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PARALISAÇÃO TERCEIRIZADOS
"Isso aqui é trabalho escravo", afirma terceirizado da Multiágil
Fabricio Pena - estudante de sociais da UFRGS

No estado do Rio Grande do Sul, trabalhadores do CAFF (Centro Administrativo Fernando Ferrari) paralisam atividades durante a manhã de hoje para protestar contra as péssimas condições de trabalho.

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Recebemos o chamado de um dos terceirizados da manutenção do CAFF para cobrir a paralisação que estão fazendo esta manhã, denunciando as péssimas condições de trabalho. Atraso de salário, férias, vale alimentação, vale transporte, 13º e muito mais.

Ao localizar a instalação dos terceirizados da manutenção já fica evidente o contraste entre as instalações dos efetivados e as deles. Mais afastado dos grandes prédios, uma instalação precária, demonstrando como o estado do governador Ivo Sartori (PMDB) trata os trabalhadores.

Antes de começar a conversa sobre suas reivindicações, pediram para manter um certo anonimato em primeiro momento, dado que não tem amparo do sindicato e não querem ainda mais represálias.

O atraso nos pagamentos é o que mais os revolta. O salário de fevereiro afirmam ter recebido apenas em 29/03. Durante esse tempo muitos pegaram empréstimos com o Banrisul, sem perspectiva de receber seu salário, que quando caiu na conta ficou ainda menor por conta dos juros.

Denunciam que tiveram redução do salário, o que pela CLT é ilegal. A impresa alega que teve redução na hora trabalhada, de 220hs mensal para 200hs e tiraram. Entretando, os trabalhadores afirmam que na prática não reduziu a carga horaria, pois sempre ficam algum tempo a mais. Além de reaverem o adicional por insalubridade. Um soldador, passou de 40% para 20% por imposição da empresa.

A última vez que viram o Vale Alimentação foi em fevereiro. Iriam receber parcelado, a primeira de R$ 60,00, a segunda seria cerca de R$ 100,00, mas parou na primeira. Fechando o mês de abril, somando esses três meses, receberam apenas 1 parcela do já pequeno VA. Pode ser chamado também de vale fome, já que é apenas R$7,10 por dia, o que não cobre nem o almoço.

Muitos dos que tiraram férias este ano ainda não receberam o que deveriam. Além disso, a primeira parcela do 13º, que deveria ter sido paga no final de novembro do ano passado, foi paga apenas dia 8 de janeiro. Quando cobraram a empresa, a resposta foi "se tá ruim procurem outro lugar".

Na paralisação havia cerca de 20 terceirizados, afirmam ser uma número reduzido, pois a manutenção teria até 60 contratados. A empresa vem atrasando o Vale Transporte a meses, pagando a "conta-gotas" e muitas vezes não paga por dias, fazendo com que alguns paguem para trabalhar e a impresa nega-se a ressarcir. Muitos não vão por não ter a passagem.

Como relatado acima, a crise alarmada pelas empresas recai nas costas desses trabalhadores. Na prática com o salário reduzido e com o aumento da carga horária e de trabalho, aumenta a tendência ao adoecimento e acidentes no trabalho. Sem um plano de saúde que cubra o mínimo de suas necessidades, muitos tem de trabalhar mesmo doentes.

Um dos terceirizados relata que por suas famílias dependerem desse salário, são "obrigados a trabalhar sem salário, VA, VT, férias, e aí vai". E ainda quando vão reclamar em qualquer órgão do trabalho recebem o desprezo como resposta. Foram ao MPT e DRT registrar a situação e nada fizeram.

A terceirização reduz o vínculo do trabalhador com a empresa, no caso o estado do RS. O sindicato dificilmente presta algum auxilio. Durante o governo do PT a nível nacional, a terceirização triplicou no país, criando inúmeros postos de trabalho precarizados, permitindo todo esse tipo de abuso que estão relatando.

A situação dos pagamentos atrasados vem se agravando a dois anos. Afirmam que o salário era pouco, mas era pago em dia até a entrada de Sartori. "Quando começou a parcelar o salário dos servidores, começaram a parcelar o nosso, só que não pagavam as parcelas no mesmo mês".

Muitos deste trabalhadores são negros, o que demonstra o caráter racista do estado e da terceirização. Aplicam neste trabalhadores o que querem aplicar ao conjunto da classe trabalhadora, com a reforma trabalhista, da previdência e a terceirização irrestrita.

Quando os questionei se vão parar no dia 28/04, data que as centrais estão chamando greve geral contra as reformas de Temer, responde que "esses sindicato chamam e não organizam nada" e "se parassem os ônibus tudo, nós paramos também". O que demonstra a disposição de luta desses trabalhadores, que servem de exemplo para toda a classe.

 
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