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CRISE NAS MONTADORAS | Venda de caminhões cai 50% em relação a 2014, pior resultado mensal em 20 anos

sábado 21 de março de 2015 | Edição do dia

Dados divulgados pela ANFAVEA (Associação Nacional dos fabricantes de veículos automotores) apontam para uma redução nas vendas de veículos no mês de fevereiro deste ano.

Em comparação ao mesmo mês do ano passado a queda é de 28% na venda de veículos novos, carros, comerciais leves, caminhões e ônibus totalizando 185.961 unidades. Pior resultado desde novembro de 2008, ano do início da crise econômica. No segmento de caminhões foram comercializadas 5.171 unidades em fevereiro, 32% a menos que janeiro deste ano e 50% menos que fevereiro de 2014. E no bimestre foram emplacadas 12.848 unidades, 39% a menos que igual período do ano passado. Pior volume vendido desde 2005.

Tal cenário já vem tendo consequências na vida dos trabalhadores da região do grande ABC, principal polo da indústria automotiva no país. Enquanto o governo de um lado, toma medidas anti-operárias para combater a crise econômica, de outro as patronais das principais indústrias da região aplicam Lay-off’s e PDV’s para “adequarem” a produção e, nas fábricas menores demissões diretamente.

No momento a Mercedes-Benz de São Bernardo Campo conta com 750 trabalhadores em Lay-off desde o ano passado. Na FORD em São Bernardo 420 operários foram afastados por tempo indeterminado neste mês de fevereiro numa espécie de banco de horas negativo e na GM de São Caetano 950 operários estão em Lay-off no momento. No caso da Volkswagen de São Bernardo do Campo 600 operários entraram no que é conhecido como programa de demissão voluntaria, o PDV, onde a empresa induz os trabalhadores a aderirem.

Neste contexto de incerteza quanto ao futuro desses operários afastados, o sindicato ao invés de lutar pela garantia desses postos de trabalho, organizando planos de lutas e preparando os trabalhadores para se defenderem, prefere negociar com as patronais levantando a bandeira do PDV e Lay-off como vitórias da categoria. Como é o caso do manifesto intitulado "Manifesto da Coalizão capital-trabalho para competitividade e desenvolvimento" que está sendo impulsionado pelas principais entidades sindicais(CUT, CTB, FORÇA SINDICAL, UGT) juntamente com as entidades industriais(patronais) no qual defende propostas que incentivem as empresas como redução de carga tributaria e impostos. Ao invés de defenderem a taxação de grandes fortunas, taxação dos lucros empresariais, abertura dos livros de contabilidade para garantir os interesses dos trabalhadores, preferem dar as mãos aos empresários com a desculpa que se deve juntar forças para "salvar a indústria brasileira". Ou seja confiam na patronal mas não confiam em nós trabalhadores.

À situação negativa da indústria se soma o aumento do custo de vida do trabalhador que acompanha a subida dos preços dos alimentos, da gasolina, energia elétrica, aumento dos juros e inflação, ao mesmo tempo em que assiste ao governo arrancando seus direitos para arcar com a crise dos capitalistas. O desafio é grande e precisamos nos apoiar nos exemplos de organização e luta dos trabalhadores como os operários da Volkswagen de São Bernardo que cruzaram os braços por 11 dias até que a empresa recuasse na demissão de 800 trabalhadores. Também devemos aprender com os professores do estado do Paraná que protagonizaram uma importante greve com ocupação da Assembleia legislativa. Os trabalhadores devem se organizar por local de trabalho, por bairros, locais de estudos. Devem retomar seus sindicatos, as comissões de fábricas para que sejam verdadeiras ferramentes de organização e luta de nossa classe.




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