Há quase um ano do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a mineradora responsável também pelo crime de Mariana, segue lucrando impunemente sobre a vida de milhares.
quinta-feira 16 de janeiro de 2020 | Edição do dia
Prestes a completar um ano do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a perícia que indicará as causas da liquefação da estrutura, ainda não está pronta. A previsão de conclusão é para junho de 2020. A perícia está sendo desenvolvida em parceria com universidades europeias, segue sem nenuma conclusão e investigação permanece estancada.
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Até o momento, foram confirmadas 259 mortes e o desaparecimento de 11 pessoas.
Em setembro, a PF concluiu as investigações em relação a crimes de falsidade ideológica e produção de documentos falsos. Foi feito o indiciamento de sete funcionários da Vale e seis da Tüv Süd, empresa alemã de consultoria que atestou a estabilidade da barragem.
A Vale segue até hoje impune, pagou apenas pequenas multas, atrasou o pagamento das indenizações do crime e, em dezembro, cortou o auxílio emergencial que os moradores dos arredores da barragem recebiam desde a tragédia em 50%. A Vale ainda está entre as grandes empresas e multinacionais que devem juntas cerca de meio trilhão de reais para a Previdência Social.
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Numa insaciável sede por lucro, empresas extraem recursos naturais neste país e tratam a vida de centenas de trabalhadores como se fossem apenas números. O cenário que ficou de Brumadinho é de muita dor das famílias que perderam seus entes queridos e muita indignação por não ter a devida responsabilização da empresa, que também é protegida pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) que apela ao cúmulo de chamar esse crime capitalista de “incidente”.
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Para que não ocorram novas Brumadinho e Marianas, é necessária a re-estatização da Vale, com gestão pelos trabalhadores e controle popular, além de representantes ambientalistas eleitos nas universidades e comunidades, como um meio de transição entre a atual forma de mineração predatória para outra na qual a extração de recursos para a existência humana não seja insustentável, apenas possível em uma outra ordem social de produção.
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