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CONTAGEM REGRESSIVA 8 DE MARÇO - FALTAM 2 DIAS
Por que parar também o trabalho doméstico numa greve de mulheres?
Maíra Mee

Estamos vivendo um momento muito especial para as lutas das mulheres.
No mundo todo, as mulheres estão se organizando contra os ataques que vêm sofrendo.

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Tradução: "O capitalismo também depende do trabalho doméstico" - Imagem: "See Red Oficina de Mulheres. Serigrafia, circa 1983. Londres, Reino Unido."

Mulheres de diferentes países, vizinhos e distantes,estão conversando entre si, trocando informações e experiências de luta e vendo que, mesmo tendo culturas mais ou menos diferentes, passamos por dificuldades muito parecidas.

Em todos os lugares onde as mulheres estão se organizando, as demandas se parecem muito: fim das violências contra as mulheres, direito ao aborto, direitos trabalhistas, reconhecimento do trabalho doméstico não remunerado, contra o capitalismo, o neoliberalismo, o imperialismo, o colonialismo, mas também pelo fim do racismo, dos ataques às pessoas LGBT, a imigrantes...

Uma das coisas mais interessantes é que, para serem ouvidas, em todos os lugares, as mulheres estão utilizando as ferramentas da luta de classes: fazendo greves ou paralizações no trabalho que fazem fora de casa, fazendo atos, ocupando locais de trabalho, bloqueando ruas, mas, o que é mais importante,parando o trabalho que fazemos dentro de casa, o chamado trabalho da“reprodução social”: o trabalho doméstico e de cuidados.

Por que parar o trabalho que fazemos dentro de casa é tão importante?

As tarefas domésticas -preparo dos alimentos, limpezae os cuidados com todas as outras pessoas, incluindo nós mesmas - são essenciais para todo o funcionamento da sociedade. E é um trabalho que fazemos gratuitamente.

Sem ele, o patrão não teria seus funcionários e funcionárias,a cada novo dia, alimentados, vestidos com roupas limpas, e com saúde suficiente para uma nova jornada de trabalho. E, sem ele, o patrão não teria lucro. Ora, se os funcionários trabalham para o lucro do patrão, o mínimo que o patrão poderia fazer é compensar os gastos e desgastes dos funcionários. Mas, não, o que os trabalhadores recebem em troca é uma migalha. Um salário de fome, como dizemos. E as mulheres, menos ainda. Se as empresas tivessem que se responsabilizar pela alimentação, saúde, roupas dos seus funcionários,elas nunca teriam lucro. E o Estado, que deveria garantir esses e outros direitos sociais para toda a população, nunca se responsabiliza completamente. Juntos, eles mandam essa conta para a casa das trabalhadoras e trabalhadores.

Então, quando a mulher limpa, cozinha e cuida do marido, filhos, pais, irmãos, cunhados, vizinhos, filhos dos vizinhos etc. ela não está trabalhando só para essas pessoas. Está trabalhando, majoritariamente, para os patrões de todas essas pessoas, quando elas estão empregadas; e para o Estado, estando elas empregadas ou não.

Mas nós não trabalhamos de graça porque somos bobas. A verdade é que nós vamos sendo convencidas e empurradas a fazer esses trabalhos ao longo de toda a nossa vida e desde muito pequenas.

Vão nos convencendo através da ideologia, quando nos dizem que as mulheres fazem isso por amor, que sempre foi assim, quando na infância nos dão bonecas para cuidar e cozinhas de brinquedo, quando repetem que somos boas para as tarefas do lar e ruins nas atividades intelectuais...

Mas também somos empurradas para esses trabalhos através dos ataques feitos pelos setores público e privado. Sempre que se retira de saúde e educação, por exemplo, são as mulheres que têm que arcar com os cuidados às pessoas que vão ficar desamparadas.

E, assim, nós acabamos tendo jornadas duplas ou triplas.

Temos que ter muito nítido para nós que não é natural esse trabalho ser uma responsabilidade das mulheres e ser feito todo dentro de casa.

Neste ano, essa questão é especialmente importante por causa dos riscos que corremos com a reforma da previdência. Igualar o tempo de contribuição para homens e mulheres é ignorar completamente todo esse trabalho monumental que fazemos 24 horas por dia ao longo de todas as nossas vidas.

Por isso, temos nos unir em todo o território nacional e em todos os países e somar as nossas vozes às de milhares de mulheres no mundo todo para reverter as retiradas de direitos a que estão nos submetendo em toda parte, para arrancar os direitos que nos faltam, mas, acima de tudo, para uma transformação profunda da sociedade. Para uma sociedade em que viver em bem estar não dependa da opressão e da exploração.

Neste 8 de março de 2017, paremos juntas, caminhemos juntas! Não podemos aceitar nem uma de nós a menos, não vamos aceitar nem um direito a menos!

 
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