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UERJ | UERJ: Sem nenhuma garantia, por fora dos estudantes, DCE prepara saída da greve

A greve da UERJ acontece no mesmo momento que uma onda de luta dos estudantes em defesa da educação se espalha pelo país.

Isa SantosAssistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ

terça-feira 17 de maio de 2016 | Edição do dia

A greve da UERJ acontece no mesmo momento que uma onde de luta dos estudantes em defesa da educação se espalha pelo país. No Rio de Janeiro mais de 70 escolas ocupadas e uma importante greve de professores, em SP os secundaristas deram novamente um grande exemplo com a ocupações de escolas e diretorias e que foram reprimidas pelo ladrão da merenda, Geraldo Alckmin. Se alastrou pelo Ceará com mais de 40 ocupações e agora no Rio Grande do Sul. Os estudantes da Unicamp e da USP iniciaram um grande movimento de greve, com ocupação da Reitoria em Campinas e do prédio da Letras na USP.

Se no plano estadual essa greve já precisava se colocar duramente contra os cortes feitos pelo PMDB, com a ascensão do governo golpista de Temer e o fortalecimento a nível nacional dos ataques destinados a educação, e também aos outros setores de serviços oferecidos a população, as tarefas colocadas para esta greve são ainda mais duras.

Nesta segunda feira ocorreram duas reuniões importantes: uma do comando de greve dos estudantes e a outra do comando unificado dos segmentos em greves. Nas duas reuniões se expressaram, com pesos diferentes, uma linha por parte das direções dos três segmentos de preparar uma saída da greve a partir das promessas feitas na reunião que ocorreu na semana passada, e ocorrerá novamente na quarta dia 18/05, com o líder da bancada do PMDB Edson Albertassi.

O DCE composto pelo PT e pelo PCdoB que não tem construído a greve, as assembleias, e tem se colocado como freio da mobilização, esteve presente à reunião do comando de greve estudantil com proposta de tirarmos as pautas mínimas do movimento com o claro encaminhamento de com esta negociação preparar o fim da greve. Está postura ignora completamente tanto a profunda crise que o estado do Rio enfrenta como também, que o governo deste estado pertence aos setores golpistas que derrubaram o seu governo. Ignora que estes setores hoje buscam implementar uma politica que tem como fim um maior sucateamento e privatização das universidades e serviços públicos.

É clara a postura do DCE, de se colocar como um freio para as mobilizações, burocratizando o comando de greve dos estudantes com o aval de setores da esquerda que não se colocam um enfrentamento duro a esse setor. Na reunião do comando estudantil o DCE além de planejar o final da greve, propôs diminuir ainda mais as pautas para negociação, já tentando definir com quais pautas atendidas sairiamos da greve por fora de debater nas assembleia de base do curso e geral. O DCE contou com o aval do Levante Popular da Juventude, e PSTU propondo uma assembleia só para semana que vem, na segunda-feira, dia 23. Da mesma forma que o PT e o PCdoB não lutaram consequentemente contra o golpe e decidiram se apoiar nos acordos e nas negociatas para salvar o governo da Dilma, sem travar nenhuma luta séria contra o golpe, aqui semeiam ilusões sobre a pautas e negociações com um governo inimigo da educação e preparam a saída greve.

As propostas feitas na negociação da semana passada são de uma provável destinação de R$20 milhões de reais para serem distribuídos entre as 3 categorias e promessas que seriam, na sua maioria concretizadas somente em 2017, de atender algumas pautas históricas das categorias como D.E (Dedicação Exclusiva), abertura de negociação referente a aumento da bolsa estudantil, passe livre intermodal e intermunicipal, manutenção da data de pagamento no 10 dia. Essa verba, porém, não chega perto de solucionar os problemas da universidade e garantir seu funcionamento.

Entendemos que a conquista de pautas tão históricas para as categorias, caso saiam, são conquistas inegáveis. O que não podemos criar é falsas esperanças num governo que não tem garantido o pagamento dos seus servidores, terceirizados em dia. Que garantia podemos ter da concretude de promessas vindas de um governo que ignora datas de pagamento, implementa constantes pacotes de cortes e justes, parcela 13°? Precisamos discutir os passos das negociações, os balanços e ações da greve a partir de um questionamento mais profundo dos problemas econômicos e políticos que o estado se encontra.

Nós da Faísca temos buscado construir com toda a nossa energia as ações de luta da UERJ assim como vários estudantes independentes e centros acadêmicos, tais como os cortes de rua pela manhã que apareceram em dezenas de mídias do país. Temos defendido dentro do comando que ele seja um organismo de direção politica da greve a partir das discussões e deliberações das assembleias de base e por isso propusemos que uma assembleia ocorresse na quarta. Fomos mandatados pelos nossos cursos e se hoje o comando não esta sendo cumprido, os delegados são revogáveis e podem e devem ser discutidos nos cursos. É tarefa do comando dar informes, o que ocorre hoje são várias informações mal divulgadas ou não repassadas aos próprios delegados e estudantes, cabe ao comando através dos seus delegados garantir os espaços políticos da greve.

Para isso é preciso romper o rotineirismo, buscar soluções e não empecilhos pra realizações de assembleias,os setores de esquerda precisam colocar suas forças pra barrar a entrega da greve que o DCE vem tentando construir. Não é possível que no atual momento da greve esses setores tomem pra si uma posição adaptada ao DCE ou que como a Asduerj e Sintuperj permitam uma construção de uma greve que não foge do script.

O desafio que está colocado pra greve da UERJ, no seus quase 3 meses de greve é de contribuir pra fortalecer as lutas em curso, ser um apoio real a luta das escolas estaduais. Pra isso precisa se espelhar nos exemplos da juventude secundarista, dos estudantes das estaduais de SP, CE e RS e assim construir um movimento capaz de dar uma saída de fundo para a crise que atravessa a universidade, respondendo as demandas dos setores terceirizados, dos cotistas e demais estudantes, professores e servidores. É preciso unificar as lutas em curso e unir forças para um combate contra os ataques e cortes do PMDB no Rio e também do governo golpista.


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UERJ    Juventude



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