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MARIANA - CRIME DA VALE | Vale e governo de Minas ocultam relatório que aponta alto risco de vida na região de Mariana

Distritos afetados pelo crime da Vale em Mariana (MG) é classificado como altíssimo risco à vida da população e Estado, a mineradora e órgãos não-governamentais voltados para ajudar a população seguem omissos.

terça-feira 5 de novembro de 2019 | Edição do dia

Esta semana veio a público uma informação alarmante sobre as condições de 8 distritos pertencentes à cidade de Mariana e 4 distritos de Barra Longa, locais afetados por um dos maiores crimes ambientais da história do país cometidos pela vale: o rompimento da barragem de Mariana.

Em 2015, a região sofreu com o rompimento de uma barragem de dejeitos de mineração da empresa Samarco - e, consequentemente, de suas controladoras, a hoje privatizada Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton que detêm, cada uma, 50% da Samarco Mineração S.A.

Esta "lama tóxica" foi responsável pela morte de dezenas, direta e indiretamente, visto os profundos resultados deste crime que se prolongaram para além do momento imediato, e consequências ambientais irreversíveis, como a morte do Rio Doce.

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Relatórios apontam que a contaminação por metais pesados do solo e do ar da região foram concluídos há quase oito meses e, desde então, sequer a população foi alertada sobre os riscos a que está exposta, tanto pelo governo de Minas Gerais quanto pela Fundação Renova, ONG criada para, segundo eles próprios, “conduzir a reparação e compensação dos danos causados pelo desastre”.

Um crime monstruoso contra essas pessoas que tiveram suas vidas devastadas pela sede dos capitalistas de acumular cada vez mais em detrimento da vida de milhares, e que hoje sofrem para conseguir reparações mínimas e irrisórias frente aos gigantescos lucros da mineradora.

Segundo relatório, as regiões descritas foram categorizas como “local de perigo categoria A: perigo urgente para a saúde pública” e, ainda que não tenham sido avisados sobre os perigos a que estão expostos, muitos moradores da região já sofrem com doenças de pele e respiratórias causadas pelos componentes tóxicos encontrados na lama que devastou as cidades.

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Por outro lado, a Fundação Renova, ONG encabeçada por representantes das mineradoras e que aparenta ter um real interesse em acolher, indenizar e reparar quaisquer danos causados pelo crime, proposito pelo qual ela foi criada.

Moradores da região já chegaram a ocupar escritórios dessa representante da Samarco reivindicando o pagamento das indenizações e que outras ações corretivas fossem tomadas.

Nesses quatro anos de luta dos atingidos pela lama, a Vale coleciona decisões favoráveis obtidas pelo judiciário - que se coloca sempre como bastião da defesa dos grandes capitalistas e esmaga cada vez mais os pobres e trabalhadores desse país -, como o perdão de dívidas bilionárias que deveriam estar sendo pagas tanto para indenizar essas pessoas quanto para reparar toda a região afetada.

O que está escancarado é o desespero de uma população que grita por justiça, enquanto a mineradora obtém novas licenças para explorar a região. Esta é uma das faces mais cruéis do capitalismo: um sistema irracional e predatório que pouco se importa com as vidas que são perdidas se as margens de lucro continuarem mantidas.

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Assim como as grandes crises estruturais desse sistema que se deteriora cada dia mais são sempre jogadas em cima das costas dos trabalhadores e da população mais pobre, as consequências desses crimes cometidos pelos capitalistas também são sempre jogadas para os trabalhadores e para a população mais vulnerável.

São os trabalhadores que pagaram com a vida e suas famílias e a população atingida pela lama que vem tendo que arcar com todos os prejuízos gerados pela sede de lucro dos grandes empresários que jamais fizeram qualquer tipo de plano para evitar que tragédias como a de Mariana acontecesse.

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Nesses quatro anos desde o crime de Mariana, outros ainda piores aconteceram e envolveram os mesmos agentes do primeiro: em janeiro deste ano mais de 200 pessoas morreram e outras centenas estão desaparecidas até hoje devido ao rompimento de uma barragem em Brumadinho.

É um descaso total com uma população que já sofre na pele o corte brutal de direitos que vem tendo que enfrentar diariamente enquanto os grandes capitalistas recebem afagos e privilégios do governo, do judiciário e do Congresso.

A vida de qualquer trabalhador ou morador atingido pela lama vale mais que o lucro desses grandes parasitas que sugam tudo que podem em busca de seus gigantescos lucros!




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