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TRANSFOBIA DE ESTADO | Verônica afirma em depoimento que aceitou negar agressão em áudio, em troca de redução da pena

Na tarde de sexta-feira (17), em depoimento dado a promotores do Grupo Especial de Atividade Policial (GECEP) do Ministério Público, Verônica Bolina disse que em troca da redução da pena aceitou gravar áudios onde negava ter sido vítima de tortura e agressões policiais dentro do 2º Distrito Policial, no Centro de São Paulo.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

sábado 18 de abril de 2015 | 23:37

Verônica foi presa após uma confusão em seu prédio, desde o último dia 10, acusada de agredir uma vizinha. No domingo (12), durante a transferência de cela houve uma briga entre Verônica e o carcereiro, onde a travesti ficou completamente desfigurada. Até a tarde desse sábado (18), ela estava num Centro de detenção Provisória. O caso e o vazamento das imagens de Verônica publicadas em sites policiais está sendo investigado pela Secretaria da Segurança Pública (SSP). Uma injustificável violência e brutalidade policial, usando como desculpa a cor e a identidade de gênero dela.
Heloísa Alves, coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, órgão vinculado à Secretaria de Justiça e da Defesa de cidadania do governo estadual, teria feito a proposta e as gravações onde Verônica negava a agressão policial em troca da redução de sua pena.Durante visita na delegacia a coordenadora teria feito as gravações.
Verônica afirma em um dos áudios "Eles reagiram dentro de suas leis” e que era direito deles agirem “para contê-la”. Realmente eles reagiram dentro de suas leis, leis que são criadas para criminalizar ou matar qualquer um que não se enquadre nos padrões aceitos, leis racistas, machistas e LGBTfóbias. A polícia agiu como aparato repressor do Estado para conter uma mulher que socialmente não é aceita dentro desse sistema.
Após pedido da Defensoria Pública, o GECEP instaurou na quinta-feira (16), um procedimento de investigação para apurar as denúncias de tortura e maus-tratos contra a travesti.
Segundo a versão da Secretaria de Segurança Pública (SSP) ela apanhou dos presos ao se masturbar na frente deles e que em seguida o carcereiro foi tentar ajudá-la, mas foi mordido por ela, que lhe arrancou parte da orelha. A polícia afirma que os policiais do 2º DP negaram qualquer agressão a Verônica.
Versão contestada pela mãe de Verônica. Segundo ela, a filha relatou que policiais militares e civis a agrediram durante a confusão ocorrida na cadeia e no hospital para onde foi levada ferida.
O caso de violência e violação dos direitos humanos de Verônica, mulher transexual e negra, evidencia a dura realidade contra as mulheres no país, com um dos mais altos índices de feminicídio e com as mulheres trans e travestis seguindo sem qualquer tipo de "cidadania" e direitos humanos. Onde o Estado não reconhece suas identidades e muito menos que as agressões, mutilações e assassinatos são violência de gênero.




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