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FORA BOLSONARO, MOURÃO E MILITARES | UNE decide burocraticamente esperar 1 mês para o próximo ato: por assembleias de base já!

Com a decisão burocrática da UNE de chamar um novo dia de mobilização somente para daqui um mês, em um momento profundo de ataques e que a necessidade da luta se coloca para já, a construção de assembleias em cada curso e em cada Universidade é fundamental para decidirmos democraticamente para qual estratégia será destinada a nossa disposição de luta.

Juliane SantosEstudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

quarta-feira 23 de junho de 2021 | Edição do dia

Os estudantes e trabalhadores demonstraram toda sua disposição de luta nos atos do dia 29 de maio e no mais recente que ocorreu dia 19 de junho, expressando todo seu ódio aos ataques do governo Bolsonaro, isso em um momento em que ultrapassamos o meio milhão de mortes no país, em que universidades seguem sendo sucateadas e correndo risco de fechar, com a reforma administrativa em curso e com a mais recente privatização da Eletrobrás, que irá afetar muito a vida dos trabalhadores de conjunto.

Diante do nível de ataques do governo asqueroso de Bolsonaro e de que não podemos confiar que setores como o Congresso, STF ou mesmo os governadores estão ao nosso lado, já que todos esses ataques que sofremos são reivindicados por todos eles, vemos que a única saída é confiarmos na força da nossa luta.

Após os atos do dia 29 de maio, somente um mês depois a UNE, a Frente Povo sem Medo e a Frente Brasil Popular chamaram um novo dia de mobilização para o dia 19 de junho, onde novamente estudantes e trabalhadores mostraram seu rechaço ao governo negacionista de Bolsonaro e a todos os ataques. Hoje novamente vemos um novo ato ser chamado pela UNE para o dia 20 de julho.

Não, eu não escrevi errado. Diante de toda a situação pela qual estão passando os trabalhadores e a juventude, de desemprego, diminuição de renda, sucateamento da educação, ensino remoto e empregos cada vez mais precários, a União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade que representa todos os estudantes do país e que deveria estar a serviço de organizar a nossa luta, chama uma novo dia de mobilização para daqui um mês.

Essa data foi escolhida pelas direções da UNE (PT, PCdoB e Levante Popular), ficando cada vez mais expresso que a estratégia desses setores não é fomentar a nossa luta e autoorganização, mas sim apostar em uma espera para as eleições de 2022 em uma linha somente de desgaste de Bolsonaro, sendo que os ataques se colocam hoje e agora, então precisamos de uma forte luta construída pra já!

Nós, estudantes das universidades do país, não estamos tendo espaços democráticos onde pudéssemos ser sujeitos de debater e escolher os rumos da luta e qual estratégia iríamos seguir, mas ao contrário disso vemos todo o calendário de "mobilizações" ser decidido por esses setores que decidem tudo de forma burocrática e de acordo com seus interesses.

Por isso que nós da juventude Faísca defendemos e batalhamos em cada Universidade em que estamos para que ocorram assembleias democráticas, amplamente construídas, onde todos os estudantes possam ter o direito de colocar sua opinião, votar e decidir os rumos da luta democraticamente. Por sabermos que a nossa luta precisa ter um caráter nacional, defendemos que a partir das assembleias em cada universidade sejam eleitos representantes para conformarem um Comando Nacional de Estudantes, que levem o que foi debatido em cada uma das universidades pelo país.

E porque defendemos a eleição de delegados, a partir de assembleias democráticas, e a conformação de um Comando Nacional de Estudantes?

Com a estratégia exposta desses setores (PT, PCdoB e Levante Popular) que hoje dirigem a UNE e muitos DCEs e Centros Acadêmicos pelos país, os mesmos setores que também estão à frente das principais Centrais Sindicais (CUT e CTB), e que dividem nossa luta entre demandas dos estudantes e dos trabalhadores impedindo uma unidade que seria explosiva, como vimos com a separação feita entre os atos chamados pela CUT dia 18 e pela UNE dia 19, a saída que se coloca é nos organizarmos e retomarmos essas entidades burocratizadas para as mãos dos estudantes, passando por cima dessa burocracia hoje existente, construindo uma forte luta desde cada curso e cada universidade, pois só assim conseguiremos combater todos os ataques.

Debatermos sobre a estratégia dessas direções e exigirmos que parem de desarticular nossa mobilização em favor da política de construção de uma frente ampla com setores da direita rumo a 2022 deveria ser uma das hierarquias de todos os setores da esquerda, mas infelizmente não é isso que vemos, mas sim setores como PSOL, PCB E UP não só se adaptando e encobrindo essa atuação das direções majoritárias, mas também seguindo a mesma política que esses partidos em várias universidades.

Na UnB o DCE, composto pelo PT, PCdoB e Levante Popular, mas também pelas correntes Afronte e Juntos do PSOL e PCB, realizou uma assembleia geral dos estudantes no dia 17, às vésperas dos atos que ocorreriam no dia 19, e teve uma atuação unilateral e burocrática, com o apoio da Unidade Popular (UP), ignorando burocraticamente as propostas levadas pelos estudantes. Desde o início da Assembleia colocaram seus encaminhamentos e os aprovaram sem nenhum tipo de votação e propostas alternativas às que eles propuseram. Não mobilizaram os estudantes pela base e por cada sala de aula - e chegando na assembleia nem sequer abriram espaço para encaminhamentos e votação. É lamentável que a Oposição de Esquerda da UNE (PSOL, PCB e UP) unifiquem suas energias para ajudar os burocratas da majoritária (PT, PCdoB e Levante) a impedirem deliberações soberanas da assembleia.

Saiba mais: 19J: Direção DCE/UnB acaba assembleia sem voto e impede união de estudantes e trabalhadores

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o DCE composto pelo Juntos, Afronte, Alicerce, PCB e UP também chamou uma assembleia somente às vésperas da mobilização do dia 19, com todos os encaminhamentos já decididos previamente, ou seja, não foi a intenção desses setores construir essa assembleia em cada curso para que houvesse a participação ampla dos estudantes com um debate democrático.

A Frente Povo na Rua, Fora Bolsonaro!, que vem sendo dirigida principalmente pelas organizações ligadas à UP (Unidade Popular), PCB e organizações do PSOL, em especial o MES, organizou em São Paulo uma Assembleia Geral para em tese dar continuidade às mobilizações pós dia 29 de maio. A assembleia, na verdade, se tratou de uma live para referendar a política das organizações que a convocaram, em que os inscritos sequer receberam o link de acesso e foram informados somente na hora da live que não teria espaço para falas. Além de que a maioria das falas foram acordadas previamente e deixaram 15 para serem sorteadas entre os milhares de inscritos.

Essa Frente está novamente chamando uma "assembleia" para hoje, 23, que tampouco é democrática, sendo nos mesmos moldes de uma live, ou seja, na prática não uma assembleia de fato em que possam acontecer debates entre todos os estudantes, mas sim um espaço formal repetindo a política burocrática que tiveram após o dia 29.

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O debate que nós da Faísca e do Esquerda Diário fazemos com essas organizações que fazem parte da Oposição de Esquerda da UNE, e que citamos alguns exemplos de sua atuação política acima, como PSOL, UP e PCB, é que é absurdo seguirem não só não denunciando a política burocrática das direções majoritárias que freiam nossa luta em favor de seus interesses, mas agora também seguem a mesma política, não construindo espaços de auto-organização dos estudantes, única forma de derrotarmos todos os ataques que afetam o nosso presente e o nosso futuro, se adaptando totalmente a linha de confiança nas instituições, demonstrando ter uma estratégia eleitoral de desgaste de Bolsonaro e confiança de que a saída se dará nas eleições em 2022, ou defendendo um impeachment que colocaria o militar Mourão no poder.

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Nós defendemos a construção de assembleias democráticas em cada curso e em cada Universidade, onde todos os estudantes tenham direito a voz e voto, no qual possamos ter um debate profundo sobre qual a estratégia para a nossa luta vencer, o que para gente passa pela forte unidade na luta entre estudantes e trabalhadores, e a necessidade da construção de uma Paralisação Nacional, onde possamos atacar os capitalistas em seu coração, parando a produção.

Também defendemos a luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, imposta pela nossa luta, em que possamos defender a revogação de todos os ataques realizados no regime político que se conformou após o golpe, para avançar a consciência das massas na ilusão do modelo de sociedade capitalista que só nos oprime e explora, rumo a construção de uma nova sociedade sem as amarras da exploração de classes.




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