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UNESP ARARAQUARA | UNAMOS e o direito da estudante sob ataque

terça-feira 16 de junho de 2015 | 01:03

A UNAMOS

A Seção Técnica de Saúde (UNAMOS), oferecida aos estudantes e funcionários da UNESP e seus dependentes, garante consultas primárias, como por exemplo, ginecologia/obstetrícia, clínico geral, odontologia e pediatria em 17 unidades. Com o intuito de ser uma política de permanência estudantil e beneficio trabalhista, garantido pelo movimento sindical e estudantil unespiano, a UNAMOS, no atual momento de crise, está sob ameaça.

Apesar da expansão de vagas aos estudantes e aposentadoria de antigos quadros de trabalhadores, a UNESP não efetua contratações desde 2010 para a seção técnica e terceirizou o serviço de limpeza, que antes era feito por duas trabalhadoras efetivas e hoje, apenas por uma trabalhadora terceirizada, não especializada em limpeza hospitalar. A seção, que já contou com mais de 20 funcionários efetivos, para garantir acesso gratuito e de qualidade à saúde, hoje se depara com subquadro de nove funcionários efetivos e uma terceirizada.

A sobrecarga de trabalho e o acúmulo de funções é a realidade para estes trabalhadores. Em entrevista para o Esquerda Diário, uma funcionária que prefere não se identificar relatou ter sobre seus ombros o acúmulo de quatro funções, pois quem era responsável por tais tarefas ou se aposentou ou não trabalha mais no local. Infelizmente, a precarização e sobrecarga de funções tende a piorar: quatro funcionários (técnico-administrativos e médicos) estão prestes a se aposentar e não há perspectiva de novas contratações por parte da REItoria e diretoria, que simplesmente ignoram os avisos do desmonte protocolados pelos funcionários.

A falta de recursos humanos e materiais afeta diretamente a qualidade do atendimento e inclusive a possibilidade de realizá-lo. Hoje é comum na Unesp Araraquara o estudante voltar para sua casa frustrado e sem resolução de seu problema ao visitar a seção, pois já não se oferece atendimentos que exijam atenção prolongada ou materiais específicos.

Mudança de caráter

Além da não contratação e do acúmulo de tarefas, a funcionária entrevistada ainda denunciou que a UNAMOSpassa por uma mudança de caráter de suas atividades, que ao invés de garantir aos estudantes, funcionários e dependentes um atendimento primário, passa a ser apenas uma seção de perícias médicas para trabalhadores. Das 17 unidades, apenas duas ainda atendem estudantes, e em Araraquara a orientação não oficial da diretoria já é o não atendimento aos dependentes (filhos e filhas) dos estudantes, caracterizando um ataque frontal à permanência estudantil de jovens mães que entram na universidade e não possuem convênio médico particular e ficam a mercê da precária saúde pública araraquarense.

Principais prejudicadas: mulheres

O conjunto da comunidade acadêmica sai prejudicado com o desmonte progressivo da assistência médica estudantil e laboral, mas em especial as mulheres sofrem em dobro com o peso do descaso de nossa universidade. A jovem mãe estudante já perdeu o direito de que seus filhos tenham atendimento garantido pela instituição, um motivo a mais para afastar a mulher da classe trabalhadora das cadeiras do ensino superior. Sem tal assistência essa jovem fica desamparada pelo péssimo serviço de saúde (superlotado, precário e violento) oferecido pelo SUS, ou então é impelida a entrar prematuramente no mercado de trabalho para almejar os convênios médicos (por vezes também superlotados) oferecidos pelos patrões.

A educação sexual e as políticas de prevenção à natalidade e saúde ginecológica oferecidas pela UNAMOS são também direitos sob ameaça com seu possível desmonte.

Crise orçamentária

Para “controlar” a suposta crise orçamentária da UNESP, a ordem da REItoria é a não contratação de funcionários, com apenas uma exceção: a abertura de novos cursos, no caso de Araraquara o curso de biotecnologia. Para a reitoria é necessário expandir através da precarização e sobrecarga de seus trabalhadores. Enquanto cada vez mais alunos aumentam a demanda por saúde e permanência estudantil, cada vez menos se amplia a estrutura que garanta seus estudos.

Para passar a limpo tal crise, faz-se necessário que estudantes e funcionários vejam com os próprios olhos aonde vêm sendo gastos os recursos públicos que mantêm a instituição. Sem a abertura total e publicação ampla das contas da universidade é impossível ter confiança no discurso catastrófico de crise repetido dia após dia pela burocracia universitária, até que se torne verdade.




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