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SINTUSP | USP atenta contra as liberdades democráticas e de organização dos trabalhadores

A Reitoria da Universidade de São Paulo esta sendo protagonista do maior e mais arbitrário ato anti-sindical feito por uma Universidade Pública no país após o fim da ditadura militar.

terça-feira 10 de janeiro de 2017 | Edição do dia

A Reitoria da Universidade de São Paulo esta sendo protagonista do maior e mais arbitrário ato anti-sindical feito por uma Universidade Pública no país após o fim da ditadura militar. Sem qualquer diálogo formal com o Sindicato, a Reitoria decidiu exigir na justiça a reintegração de posse, com o uso da força policial, do espaço ocupado pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) há 50 anos no câmpus, sem qualquer negociação prévia ou perspectiva de concessão de outro espaço.

Não bastasse essa violência, durante o recesso de Natal e Ano Novo, a Reitoria decidiu cercar o espaço de acesso ao Sindicato com grades de mais de dois metros de altura, controlando inicialmente com a polícia militar o acesso ao espaço de diretores e trabalhadores representados pela entidade e impedindo o acesso de veículos.

Ao assumir a gestão da USP em 2014, o Reitor Marco Antonio Zago apresentou em reportagem à Revista Veja o seu projeto de Universidade. De acordo com Zago a Universidades possuía um numero excessivo de funcionários efetivos em comparação com outras Universidades exteriores que possuem dezenas de milhares de trabalhadores terceirizados a mais que a USP, com salários rebaixados e nenhum direito assegurado. Para reduzir o quadro o Reitor apelou para a aplicação de dois programas de incentivo a demissão voluntária (PIDV). Além disso, defendeu o uso da meritocracia para facilitar a demissão de funcionários.

Ainda nesta reportagem, ao ser perguntado como ele pretendia garantir esse projeto, Zago afirmou categoricamente que para isso “era necessário acabar com a dinâmica de sindicalismo na Universidade”. Com isso Zago dava um sinal de que estava disposto a acabar com toda possibilidade dos trabalhadores poderem se reunir e se organizar dentro da Universidade. A escandalosa colocação da grade em torno da sede do Sindicato após um pedido de reintegração de posse com uso de força policial é apenas uma medida mais simbólica e violenta do que o Zago pretende fazer contra qualquer um que tente se organizar para defender seus direitos e suas conquistas.

Tais liberdades democráticas, como a de livre reunião e organização dos trabalhadores, conquistadas ao custo de sangue e vida de lutadores, só têm sido violadas tão explicitamente em períodos de ditaduras civis e militares! É esse o custo que o Reitor da USP está disposto a pagar para garantir o avanço do seu projeto de aumento da exploração do trabalho na Universidade. Policiar o centro do saber e fazer pairar novamente sobre a Cidade Universitária as violações cometidas durante a ditadura militar. Não é a toa que enquanto ataca a ferramenta histórica de organização e defesa dos trabalhadores, o Reitor avança nas mudanças de jornadas de trabalho e na implementação de bancos de horas, assim como já agendou para abril-maio a discussão sobre a retirada do vale-alimentação e do vale-refeição.

Os ataques estão ligados, para impor até o final essa reestruturação produtiva na USP a Reitoria necessita impedir que os trabalhadores possam se organizar e defender seus direitos. Esse processo dentro da USP é acompanhado por uma ofensiva nacional contra os direitos trabalhistas no país. Enquanto o Reitor Zago, com a conivência do Governador Geraldo Alckmin (PSDB) fazem da USP um balão de ensaio de repressão à organização dos trabalhadores, o Presidente Michel Temer (PMDB), o Congresso Nacional e o STF impõe as Reformas da Previdência e Trabalhista, garantindo a flexibilização das leis do trabalho e o aumento do tempo para a aposentadoria.

A defesa das liberdades democráticas dentro da USP é fundamental também como parte de fazer frente ao projeto de país que os patrões e latifundiários querem impor através dos seus representantes no Executivo, Legislativo e Judiciário contra os trabalhadores e o povo pobre. Por isso é fundamental o envolvimento de todos os trabalhadores da USP, em primeiro lugar, mas também dos estudantes e das demais categorias de trabalhadores, intelectuais e entidades sociais e sindicais na campanha em defesa do SINTUSP, na qual a assembleia do dia 11/01 às 12:30 é a primeira medida nesse sentido.




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