×

Coronavírus | Venezuela: o papel criminoso das sanções imperialistas em meio ao Coronavírus

A catástrofe da pandemia do coronavírus chega na Venezuela, enquanto isso o imperialismo ianque continua com as sanções sobre o país, medidas que são aplaudidas por Guaidó. Se antes era necessário lutar ferrenhamente contra estas ações, hoje é mais urgente que nunca. A oposição a estas não significa apoiar o Governo de Maduro.

terça-feira 24 de março de 2020 | Edição do dia

No marco da pandemia do coronavírus que chega à Venezuela e em uma catástrofe econômica e social sem precedentes, incluindo o sistema de saúde, aos EUA não passa pela cabeça nem por erro levantar as sanções que impôs ao país e que pioram a situação, muito pelo contrário. Juan Guaidó, por sua vez, que fala de “ajuda humanitária” e de medidas frente à crise, não fez a mínima alusão às mesmas, demonstrando que não realmente lhe importam as condições do povo.

O Governo de Maduro, para se blindar da sua responsabilidade pela grave crise econômica e social que veio se arrastando durante vários anos, centrava o problema no começo em uma suposta guerra econômica e depois nas sanções, mas estas começaram a ser aplicadas somente por volta de agosto de 2017, com o impedimento por parte dos EUA ao refinanciamento ou reestruturação da dívida externa ou recorrer ao crédito internacional.

Com isso Maduro vem evadindo que tem sido produto das suas políticas, logo após a queda dos preços do petróleo em 2014 que encerrou o boom das matérias primas o país foi sendo levado a um desastre. Basta mencionar que quando todos sabiam que os recursos eram poucos, o governo decidiu pagar a dívida externa com bilhões e bilhões de dólares sendo destinados aos credores internacionais sem importar que fazer sangrar o país levaria o povo para a pior das calamidades. E isso não lhe bastou, com seus pacotões econômicos, por meio das quais lançou medidas que beneficiam os grandes empresários e transnacionais enquanto aos trabalhadores vem sendo impostos salários de fome e eliminando importantes conquistas trabalhistas e direitos sindicais.

Mas toda essa situação não deve fazer passar desapercebida a criminosa política imperialista sobre o país, agravando as penúrias que já vivemos, com o conjunto das sanções que foram impostas. Com a catástrofe já imperante, como se nao fosse pouco, o imperialismo ianque seguiu com as sanções, sobretudo na área do petróleo e chegando ao extremo de confiscar importantes ativos da nação, como no caso de CITGO, assim como de contas líquidas ou encargos obrigatórios da dívida com apropriação de ouro, propriedade da Venezuela, como fizeram também Inglaterra e Alemanha.

Tratou-se de um evidente exercício de prepotência e agressão imperialista para conseguir seus próprios fins políticos. O que a política exterior dos EUA gosta de chamar de uma política de “máxima pressão” foi desenhada para infligir os maiores níveis de dano, fome, pobreza e escassez em nome da “democracia” e da “liberdade”. Ao seguir as mesmas em meio à pandemia do Coronavírus são realmente mais que criminosas.

Guaidó declarou hipocritamente nesta segunda-feira que “Somente protegendo os setores vulneráveis, prevenindo, atendendo aqueles que vem do dia a dia e adiando os impostos (ISLR), podemos suportar a quarentena”. Mas enquanto afirma isso continua apoiando a aplaudindo o imperialismo com suas sanções. Venezuela não pode utilizar sua importante empresa, como a CITGO, nem de seus lucros para utilizá-los na pandemia se assim o desejasse, assim como importar diversos insumos para a indústria petroleira, porque os Estados Unidos impediu.

Em teoria, a junta que administra esta empresa é designada por Guaidó, ainda que todo mundo saiba da falsidade, estando sob completo controle do Departamento de Tesouro. Mas este servo do imperialismo não fez menção sobre a mesma sabendo dos minguados recursos do país para enfrentar a crise. Nas cinco medidas econômicas “urgentes para proteger os venezuelanos” durante a crise do coronavírus a qual se referiu Guaidó e a Assembleia Nacional, em nenhum lugar aparece o levantar das sanções econômicas que estrangulam a economia do país. Todas estas sanções não recaem sobre Maduro, nem sobre a burocracia civil-militar, caem sobre o povo.

Está é a miserável política de Guaidó: ainda nesta emergência, apoia o confisco de bens e retenção de recursos nacionais, bloqueio financeiro e bloqueio comercial parcial, enquanto promete “ajuda humanitária” dos mesmos que asfixiam a economia do país.

Além disso, inclusive países alinhados com os Estados Unidos e com as sanções que este impõe à Venezuela, ainda sabendo da extrema vulnerabilidade na qual se encontra o país, tampouco tem feito o mínimo gesto para que estas cessem. Existe um silêncio completo ainda quando a partir da Cepal se chamou o fim das sanções, mostrando o cinismo completo destes governos frente a uma situação de aumento em gravidade na qual se encontra a população venezuelana dizimada.

A oposição às políticas do imperialismo não implicam de modo algum apoiar o Governo de Maduro. Frente à política de Maduro somente os trabalhadores e o povo são os chamados a acertar as contas com o mesmo, e não qualquer potência imperialista ou oposição direitista que se arrasta atrás dela.

Se antes desta emergência, estas ações imperialistas eram repudiáveis, hoje o são em grau extrema, em meio ao atual surto e crise humanitária de grande magnitude que se está gerando se torna urgente lutar pelo fim delas. Devemos exigir com mais força que nunca que cessem estas medidas e repudiar com tudo aos políticos que, como Guaidó, as aplaudem.

Em uma declaração publicada recentemente pela Liga de Trabalhadores pelo Socialismo (LTS) (NdT: Organização irmã do MRT na Venezuela) é feita a denúncia clara de toda a situação imperante no país e da situação colapsada do sistema de saúde, assim como as denúncias ao governo e a hipocrisia da oposição direitista. Mas também levantamos todo um plano de emergência o qual propomos exigir medidas de emergência para garantir um fortalecimento rápido do sistema público de saúde e colocá-lo à altura das necessidades, reestruturação da indústria para atender todas as necessidades econômicas e sociais das maiorias do país.

São medidas de um programa próprio dos trabalhadores e do povo pobre para dar uma resposta à pandemia, defender o direito à saúde e à vida, e se posicionar como um sujeito ativo e ator chave na situação, para evitar que isso signifique um aprofundamento da catástrofe social e sanitária da qual já viemos padecendo.

Texto publicado originalmente em espanhol no La Izquierda Diario Venezuela, integrante da Rede Internacional de Diários La Izquierda Diario




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias