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II CONGRESSO CSP-CONLUTAS - LUTA CONTRA AS OPRESSÕES
Entrevista Esther e Rafa, professoras do Paraná, comentam sobre o papel das professoras mulheres na greve
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Esquerda Diário: Qual papel das mulheres professoras na greve do Paraná, sendo uma categoria majoritariamente feminina? Qual atuação estão tendo nessa mobilização?

Ester: Então, embora os homens, colegas professores, queiram se aproximar da gente na hora de uma intervenção mais radical, e dizer que as mulheres não devem ir para linha de frente, querendo nos poupar até pela questão de construção, dizem que somos sensíveis e que não temos a força, a força física, mas as mulheres não escutam muito e a gente vai para linha de frente sim e a gente quer compor com eles e com elas. Enfim, nesse momento nosso na greve do Paraná, na ação radical de ocupar a Assembleia, a gente compôs e fomos pra frente na intervenção, somando com a força na luta. Numa intervenção também, de deslocar os carros de lugar na rua, na qual a gente queria espaço para o caminhão de som que era enorme, os homens diziam “as mulheres não precisam”, e mesmo sendo os colegas professores a gente não dá muito ouvido, a gente pensa que também tem que compor e fazer essa frente. E fomos para os carros, levantamos três carros junto com os homens, a maioria, quando eu olhei, eram mulheres – o montante que fez de várias mulheres para erguer esses carros.

ED: E no dia da repressão?

Ester: No dia da repressão também. Havia um discurso assim nos bastidores de que as mulheres não deveriam ir. Daí aquela questão da idade, por esse discurso da fragilidade. Mas as mulheres não entram no confronto na hora, dizem “tá bom, tá bom” só que na hora estão na frente novamente das ações mais radicais, das intervenções mais radicais. A participação das mulheres é muito grande em todas as intervenções, tanto nos diálogos quanto na composição da ação direta.

Rafa: Eu queria colocar em pauta a importância que as mulheres tiverem dentro da luta do Estado do Paraná, nas construções das ações diretas. Eu participei efetivamente do comando que organizou o fato histórico que aconteceu lá. E não era só eu de mulher, ainda que não existisse a paridade de gênero dentro dessa ação, nós tínhamos pelo menos quatro ou cinco representantes num contexto de doze, treze pessoas, então, realmente é fundamental. A gente quer assumir também os postos de frente dentro da luta.

ED: Qual a importância do espaço do setorial LGBT no II Congresso da CSP Conlutas e a importância dos setores LGBT se organizarem junto com a classe trabalhadora para lutar contra a opressão, a homofobia, lesbofobia, transfobia?

Rafa: Na questão LGBT, o que a gente percebeu foi: a importância de trazer essa discussão para dentro do Congresso da Conlutas é a consciência que a luta contra a opressão é uma luta de classe. Isso foi um fator muito importante, porque organizar a luta por local de trabalho é você ajudar a tirar da margem essa população que é tão oprimida, e o bacana tudo isso é compreender que a importância de ocupar esse espaço dentro do Congresso e politizar, ir onde estão as transexuais que com as medidas de ajustes fiscais acabaram sendo as mais atingidas junto com as mulheres, junto com as negras, junto com os gays, com as lésbicas, e a importância de estar preenchendo esse espaço e ajudando realmente nessa questão dessa construção da politização pela classe, de se entender como parte integrante direta da classe trabalhadora, o preconceito que existe dentro do aparato sindical, ele também consiste dentro do local de trabalho, nas escolas, e aqui dentro mesmo do próprio Congresso, né? Dentro do setorial, a gente escutou alguns relatos de algumas companheiras que relataram ter sofrido essa violência aqui dentro do próprio Congresso.

E a compreensão de que o sistema capitalista, sem sombra de dúvidas, é o principal opressor nessa questão da causa LGBT, e que a única forma de derrotar esse preconceito é através do entendimento que é preciso derrubar o capital para se construir o socialismo, porque as políticas públicas que estão vigentes nos dias de hoje, nos setores mais precarizados, são de fato as pessoas que são atingidas diretamente por essas questões, que são as questões LGBT.

ED: Então você vê que foi muito importante o setorial e toda a discussão?

Rafa: Olha, sem sombra de dúvidas, eu tenho uma crítica um pouco a respeito disso: porque o que a gente percebe é que foi dada uma atenção muito grande à plenária, e tanto no grupo de opressões, quanto na questão do setorial do LGBT, se patinou um pouco pela questão da temporalidade, de ser pouco tempo para essa discussão, que a gente acredita que deveria estar priorizando essas discussões do grupo, para fortalecer realmente e dar voz à base, né? Então, o que a gente percebe é que se discutiu muito análise dentro desse grupo e não se efetivou encaminhamentos que pudessem de fato transformar a realidade e encaminhar para um sentido de avançar dentro dessa discussão. Então, esse ponto é um ponto que sem sombra de dúvidas precisa ser melhorado urgentemente, para que a gente supere e avance essas questões.

ED: Ótimo, muito obrigada.

 
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