Trabalhador da saúde do hospital Mário Gatti em Campinas denunciou a precariedade das condições de trabalho e de atendimento durante a pandemia.
segunda-feira 31 de maio de 2021 | Edição do dia
Um trabalhador da saúde do hospital público Mário Gatti realizou uma denúncia sobre as condições precárias nas quais está ocorrendo o atendimento em seu local de trabalho. Segundo ele, o hospital está lotado, e há salas onde se amontoam mais leitos do que a capacidade para qual a sala foi projetada. Uma delas possui 20 leitos, sendo que sua capacidade máxima é de 12.
No que ele chamou de “quarto vermelho” é possível encontrar pacientes com suspeita de Covid no mesmo ambiente que pacientes que chegaram lá por outras razões, o que aumenta o nível de insalubridade, tanto para os pacientes quanto para os trabalhadores da saúde, que acabam tendo que se expor a este ambiente. A sala em questão era originalmente utilizada para manter pacientes que esperavam por uma cirurgia ou aguardavam ser encaminhados para algum setor especializado do hospital.
O trabalhador, que não quis se identificar, também relata que a situação é de tamanha superlotação que eles enfrentam dificuldades até mesmo para colocar um novo paciente no local, pois não há espaço para manobrar as macas que chegam de ambulância.
“No meio de pacientes graves, pacientes que estão com risco iminente de morte. Alguns até com suspeita de covid tão misturados lá no meio. Não tem um distanciamento. A gente está pedindo, pelo amor de Deus, para que liberem vagas para esses pacientes. A gente está trabalhando em uma situação precária, é desumano para o paciente"
A situação do hospital Mário Gatti se mostra muito grave, mas não é a única no país, que já chega a 450 mil mortes por covid em meio à gestão desastrosa de Jair Bolsonaro que, sem um plano de vacinação eficaz ou qualquer política que tenha como foco o fortalecimento da saúde pública, contribui para a situação caótica em que se encontram os hospitais.
O diretor técnico do Mário Gatti, Carlos Arca, confirmou a situação de superlotação do hospital, e disse que mesmo quando é possível liberar um paciente a situação não melhora, pois outro chega logo em seguida e o ambiente continua lotado.
Os leitos de UTI no município de Campinas se encontram em estado crítico. Segundo o boletim diário do dia 27/05/2021, os leitos públicos, tanto municipais quanto estaduais, têm uma taxa de ocupação de 98%, ao passo que os leitos particulares estão 82% ocupados.
O prefeito da cidade, Dário Saadi, tenta se apresentar como um bom gestor da crise ao público, com medidas restritivas racionais, mas responsabiliza a população pelo aumento dos contágios, dizendo que o vírus se espalha nas festas clandestinas e por causa da irresponsabilidade do povo.
Dário propositalmente se esquece de mencionar os transportes lotados que os trabalhadores têm que enfrentar todos os dias para chegar ao trabalho, como se o vírus não fosse transmitido nos ônibus. Além disso, não houve políticas efetivas quanto a isso, como aumento da frota ou redução nos preços de passagem.
Também, no campo da saúde, ao alugar os leitos privados pela rede pública sem garantir que estes sejam estatizados e colocados de fato sob controle dos trabalhadores da saúde, apenas injeta recursos na iniciativa privada, reforçando o papel de seu partido, Republicanos, de estar sempre ao lado do empresariado.
Medidas realmente eficazes incluem planos de testagem massiva aliado a uma vacinação universal mediante a quebra de patentes que possam responder à emergência que a situação pandêmica impõe às famílias dos trabalhadores e trabalhadoras, que em sua grande maioria não tiveram direito à quarentena durante a pandemia. Outras medidas incluem também a estatização dos leitos de UTI privados sob controle dos trabalhadores da saúde para que a capacidade de atendimento seja utilizada em seu potencial máximo sem ter o lucro como objetivo.
