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UFMG | "Você tem que se virar" é a resposta da FUMP para os estudantes

Os relatos sobre a assistência estudantil da FUMP continuam chegando. Enquanto a FUMP segue enviando e-mails mentirosos para dividir os estudantes, recebemos esse relato de uma estudante de Ciências Biológicas, que preferiu publicá-lo anonimamente.

terça-feira 6 de setembro de 2016 | Edição do dia
  •  "Mas você não pode contar com o dinheiro da Bolsa Moradia pro seu aluguel."
  •  "Não?"
  •  "Não, você tem que se virar."

    Ouvi essa frase de três assistentes sociais diferentes dentro da FUMP em momentos diversos. Tem dois anos e meio que cheguei de Brasília em BH pra cursar Ciências Biológicas. Não houve um mês que não tivesse ficado apreensiva sem saber se a bolsa caía na data certa ou não. Uma das cláusulas do contrato com a FUMP diz que sua carteira de trabalho não pode ser assinada. Mas você tem que se virar. Não teve bolsa de junho, nem julho. "Houveram muitos cortes". Minha mãe trabalha 8h por dia em uma empresa e à noite faz modelos de biscuit pra pagar meu aluguel. "Mas você é privilegiada, sua mãe tem um carro. Tá aqui no seu estudo."

    O último episódio, havia marcado acompanhamento pra renovar a bolsa moradia cerca de 3 meses antes. Veio as Olimpíadas, entrada dos calouros, um dia antes desmarcaram. Agenda nova, invés de julho/2016, atendimento em novembro/2016. "Mas vem aqui que a gente te encaixa num horário e resolve". 3h esperando, o assistente social aparece "não tenho como te atender, a demanda de calouros está grande, vai no Plantão".

    Só que o Plantão encerra meio dia, horário que saio do estágio. Tentei várias vezes chegar a tempo, não consegui. Meu aluguel vence no quinto dia útil do mês, não teve bolsa de agosto.

    Um assistente social me contou que você só tem chance de conseguir vaga na moradia até o terceiro período do curso, depois disso, nada feito. Não tem transparência pra todos. Não tem vaga PRA DORMIR pra todos. Não tem repasse de dinheiro pra todos. Não tem acompanhamento pra todos. Não tem bandejão pra todos.

    Assistência estudantil pra quem? Todo atendimento o assistente social abre meu histórico e questiona meu rendimento acadêmico. Somos submetidos à estágios administrativos pra complementar a renda, que na maioria das vezes NÃO TEM NADA A VER com nossos cursos de origem e seguem um regimento militar. Fazemos trabalho de técnico administrativo por 550 reais, sofrendo a mesma pressão que um assalariado concursado.

    Minha chefe ao saber do meu quadro de depressão, sugeriu que me entupisse "bem rápido" de remédio tarja preta pra dar conta, afinal, outros estagiários em situações parecidas precisavam tanto do dinheiro que deram um jeito. A psicóloga que me acompanha na FUMP sabe, o meu assistente social sabe. Eles acham coerente e normal! "Você tem sorte de ter um estágio".

    Viver sob ameaça de demissão, atraso de bolsa, quadro de depressão É DA CONTA DA FUMP SIM! Assistência estudantil não é caridade. Eu não tenho que me virar! Ter onde morar, o que comer, vestir e dormir é o MÍNIMO, é DIREITO! A FUMP não é uma ONG caridosa que ajuda estudantes pobres. A FUMP é uma instituição que administra o repasse de dinheiro... do NOSSO dinheiro, do governo. Enquanto assistência estudantil for privilégio, ocupar, resistir, lutar, será sempre um direito!

    Este texto é parte da cobertura da luta contra o aumento do preço do bandejão da UFMG para R$5,60 e por uma assistência estudantil de qualidade. Envie também suas denúncias, textos, crônicas, etc. para o Esquerda Diário.

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