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CRISE POLÍTICA
Jogos vorazes do STF: cada "partido" quer um ministro para chamar de seu
Redação

Não há um “partido” no país que não tenha se pronunciado sobre quem deveria ser nomeado ao STF para substituir Teori Zavascki. A morte do ministro da mais alta corte brasileira que além disso acumulava a função de relator da Lava Jato abriu uma disputa intensa sobre esse cargo e sobre quem será o relator da Lava Jato. Esse cargo altamente político é um nó na crise política nacional, e controla-lo oferece condições favoráveis aos grupos políticos e projetos em disputa.

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Com a morte de Teori, Temer escalou seu braço direito Moreira Franco para falar que nomeariam correndo um nome. Percebendo o amplo rechaço, já que mais de 80% da população desconfia que a morte do ministro foi criminosa, Temer recuou e disse que só nomearia depois do STF decidir quem seria o relator. Desse modo o “feirão” agora está envolvendo a disputa de duas funções em separado, nomear um dos vitalícios e poderosos membros do STF e opinar quem entre eles deveria ser o relator da Lava Jato.

Carmen Lúcia atendendo a pleitos da ala “lava jato” ou da “toga” na disputa política contra aqueles que chamamos de “ala da casta” deu andamento aos procedimentos para homologar a delação da Odebrecht, mesmo sem um relator. A ala da casta, melhor representada por Renan e sua vontade de “estancar a sangria da Lava Jato”, tem também outros representantes no governo, como Padilha, outro braço direito de Temer, que comemorou como a morte dava tempo ao governo. Na mesma trilha de eventos favorecendo os poderes do STF, hoje Rodrigo Janot pediu “urgência” na matéria permitindo que Carmen Lúcia possa nomear quem será o novo relator da operação e não ficar aguardando Temer nomear um novo ministro, procedimento padrão do regimento do STF.

Em tempos de crise política, crise de representatividade as formas normais da política são cada vez mais ocultadas pelas formas escondidas, clandestinas. Uma política que envolve fotos (como a que Carmen Lucia evitou com Temer no velório), sinais, editoriais, reuniões. Tudo escondido e alheio – se não contrário – aos interesses dos trabalhadores. Vejamos a lista de pleiteadores e seus pleitos para o STF.

Paulo Skaf da FIESP defende Ives Gandra Martins, notório por posições de extrema direita e por ser um fervoroso defensor de acabar com os direitos trabalhistas.
O Globo está diariamente defendendo que o ministro Fachin assuma a relatoria, a Folha por sua vez advoga pelo sorteio entre os dez ministros vivos do STF, como analisamos neste artigo.

A Associação dos Juízes Federais criou uma lista tríplice para que os juízes votem em seus nomes e com isso pressionarem Temer e o Senado, aos quais cabe a atribuição constitucional da nomeação. Querem com isso que seja o “partido do judiciário” o que escolha o sucessor.

Outra ala do mesmo “partido judiciário”, o Conselho Nacional dos Procuradores de Contas indicou um procurador do ministério público que atua no TCU e foi responsável pelo parecer contrário às contas de Dilma Roussef, peça chave no impeachment.

Deputados paranaenses, por sua vez defenderam que o príncipe da República de Curitiba, ninguém menos que Sérgio Moro, notório desrespeitador da Constituição Federal, para que ele assumisse o cargo, em tese de vigiar a mesma Constituição.

Marco Aurélio de Mello, atual ministro do STF defendeu publicamente que Alexandre de Moraes, repressor de movimentos sociais, e que foi responsável por vazar informações da Lava Jato, teria “todos atributos” para o STF.

Temos um feirão, uma disputa das mais distintas frações dos “partidos” do país por um cargo que pode dar poder para incriminar (ou ao menos condenar na opinião pública), pode ajudar a postergar o julgamento de outros, e de quebra trata-se de um cargo vitalício. Quem ganhar a disputa leva alguém para influir nos rumos do país possivelmente por décadas. Influir sobre um ministro do STF, e ainda mais se este for relator da Lava Jato é um botim sem igual na crise política nacional. Todo tipo de rasteira está permitida nos jogos vorazes da elite.

 
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