda da Odebrecht: corrupção e cooptação capitalista andam juntas
Iaci Maria

Delação da Odebrecht mostra que corrupção e cooptação pelos capitalistas andam juntos, já que Emilio Odebrecht declarou que a “Carta ao Povo Brasileiro”, escrito por Lula em 2002 às vésperas de sua primeira eleição vitoriosa também teve dedo da empresa corruptora.

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Em junho de 2002 Lula, então candidato à presidente da República, escreveu longa carta denominada “Carta ao Povo Brasileiro”. Tal carta nada tinha de interesse do povo brasileiro, seu único objetivo era acalmar o mercado financeiro e mostrar que uma eventual vitória do PT em nada significaria deixar de atender aos interesses dos empresários e capitalistas. Muito pelo contrário, naquele momento Lula e o PT bateram o martelo de que atuariam lado a lado da burguesia, em aliança com a mesma, a favor de seus interesses. Essa carta foi fundamental para que Lula tivesse o apoio necessário e se elegesse.

Em meio às delações da Odebrecht, o pai Emilio Odebrecht declarou por escrito que a carta foi possível devido a mediação do empresário com o PT, que colocou Lula em contato com diversos outros empresários para que o petista mostrasse que seu modo de governar manteria os interesses capitalistas intactos. Odebrecht ainda disse que já apoiava financeiramente Lula e o PT quando ninguém mais o fazia, além de dar esse tipo de apoio que definiu como “não financeiro”.

Esse apoio não financeiro pode ser visto como um apoio do tipo “uma mão lava a outra”, que nesse caso a troca de interesses implicou em o empresário ajudar o PT a se eleger, enquanto o PT eleito ajudaria o empresário – e toda burguesia – a seguir com seus lucros e recuperar o crescimento econômico. E essa promessa o PT soube bem cumprir, já que o próprio Lula sempre declarou que nunca antes em outro governo os bancos lucraram tanto quanto no período lulista.

Essa é mais uma expressão do que traz a lista Fachin-Janot e as delações da Odebrecht. A corrupção na qual todos os partidos estão imersos nunca anda sozinha e é apenas uma das ferramentas do capitalismo de se perpetuar. Nesse caso, a cooptação do que deveria ser o “partido dos trabalhadores”, ou seja, do operário metalúrgico que defenderia os interesses dos trabalhadores, aos interesses burgueses e capitalistas anda de mãos dadas com a corrupção que começou antes mesmo de ser eleito à presidência.

Mas que fique certo, essa carta não é a representação máxima da cooptação de um partido que atuava em prol dos trabalhadores e deu um giro brusco para se eleger. O PT surge de um importante ascenso operário e não demorou muito para que uma direção burocrática tomasse conta do partido e limitasse a sua atuação aos marcos do regime burguês, de não enfrentamento aos capitalistas, dando origem a uma crescente posição de conciliação, o que é impossível em uma sociedade com antagonismo entre as classes, em que se a burguesia está ganhando, inevitavelmente a classe trabalhadora está sendo explorada e perdendo. A carta é o processo de cooptação que garante os interesses eleitorais.

A corrupção é estrutural ao capitalismo, e o PT, como um partido conciliador de classes, que se aliou à direita e à burguesia para governar para seus interesses, mostra que sua cooptação à ser conciliador e defensor dos interesses burgueses sempre esteve lado a lado à corrupção que é parte intrínseca desse regime e atinge a todos os partidos da ordem.

Por isso essa "caça aos corruptos" tal como é feita pela operação Lava Jato não é a solução. Primeiro porque se não há neutralidade no Poder Judiciário, e sim muitos interesses políticos que o levam a ter a mão mais ou menos pesada com esse ou aquele político, a depender das trocas de interesses que podem sair dali, e nem se fala sobre o peso da mão quando se trata de um trabalhador ou jovem negro pego roubando ou simplesmente sendo "suspeito". E segundo porque tenta enganar que se limpar cada corrupto desse regime afundado em podridão seria suficiente para colocar fim aos roubos e, assim, teria fim os ataques aos nossos direitos, já que o fim da corrupção poderia ajudar a tirar o país da crise. Isso é uma grande falácia. Vão-se alguns corruptos, logo chegam novos, novos métodos, mais criatividade para nos atacar, nos roubar, retirar nossos direitos.

É preciso que os trabalhadores e a juventude se organizem, desde suas bases em seus locais de trabalho e estudo e hoje, frente ao chamado de paralisação nacional que está sendo feito para o próximo 28 de abril, que exijam dos sindicatos e das grandes centrais sindicais que organizem assembleias para que essa paralisação seja efetiva. Que esse seja o primeiro dia de um plano de lutas que possa barrar os ataques, as reformas, o governo Temer, mas que também mostre que não aceitaremos mais que nossos direitos sejam retirados para que os empresários sigam lucrando e os políticos sigam com seus privilégios. A consequência de nosso combate de classe contra esses ataques deve ser uma incansável luta para impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, onde possamos lutar para eleger nossos próprios representantes e debater a fundo nossas necessidades. Acabar com os privilégios dos políticos e dos juízes, e lutar por um governo dos trabalhadores que atenda nossas demandas.

 
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