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LAVA-JATO | Um retrato da PF: Japonês da Federal, de herói a preso por corrupção

quinta-feira 9 de junho de 2016 | Edição do dia

E então, o Japonês da Federal, como é conhecido o policial Newton Ishii, “heroi anticorrupção” das alas golpistas, foi preso na tarde do dia 7 em Curitiba. A condenação, que já contava três meses e somente agora se efetivou em prisão, foi por envolvimento na entrada de contrabando do Paraguai para o Brasil.

Em 2003, Ishii já havia cumprido quatro meses de prisão pelo mesmo caso. Porém, como teve possibilidade de recurso, ele foi solto e o caso, arquivado.

Para este digníssimo senhor tão prezado pela direita golpista, a condenação é de quatro anos e dois meses, em regime semiaberto ainda não detalhado – o que significa que em parte cumpriria fora da cadeia, apenas monitorado ou na sua casa –, e nada indica que haverá a sua exoneração da polícia federal. Ainda há a possibilidade, inclusive, de que sua pena seja reduzida para oito meses, por seu réu primário, mesmo com este processo já fechado e já não mais cabendo recurso. E com o desconto dos outros quatro meses cumpridos em 2003, nesse caso ele cumpriria somente outros quatro meses. Ou seja, para os aliados da direita, todas as benesses para atenuar “seus deslizes”.

O pedido de prisão acontece agora fruto de uma política recente do Supremo Tribunal Federal, que alterou a jurisprudência, ou seja, o poder de aplicação da lei nos casos concretos, e determinou que a execução da pena ocorra após o segundo retorno do processo à justiça. Na avaliação dos embandeirados da Lava Jato, essa medida agiliza as condenações. Será então uma nova cartada do “partido judiciário” para limpar a cara do regime, rifando apenas mais alguns homens deste mesmo regime corrupto?

Uma outra suspeita que foi levantada contra Newton Ishii, em uma das gravações da própria Operação Lava Jato (justamente a que o consagrou como símbolo anticorrupção por ser o responsável pela escolta desses investigados), é de que ele vazou informações secretas da Operação para a imprensa – que só pode ter sido feita em troca de algumas “graças”, é claro. Ou seja, contrabando de informações.

Delcídio do Amaral, que foi preso por conta do mesmo áudio, nele chama o agente de “japonês bonzinho”: afinal, são muitas graças concedidas... A apuração sobre se o “japonês” citado era ele, prometida pela polícia federal, nunca mais foi lembrada pela mídia nem por ninguém; se ela existe, continua já há pelo menos sete meses, contando da data de prisão do senador Delcídio. Será então que o cálculo que o “partido judiciário” faz é de que o melhor é desvincular a imagem do agente Ishii da Lava Jato, condenando-o por outro processo já existia há dois anos?

E, ao contrário de investigá-lo, a policial federal vai não só fazer vista grossa a esse elemento, como já soltou nota em defesa incondicional do agente Ishii, em nome da Federação Nacional dos Policiais Federais. Com a indignação presente na nota de que o caso havia sido arquivado (na interpretação deles, “anulado”) e novamente agora retomado, mostram o nível de sua preocupação real com a corrupção. Isso porque é mais um braço do podre e corrupto regime brasileiro, que existe para acobertar exatamente os atos dos poderosos (o que os inclui) que escapam a sua própria lei, e para reprimir e perseguir os atos dos trabalhadores contra a sua ordem burguesa. Newton Ishii é um retrato da policial federal; e se depender da PF e justiça, continuará sendo parte integrante dela (uma vez que regime semiaberto prevê trabalho fixo, e Ishii até agora não foi demitido). E o que parece piada pronta, será realidade: um preso por corrupção que passa os dias prendendo e à noite preso.

O que podemos afirmar é que, por mais que ocorra uma ou outra prisão de corruptos, não podemos confiar em nenhuma das instâncias deste regime político, incluindo o “partido judiciário” e seus braços como a própria polícia federal. A cada dia que passa, fica mais comprovado, por áudios, delações, processos, etc, que não só a Lava Jato é uma farsa a serviço de um golpe para atacar ainda mais os nossos direitos, como também que o conjunto do regime é sustentado na e pela corrupção.

Por isso, não podemos confiar em nenhuma risca dessas supostas intenções de limpeza da corrupção pelas mãos da justiça burguesa, que quer cada vez mais se fortalecer para atuar de forma totalmente arbitrária: na realidade, em favor dos poderosos e contra a população trabalhadora e pobre.

Se antes, figuras como este senhor eram travestidas em máscaras para serem usadas em manifestações pró-impeachment, agora só nos resta dizer que estas máscaras caem dia após dia, para todos nós vermos suas reais faces corruptas.

Kim Kataguiri, um dos líderes e figura pública do Movimento Brasil Livre – MBL, movimento pro-impeachment

Como já dissemos em outro artigo, “não precisamos de nenhuma Lava Jato para saber que todos os partidos e agentes do regime estão envolvidos em mil e uma falcatruas”.

Somente nós trabalhadores, pela força de nossas mobilizações, podemos impor uma transformação das regras de todo esse jogo que coloque nas mãos de um júri popular a apuração e condenação pelo roubo aos trabalhadores feito por todas as instituições deste Estado.




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