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MOTOSERRA E CORTES NA EDUCAÇÃO | UNE ao lado de Kátia Abreu e Dilma

Carina Vitral, presidente da UNE, e Bárbara Melo, presidente da UBES, posam para foto com Kátia Abreu e a presidente Dilma.

sexta-feira 14 de agosto de 2015 | 01:56

No dia 10 de agosto, a Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, postou em seu Twitter uma foto que tirou com as presidentes da União Nacional dos Estudantes, UNE, e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, UBES, Carina Vitral e Bárbara Melo, respectivamente. A foto com a “Ministra Motosserra de Ouro”, a principal porta voz da bancada ruralista, dos interesses do capital e do agronegócio, apenas remarca a posição das maiores entidades estudantis do país que essas dirigentes presidem: estar ao lado de setores conservadores e defender o governo inimigo da juventude, dos trabalhadores e dos setores populares.

Em coro com a bancada ruralista, o governo de Dilma teve o pior número em 20 anos de assentamentos a famílias oprimidas pelo agronegócio. Esse fato, que ilustra o enterro da bandeira pela reforma agrária por parte do PT, é ainda reforçado pela Agenda Brasil de Dilma, Renan e Levy, que busca estabelecer um processo acelerado para o licenciamento ambiental para as obras do PAC e revisão de marcos jurídicos que regulam as áreas indígenas e quilombolas, para “compatibilizá-las” com atividades produtivas. São ações que atacarão diretamente a vida de centenas de milhares de trabalhadores e comunidades do campo e florestas.

Uma segunda foto estrela Carina e Bárbara nas redes sociais, desta vez com a presidente Dilma. Em meio à crise política que assola o governo do PT, por ter sido até agora o principal agente dos ajustes, implementando uma agenda neoliberal para que a classe trabalhadora pague pela crise, e, diante da dinâmica conjuntura nacional e rearranjos políticos que representam a unidade burguesa em favor destes ajustes, a União da Juventude Socialista, UJS, que dirige a UNE, soltou nesta semana uma convocatória ao ato do dia 20 de agosto. Chamando a “ocupar as ruas em defesa da democracia e do desenvolvimento”, a UJS, não relata uma vírgula a respeito do crescente desemprego que se destaca entre os jovens, não citou que dos quase incontáveis cortes orçamentários que fez Dilma, mais de 13 bilhões saíram da Educação e também não há qualquer menção aos cortes e revisões nos programas-propagandas do governo petista, como o FIES e o PRONATEC. Ao contrário, todo o discurso do chamado embasa uma defesa do governo e está pautado no alarme de uma suposta “onda conservadora que ameaça a democracia e prepara um golpe da direita”, tal qual o último pronunciamento partidário do PT na televisão. O chamado pelo “desenvolvimento nacional, por mais empregos, geração de riquezas, distribuição de renda e justiça social” é contraditório com o histórico da década petista e um ainda mais descolado na realidade atual. Também o “programa” que propagandeiam ao final, “por um ajuste fiscal onde os ricos paguem a conta”, mostra uma manobra retórica que tentará limpar um pouco a cara do PT como o protagonista do ajuste, aproveitando-se de novos atores a partir do Senado. Uma defesa estéril e desesperada de um governo que desce cada vez mais ao fundo do poço.

A nova presidente da UNE, em entrevista para a revista Carta na Escola, falou sobre a “polarização política nacional”, a “nova realidade do ensino superior brasileiro” e “os desafios do movimento estudantil”. Entre outras defesas do governo petista, Carina falou sobre a “democratização da universidade”, como a UNE teve “muitas vitórias” que significaram a mudança na vida dos milhões de jovens que ascenderam ao ensino superior (74% destes estão nas instituições privadas) através das conquistas sociais do governo. A realidade dos milhares de jovens que viram seus sonhos de estar na universidade sendo frustrados diante da crise e as alterações nos planos do FIES, das altas mensalidades, da precariedade extrema que para as universidades federais fez faltar luz ou mesmo o pagamento de trabalhadores que realizam a limpeza não foi relatada. Esse cenário nem a Carina, nem nenhum militante da UJS relata, pois escancara a falência e falácia de um projeto que não só não tirou da marginalidade a imensa maioria da juventude, em relação à universidade, mas que na verdade muito beneficiou os monopólios privados da educação.

A saída para a juventude não está nem nas ilusões que semeiam a velha direita conservadora (PSDB, PP etc), e nem cair na manobra de um governo moribundo. Também não cabe à juventude que anseia por qualidade de vida e direitos cair no ceticismo diante da demonstrada falência da estratégia que o PT levou historicamente e comprovou em seus anos de governo, na tentativa de conciliar o inconciliável, o capital e a classe trabalhadora. Mas, ao contrário, cabe à juventude emergir como uma via política independente, que se alie aos trabalhadores, derrote os ataques do governo e dispute um novo projeto de sociedade, contra os opressores e os representantes do capital. Para isso as entidades estudantis devem servir como instrumentos de organização e não devem estar nas mãos daqueles que falam de democracia, mas significam as maiores burocracias e freios à qualquer luta independente dos jovens. Essa saída não estará nos atos de ruas dos dias 16 e 20.

É preciso que todas as entidades estudantis, coletivos e movimentos antigovernistas constituam um polo capaz de articular a politização da juventude por uma saída à esquerda, que dispute a politização e impeça que a direita capitalize a crise e descontentamento com o governo do PT.




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