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TERCEIRIZAÇÃO | USP demite centenas de terceirizados: por uma campanha nacional contra as demissões nas universidades

Os trabalhadores terceirizados, um dos setores mais precarizados e que tem rosto de mulher e negra, são os primeiros a pagar por essa crise. Já são centenas que têm sido demitidos nas universidades públicas do país, considerados historicamente como descartáveis e invisíveis pelas reitorias. Na USP a reitoria anunciou um corte de 25% dos contratos com as empresas terceirizadas que efetuam serviço de limpeza, vigilância e portaria/recepção. Isso significa que centenas de famílias não terão sustento em meio à situação que estamos vivendo.

quarta-feira 19 de agosto de 2020 | Edição do dia

Os trabalhadores hoje estão encurralados, de um lado, pelo desemprego e a fome; e por outro lado, pelo coronavírus. Sem nunca terem sido liberados para quarentena, muitas vezes sem contar com EPIs, os primeiros a pagarem por essa crise estão sendo os terceirizados. É urgente que o movimento estudantil esteja ao lado destes trabalhadores, por isso a Juventude FAÍSCA, e os Centros Acadêmicos que impulsiona, como os da Letras e Pedagogia na USP, estamos levantando uma forte campanha nacional em defesa dos empregos e direitos, e para que não haja nenhum trabalhador ou trabalhadora terceirizada demitida. Chamamos todos os movimentos políticos e sociais, as organizações de esquerda como PSOL, PSTU, PCB, UP, a levantarem essa campanha nacional nas universidades.

O mundo já atravessa mais de cinco meses em pandemia pelo novo coronavírus e o Brasil se tornou um dos epicentros da doença, em que já chegamos a mais de 100 mil mortes e os números de casos diários seguem na casa dos milhares. Sem nunca terem apresentado um plano coerente e responsável diante da crise sanitária, a começar por fornecer testes massivos para a população, governadores como João Doria e Witzel, o STF e todo o regime político, apoiados nas MPs reacionárias de Bolsonaro, Mourão e os militares, estão descarregando sobre as costas dos trabalhadores essa crise, não só sanitária, mas também econômica e social. Isso se expressa em flexibilizações de contrato, diminuição e corte salarial, corte de direitos e demissões, deixando já mais de 3 milhões de pessoas na miséria do desemprego. Vemos esses ataques aos trabalhadores passando com o apoio e conivência dos governadores do PT e das burocracias sindicais que dirigem centrais imensas como a CUT e CTB que estão paralisadas diante de tais ataques.

Nas universidades, ataques e cortes assim também têm sido frequentes. A crise de financiamento das estaduais paulistas, USP, Unesp e Unicamp, a aprovação de teto de gastos como a de 2017 que congela contratações em 5 anos na Universidade de São Paulo (USP), são medidas do governo estadual que está nas mãos há décadas do PSDB e das reitorias, para diminuir gastos, precarizando o trabalho e ensino dentro das universidades, cortando bolsa auxílio de permanência estudantil, diminuindo o reajuste salarial, não contratando professor concursado, desmontando o Hospital Universitário, fechando leitos e atendimento à população da região, abrindo espaço para a privatização e aumentando o trabalho terceirizado. Tudo isso durante a pandemia só se aprofundou, quando nos encontramos também em uma crise econômica, o que explica a urgência de Doria com o PL529 que prevê a privatização de inúmeras fundações e é um ataque à autonomia universitária

Os trabalhadores terceirizados, um dos setores mais precarizados e que tem rosto de mulher e negra, são os primeiros a pagar por essa crise. Já são centenas que têm sido demitidos nas universidades públicas do país, considerados historicamente como descartáveis e invisíveis pelas reitorias. Na USP a reitoria anunciou um corte de 25% dos contratos com as empresas terceirizadas que efetuam serviço de limpeza, vigilância e portaria/recepção. Isso significa que centenas de famílias não terão sustento em meio à situação que estamos vivendo.

A reitoria da Universidade de São Paulo nunca defendeu quarentena e liberação sem redução salarial para os terceirizados, o que cobrou a vida de seis trabalhadores terceirizados da USP, sendo dois parte do grupo de risco que não foram liberados pelas empresas. É absurdo tamanho descaso! Muito menos o Conselho Universitário, um órgão extremamente antidemocrático e que possui entre seus membros inclusive representantes dessas mesmas empresas.

Enquanto o reitor Vahan Agopyan faz comunicados públicos declarando apoio à campanha “Vidas Negras Importam” após o levante negro nos Estados Unidos contra a violência policial e o racismo estrutural, dentro da USP essa mesma reitoria mostra sua face racista com o corte nos contratos com as empresas terceirizadas, deixando centenas de trabalhadores e famílias sem renda e emprego. O caso mais gritante recente é dos terceirizados do bandejão da Faculdade de Saúde Pública, que no mês de julho foram todos demitidos.

A juventude Faísca, que na USP dirige, junto com independentes, as gestões Pulso Latino e Pra Poder Contra-atacar dos Centros Acadêmicos da Letras e Faculdade de Educação, respectivamente, tem ido nos institutos, conversando e se solidarizando aos terceirizados. Em algumas unidades já foram demitidos mais da metade dos terceirizados, como é o caso da Veterinária em que de 15 trabalhadores da limpeza, hoje estão somente 6, sobrecarregados. Até outubro centenas serão demitidos, principalmente na área da limpeza, já que o contrato com a empresa Gramaplan será encerrado, demitindo ou realocando todos os terceirizados. São trabalhadores que diariamente trabalham com a dúvida e ameaça se e quando serão demitidos.

É diante deste absurdo ataque que faz com que os terceirizados, em sua maioria mulheres e negros, paguem pela crise que estamos vivendo, que a Faísca tem levantado nos lugares em que estamos, entidades que dirigimos na USP e pelo país essa campanha em defesa dos terceirizados e contra as demissões. É também por isso que, desde o Esquerda Diário, também chamamos a conformação de uma rede de trabalhadores precarizados lutando contra as péssimas condições de trabalho que querem nos impor e se organizando para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

É fundamental que os estudantes e o movimento estudantil se coloquem ao lado destes trabalhadores largados pelos governos e reitorias. Não seguiremos nossas vidas normalmente como querem os governos e a reitoria quando impuseram o EaD precário, excludente e que ataca a educação na tentativa de normalizar a situação na universidade.

Sabemos que são estes terceirizados que fazem a universidade funcionar, aqueles que entram pelas portas do fundo da universidade e são obrigados a situações humilhantes diariamente, garantindo a limpeza, bandejão, portarias, etc. Por isso é preciso defender a efetivação dos terceirizados sem a necessidade de concurso público, para que tenham os mesmos direitos que os efetivos.

Diante dessa situação é urgente que todas as entidades estudantis, movimentos políticos e sociais, a começar pelo DCE da USP e pela UNE, hoje dirigidos pelo PT, Levante Popular da Juventude e também pelo PCdoB, partido relator da escandalosa MP936, levantem essa campanha em defesa do emprego e dos direitos, contra as absurdas demissões aos terceirizados, tanto na nossa universidade, mas também em todas pelo país. Chamamos todos os movimentos políticos e sociais, as organizações de esquerda como PSOL, PCB, UP, PSTU, etc., a levantarem essa campanha nacional conosco, até porque com a pandemia só ficou mais evidente como para defender os lucros das empresas, para manterem os supersalários da burocracia universitária intactos, despejam a crise sobre nós, demitindo terceirizados hoje, cortando permanência estudantil amanhã. Basta de precarização do trabalho e ensino dentro e fora das universidades!




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