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POLÍCIA NA UNIVERSIDADE | Unicamp: Volta o debate sobre PM no campus

Na semana passada o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo soltou declarações sobre o projeto de policiamento japonês a ser implementado na USP, Unesp e Unicamp e reabriu o debate sobre a presença da PM nos campi.

Muito diferente do que o secretário diz em entrevista, não há nenhum consenso sobre a entrada e permanência da polícia no campus, bem como da caracterização dessa instituição, por isso é preciso apontar os dois lados buscando responder algumas perguntas.

sexta-feira 31 de julho de 2015 | 00:57

Polícia significa segurança?

A proposta de que a polícia entre nas Universidades, ou que se aprofunde sua ação, sempre aparece depois de casos de violência, como foi o caso do assassinato de Denis aqui na Unicamp em 2013 ou agora, depois de um caso de estupro na USP. A resposta das reitorias e governos para a violência é sempre a mesma: mais polícia; quando a experiência cotidiana de um país com a polícia mais truculenta e assassina do mundo e com a segunda maior população carcerária do planeta mostra que repressão e violência não resolvem, mas aprofundam o problema. Na USP por exemplo, que tem um convênio com a PM desde 2011 os números de assaltos e roubos só aumentaram, foram 5% a mais desde o começo do convênio.

As universidades estão sujeitas a violência bem como qualquer outro espaço na sociedade, mas tem um diferencial. Por serem espaços muitas vezes afastados das cidades como é o caso da Unicamp, onde a população não circula ou mesmo quase não tem acesso, se torna alheio a ela e assim ainda mais violento. Ao defender um projeto de universidade restrito que elimina a juventude precária do direito a educação através do vestibular, que cerceia seus espaços e bibliotecas “públicas” com catracas, que não disponibiliza seus espaços como teatro, complexos esportivos para uso recreativo da comunidade, que volta sua produção acadêmica muito mais para a iniciativa privada do que para solução de problemas dos trabalhadores e dos jovens carentes de recursos, os governos e reitorias isolam a universidade e a tornam um incomodo inútil que gera revolta na população. A universidade se torna ais violenta por seu isolamento.

Ao afastar ainda mais a comunidade “de fora” como é o objetivo da polícia que acha que o problema está no jovem negro da periferia que vem andar de skate, interagir nas festas, estudar nas bibliotecas etc a polícia torna o campus ainda mais odiado, bem como ela mesma e seu papel de reprimir, humilhar e matar a juventude pobre.
A polícia é uma forma de a reitoria isolar ainda mais a universidade, por isso barrar sua entrada na Unicamp é parte da luta por abrir completamente suas portas para a população não somente nos postos de trabalho precários ou nos serviços rotativos para a juventude como acontece hoje, mas para que possam usufruir livremente de todos os recursos aqui presentes que são financiados pelos trabalhadores através dos impostos.

Não há diálogo com a Secretaria de Segurança Pública, com o Alkmin ou com a PM

O Diretório Central dos Estudantes da Unicamp (DCE), dirigido pela UJS, que é a juventude do PCdoB, base aliada do governo Dilma que não poupou truculência policial para conter as manifestações contra a copa ou as greves ferozes dos operários do PAC, disse em entrevista que vê com desconfiança a proposta do estado, mas está disposta a dialogar e participar das discussões sobre a implementação do projeto. Alkmin e a PM de São Paulo por outro lado já demonstraram infinitas vezes que diálogo não faz parte de seu método e que lutas de trabalhadores e estudantes, como foram as últimas greves de professores, ocupações de reitoria nas estaduais, ocupações populares ou mesmo junho de 2013, são tratadas à base de bomba e bola.

O movimento estudantil da Unicamp já deu sua resposta à tentativa da reitoria de colocar polícia no campus em 2013 e foi um categórico não à universidade restrita e isolada pela polícia e uma luta contínua pela vivência nos espaços e por uma universidade a serviço dos trabalhadores. Ao DCE cabe organizar assembleias e debates já para preparar a luta e não sentar com a reitoria ou com a Secretaria de Segurança Pública para negociar, pois são os estudantes que decidem.

Calar a juventude para passar os ataques

O avanço repressivo à juventude que tem como principal fato político a proposta de redução da maioridade penal e o projeto de Serra, também defendido por Dilma, de aumento das penas para menores de dezoito anos, se combinam a ações mais localizadas como o avanço da polícia nas Estaduais paulistas. São parte da preparação do Estado para um momento de instabilidade política que se aprofunda, onde os governos precisam manter o controle da juventude precária das periferias e também dos estudantes que são linha de frente na luta por educação publica e gratuita para todos. Continuar passando os cortes que atingem em cheio a educação vai ser uma tarefa difícil e terá que ser contida a força pela repressão policial e o encarceramento. Por isso para nós jovens lutar contra esse avanço também é parte de derrotar os ataques e avançar na disputa da universidade.




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