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MÈXICO
Tempos obscuros: o diário La Jornada publica coluna de opinião do presidente Peña Nieto
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Sergio Moissen
Dirigente do MTS e professor da UNAM
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O diário mexicano La Jornada publicou uma coluna de opinião sobre o “combate à corrupção” do presidente Peña Nieto. Surpreendente um diário que se considera progressista publicar um artigo de opinião do repressor de Atenco.

Apenas um dia depois da repressão à mobilização pelo aparecimento dos 43 estudantes normalistas e em meio à conjuntura eleitoral, La Jornada surpreende, negativamente, os milhares de leitores que o consideravam um meio de comunicação “independente” e de “esquerda ao publicar uma coluna do responsável pela repressão de Atenco, sob cujo mandato desapareceram nossos companheiros de Ayotzinapa. É preciso não esquecer que o governo mexicano impôs censura a Carmen Aristegui por denunciar o caso da ¨Casa Blanca”. Esse é a verdadeira face do regime mexicano e o pretenso combate à corrupção.

O governo mexicano está exposto a grandes casos de corrupção. A “Casa Blanca”1 de Angélica Rivera e o caso da OHL nos últimos dias. Este caso, que envolve um valor de US$ 7 milhões, causou grande comoção popular e foi denunciado pela jornalista Carmen Aristegui. O governo, incomodado, não demorou a pressionar a MVS para demiti-la sem justificativa, ferindo as liberdades democráticas, especialmente o direito de livre expressão. Foi surpreendente a decisão de La Jornada de publicar uma coluna de opinião do presidente Peña, o presidente da repressão, da militarização e do desaparecimento dos 43 estudantes.

O México vive tempos obscuros. Desde a posse, Peña Nieto, presidente do regime político – Partido Revolucionário Institucional (PRI), Partido Ação Nacional (PAN), Partido da Revolução Democrática (PRD) –, lançou uma forte ofensiva contra os trabalhadores e o povo.

Ao lado da privatização da Pemex e a reforma energética, a reforma trabalhista que elimina conquistas históricas dos trabalhadores, a reforma da educação que privatiza o enxino, somou-se o desaparecimento dos 43 estudantes normalistas de Ayotzinapa e os massacres de Iguala, Tlatlaya, Tanhuato e Apatzingan.

Os presídios do país estão cheios de presos políticos, como Nestora Salgado, da CRAC, ou Mario Luna, da tribo yaqui, e repressão e militarização teve uma escalada acelerada.

A surpresa diante de um diário de “centro-esquerda” e de “oposição” publicar uma coluna do presidente Peña Nieto demonstra o avanço da restauração priista. Por que La Jornada não concedeu uma coluna permanente aos familiares dos 43 estudantes desaparecidos até que se faça justiça ao caso? Por que La Jornada restringe-se a um pequeno e seleto grupo de colunistas quando desponta uma nova geração que não tem espaços para dizer o que pensa, e cede ao presidente Peña Nieto para “combater a corrupção”? Com certeza nos dirão que é o exercício da liberdade de expressão. Porém, os que não têm liberdade de expressão são os de baixo, os perseguidos, os reprimidos, os que lutam. Os de cima têm suas redes de televisão e seus jornais subservientes. Os intelectuais críticos que ainda se mantêm no La Jornada não podem permitir semelhante atitude.

Em tempos obscuros nos quais faltam meios de comunicação que nos informem “pela esquerda” e sem manipulação, estamos consolidando La Izquierda Diario México, um diário digital que expressa o ponto de vista dos trabalhadores, das mulheres, da diversidade sexual, dos povos originários a partir de uma perspectiva anticapitalista e socialista. La Izquierda Diario México é parte de uma rede de diários da América Latina que começou na Argentina e se estendeu ao Brasil, Chile e agora tem seu novo portal no México. Convidamos os leitores a consultar diariamente nosso jornal e suas atualizações.


1 Escândalo que envolveu a compra de uma luxuosa mansão (“Casa Blanca”) pela esposa do presidente Peña Nieto, mas que se mantém em nome da empresa Ingeniería Inmobiliaria del Centro, do Grupo Higa, do empresário Juan Armando Hinojosa Cantú, ganhadora de várias obras no Estado do México quando o presidente era governador. No atual governo Peña Nieto, o Grupo Higa e outros consórcios ganharam a licitação do ferrovia México-Querétaro, revogada em novembro depois da denúncia do escândalo “Casa Blanca”.

 
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