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MINAS GERAIS | Zema esconde mortes e zomba do povo: ‘Subnotificação existe, mas não me causa preocupação’

sexta-feira 24 de abril de 2020 | Edição do dia

O baixo nível de testagem aliado com a orientação estatal de que apenas pessoas com sintomas mais graves da doença sejam testadas torna irracional os números informados. Já que, parte grande dos infectados são assintomáticos. Segundo o Estado de Minas, até esta quarta-feira (22), 77.744 pessoas apresentaram sintomas, mas ainda não sabiam se contraíram ou não o novo coronavírus.

De acordo com as autoridades sanitárias, testar em massa a população é um dos métodos mais eficazes para controlar a pandemia, já que facilitaria o isolamento dos infectados. O motor da pandemia é justamente as pessoas contaminadas que não apresentam sintomas. No entanto, o governador coloca como sendo impossível ter milhões de testes disponível a população pela indisponibilidade de recursos, quando na verdade é sim muito possível através da taxação das grandes fortunas ou o retorno das isenções de impostos cedidos por Zema a mega corporações.

Somente a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e de outros impostos que o governo Romeu Zema concedeu às grandes empresas no ano de 2019, chegou a 6,2 bilhões de reais. O que pode custear milhares de testes atendendo à demanda da população e do SUS.

A falta de certeza dos dados é tão grande que o Informe Epidemiológico Coronavírus divulgado diariamente pela secretaria de estado de saúde deixou de apresentar os casos suspeitos. Até o momento foram 1.308 casos confirmados. Oitenta e cinco (85) óbitos em investigação, e cinquenta e um (51) óbitos foram confirmados de acordo com o último informe.

O número de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em Minas Gerais subiu 265% entre janeiro e a metade de abril, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo matéria do G1, os casos de hospitalizações por causa da síndrome aumentaram ainda mais, o equivalente a 388% no mesmo período. Foram registrados em Minas Gerais 439 óbitos por SRAG. Em 2019, foram 120 mortes no mesmo período. A Secretaria de Estado de Saúde não descartou a possibilidade de este aumento do número de mortes e internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) estar ligado ao contágio por coronavírus.

Segundo o governador em entrevista para o Portal O Tempo, “Minas tem utilizado cerca de 3% dos leitos para enfrentamento do coronavírus, e situação em Betim é melhor ainda.” A falta de testes e a subnotificação diminui o número oficial, porém a realidade demonstra que Belo Horizonte se encontra com 96% dos leitos de UTI ocupados. Realidade essa que, rapidamente pode se espalhar pro interior do estado que conta com estrutura inferior à da capital e atualmente 52% dos leitos ocupados.

Nesta fala, ele também se alia ao prefeito mais rico do país, Vittorio Medioli do PSD (Betim), que decide flexibilizar normas para reabertura do comércio essa semana.

"Somos o quarto menor (Estado) com menor incidência de óbito (pela Covid-19). Estamos bem porque tomamos as medidas de forma antecipada. (...) Esse tipo de colchão de segurança nos permite fazer alguma coisa de reativação responsável e segura da atividade econômica. Estamos colocando a segurança em primeiro lugar", garantiu Zema.

Enquanto isso, hoje, o Brasil registra mais 407 mortes e supera a Turquia rumo ao top 10 países com mais mortos do novo coronavírus. Sendo também um dos países que menos testa proporcionalmente ao número de mortos. Esse “colchão de segurança” inventado pelo governador não existe, os cálculos da flexibilização da quarentena são em base a um número de mortos por não ter atendimento ou respiradouros. Nas projeções sem o isolamento social especialistas afirmam iminente colapso do sistema de saúde.

Fala, também em segurança em primeiro lugar, no entanto convoca trabalhadoras da educação, que estão sem salário, para o retorno gradual ao trabalho. Irracionalmente essa medida levará milhares de pessoas a um movimento diário que acarretará num provável contágio mais rápido.

"Essa subnotificação existe, mas não me causa preocupação, porque ocorre em todos os locais. O que interessa é a tendência, não o número absoluto. Em Minas os números estão estáveis. Não posso estar 100% correto, mas, como todo dia, a balança marca a mesma diferença. Posso dizer que estamos sob controle e que essa subnotificação acaba sendo anulada. Com certeza iremos notificar alguém que morreu há dez dias. Muitas vezes se demora a fazer as análises, e muitas prefeituras demoram para enviar os dados.", afirmou o governador de Minas.

A “estabilidade” é baseada nas mortes sem testes, nos profissionais da saúde na linha de frente sem os equipamentos necessários devido anos de precarização, sem o básico que são EPI’s, sem licença remunerada para os trabalhadores que são parte do grupo de risco. A demagogia de Zema custa a vida de trabalhadores, demonstrando subserviência a política de Bolsonaro, segue as vontades dos empresários e com medidas pró patronais de flexibilização do isolamento. Eles se lixam para a vida da população colocando o lucro em primeiro lugar.




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