A Polícia Militar do Estado de São Paulo publicou nas redes sociais uma foto de uma criança fantasiada com a farda da corporação. Numa tentativa de ter uma melhor localização perante a população, a PM de São Paulo provocou um imenso debate nas redes sociais sobre o fato de ter utilizado uma criança para promover a imagem da entidade. Neste sentido é mais uma vez necessário discutir o papel da Polícia Militar, mas também fazer um debate qual futuro que queremos dar para os filhos da classe trabalhadora.
Guilherme de Almeida SoaresSão Paulo
sexta-feira 12 de fevereiro de 2016 | 00:00
‘’A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal, de toda opressão, de toda violência e possam gozá-la plenamente’. Ao me indignar com a foto da criança com a farda da Polícia Militar, logo pensei na citação do testamento do revolucionário russo Leon Trotsky.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo publicou nas redes sociais uma foto de uma criança fantasiada com a farda da corporação. Numa tentativa de ter uma melhor localização perante a população, a PM de São Paulo provocou um imenso debate nas redes sociais sobre o fato de ter utilizado uma criança para promover a imagem da entidade. Neste sentido é mais uma vez necessário discutir o papel da Polícia Militar, mas também fazer um debate qual futuro que queremos dar para os filhos da classe trabalhadora.
Por trás da imagem da criança com a farda, a Polícia Militar esconde milhares de criança e jovens que sofrem cotidianamente na mão da PM. São crianças e jovens que têm acesso a uma educação precária e veem o governo atacar o seu direito de estudar fechando salas de aula e escolas, são crianças e jovens que apesar da pouca idade já viveram casos de violência na família, são crianças e jovens que já tiveram algum membro da família ou amigo morto pela Polícia Militar e são estes mesmos jovens que cumprem o papel de ser apenas mão de obra barata para os grandes capitalistas. Estes mesmos jovens que já foram enquadrados alguma vez pela polícia, que ‘’amadureceram antes do tempo’’.
Neste sentido, caberia fazer algumas perguntas para a Polícia Militar: O filho do pedreiro Amarildo, que viu o seu pai ser morto pela a UPP do Rio de Janeiro, gostaria de vestir a farda da Polícia Militar? Estes jovens que já sofreram alguma agressão pela Polícia Militar, gostariam de vestir a farda da Polícia Militar? Obviamente que estas crianças e jovens não gostariam de vestir a roupa de seus algozes, por isso que a foto da Polícia Militar se torna uma atitude de péssimo gosto, algo típico da corporação.
A vida que estes jovens levam, não é culpa deles mesmos e muito menos culpa do destino, mas sim da ganância dos grandes capitalistas e de políticos corruptos que concentram a riqueza, enquanto deixam milhares de pessoas na miséria. A polícia não existe para defender a segurança da população, pois o seu verdadeiro papel é de ser braço armado do estado capitalista para defender a propriedade privada e os políticos corruptos como Fernando Capez que está envolvido no caso de corrupção da merenda de São Paulo ou Eduardo Cunha que possui contas no exterior.
A mesma polícia que trata os filhos da classe trabalhadora como delinquente, não se pronuncia sobre o caso de corrupção da merenda escolar do Estado de São Paulo ou até mesmo o escandaloso caso da Petrobras. A mesma polícia que prende com truculência um jovem pobre é a que não coloca algema quando algum empresário vai preso. Foi quem que reprimiu violentamente as manifestações de Junho de 2013 ou a greve dos professores do Paraná do ano passado, greve esta que ficou marcada pela brutalidade da repressão policial.
A propaganda da Polícia Militar do Estado de São Paulo em torno da criança é racista, pois enquanto fazem demagogia com a foto de uma criança branca, milhares de crianças e jovens negros sofreram alguma violência por parte da instituição. A burguesia brasileira nunca cumpriu um papel progressista na historia, pois nasceram dos velhos senhores de escravos. Por isso carregam até hoje a ideia que os negros são seres inferiores e com isso tem que ser submisso á burguesia e tal ideia reflete na Polícia Militar.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo pode até se promover com a foto de uma criança, porém não vai ser através da PM que as crianças e os jovens vão garantir o seu futuro. Para que os filhos da classe trabalhadora tenham um futuro, terão que se enfrentar contra a burguesia e também contra o aparato de repressão estatal que a Polícia Militar faz parte. Num momento de crise econômica onde o Estado vem aplicando ataques à juventude, os estudantes secundaristas de São Paulo e de Goiás já vem enfrentando a polícia para garantir os seus direitos.
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