A investigação vem sendo conduzida pela Polícia Federal, e uma das autoridades ligadas a ela afirmou, segundo reportagem da rádio CBN, que: "Há policiais aproveitando da manifestação que pede melhores condições de trabalho para cometer acerto de contas." Ainda de acordo com a reportagem da CBN, o governo federal já toma como certo o fato de que há policiais por trás das mortes.
As investigações também remetem à atuação de um grupo de extermínio que atua no Espírito Santo desde o início dos anos 2000 e que seria uma ramificação de grupo que atuava no Rio de Janeiro com participação de policiais e parlamentares. O lema do grupo era "bandido bom é bandido morto".
Não é a primeira vez que casos de motins policiais trazem à tona suspeitas da atuação dos policiais revoltosos em extermínios como forma de "pressionar" o governo por meio do terror à população. Em Salvador o mesmo ocorreu há pouco tempo. O perfil dos mais de 130 mortos corrobora fortemente a hipótese de extermínio praticado por policiais, pois têm o mesmo perfil dos que são assassinados pela polícia com seus "autos de resistência" quando essa está em serviço: é a juventude negra da periferia.
É evidente que do ponto de vista do governo federal a intenção da investigação é endurecer contra os policiais que tomaram parte do motim e disciplinar as tropas, dando um exemplo para que os motins policiais não se estendam a outros estados, como já vem sendo ameaçado no Rio de Janeiro.
Contudo, o que vem à tona é, mais uma vez, o caráter reacionário e assassino da instituição policial, seja em serviço ou em "greve" (motim). O extermínio da população negra como forma de disseminar o pânico e pressionar os governos pelo atendimento de suas reivindicações corporativas evidencia um abismo intransponível entre o que representa uma paralisação policial e qualquer forma de luta dos trabalhadores. O que a polícia quer é, justamente, melhores condições de trabalho para prosseguir o extermínio da juventude pobre e negra, e sua chantagem é fazer isso de forma "descontrolada" e não sob o comando direto do estado.
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