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NÃO AO FIM DA DEMARCAÇÃO DAS TERRAS
Grupo de Cultura Indígena de Campinas se mobiliza contra os ataques do Governo Temer
Grazieli Rodrigues
Professora da rede municipal de São Paulo
Thais Silva

O Grupo de Cultura Indígena de Campinas realizou na terça-feira (20) uma ação performática em dois pontos da cidade, num dia de mobilização nacional contra mais um ataque do governo ilegítimo de Temer que prevê o fim da demarcação das terras indígenas por meio da edição do Decreto em vigor nº 1.775/96.

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Ação performática realizada ao final do ato em Campinas. Foto: Grazieli Rodrigues.

Chamado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, 20 de Dezembro foi um dia nacional de mobilização contra o fim da demarcação das terras indígenas. Mais um projeto do Governo ilegítimo de Michel Temer que desde que assumiu vem promovendo uma série de ataques aos direitos das minorias oprimidas enquanto atende aos interesses de uma casta, nesse caso da bancada ruralista genocida e dos empresários do agronegócio.

O ato aconteceu simultaneamente em São Paulo, em frente ao MASP, com a presença de indígenas de diversas etnias como os Guarani Mbya, Tupinambá, Potiguara, Pankará, entre outros, que se mobilizaram com faixas nas travessias de pedestres da avenida Paulista.

Imagem/ Reprodução facebook - Indígenas em Contexto Urbano - Programa "Índios na Cidade"

Em Campinas, o GT de Cultura Indígena, desdobramento do projeto “Índios na cidade” da ONG Opção Brasil, realizou uma manifestação performática em dois lugares. Primeiro no largo da Catedral Metropolitana de Campinas, seguindo em ato com apitos até a praça do “Sucão”, ponto de encontro da juventude na cidade, onde repetiram a ação.

O ato composto por alguns integrantes indígenas, artistas, estudantes e ativistas realizaram a queima da soja, simbolicamente representando os ruralistas e depois, deitados sob a bandeira do país os participantes levantaram mandiocas, símbolo dos povos indígenas, enquanto Hortência, indígena Guarani se posicionou tradicionalmente trajada ao centro dos presentes, representando seu povo.

O grupo GT - Cultura Indígena de Campinas, teve início diante da falta que alguns professores sentiram de materiais e conhecimentos que ajudassem a trabalhar com a temática indígena nas escolas de maneira apropriada e sem estereótipos, principalmente depois da Lei 11.646/08 que torna obrigatório a inserção de cultura afrobrasileira e indígenas na escola. Vale lembrar aqui que, infelizmente, essa obrigatoriedade deixa de existir no novo currículo do Ensino Médio com as mudanças impostas pela Reforma do Governo Temer.

Pouco tempo depois, tiveram contato com um representante da ONG Opção Brasil e a partir daí o grupo passa a apoiar ainda mais atos, debates e movimentos em prol dos povos indígenas, entrando em contato com as condições em que estão inseridos, pensando sempre em criar meios de divulgar a cultura indígena. O grupo é aberto para interessados na causa que usam uma página no facebook para trocar conhecimentos sobre a luta indígena, mas principalmente para criar e participar de mobilizações e debates em prol dos povos.

Uma das integrantes e protagonistas indígenas que esteve presente é Nikita (nome em guarani), também chamada Hortência (nome em português). Consciente da violação dos seus direitos, do seu povo e de seus parentes indígenas, ela participa ativamente dos encontros e se prontificou frente a mobilização, como podemos ver em sua fala no vídeo abaixo.

O decreto nº 1.775/96 assegura aos povos indígenas procedimentos administrativos em relação a demarcação de suas terras. A luta pela demarcação mesmo diante da conquista deste decreto tem sido dura ao longo dos anos para os povos tradicionais e através dessa artimanha do governo ilegítimo de Temer que pretende modificar o decreto, alterando as demarcações já conquistadas na medida em que muda essa condição para um “estado provisório” e abre mais uma brecha para beneficiar a bancada ruralista, quem mais tem interesse e lucra com a não-demarcação

A luta pelos direitos dos indígenas não passam por fora de uma luta contra o escandaloso genocídio desses povos que já dura mais de 500 anos. Genocídio do qual a grande mídia tem responsabilidade na medida em que o legitima, enquanto não mostra e nem denuncia a violência e o retrocesso impostos a esses povos, cumprindo o papel de reforçar a imagem de um índio exotificado, celebrado hipocritamente todo 19 de Abril.

No Brasil, atualmente existem mais de 300 povos falantes de 200 línguas diferentes além do português, são povos espalhados pelo país, em diferentes situações de subsistência, memória e resistência. Na região de Campinas com dados não oficiais, contamos com cerca de 5 mil indígenas em contexto urbano, desamparados muitas vezes pelas leis que deveriam protegê-los, o indígena invisibilizado “(...) perde a voz, perde o foco, perde a imagem, desaparece afogado no mar da burocracia, afogado no mar das palavras, vai sumindo aos poucos. É como um grito no silêncio da noite, ninguém sabe de onde veio, ninguém sabe onde encontrar”. Almires Martins (guarani) - vídeo Ymá Nhandehetama.

 
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