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ELEIÇÕES NA TURQUIA | Turquia: AKP de Edorgan é eleito com maioria absoluta

Os resultados das eleições antecipadas do 1 de novembro na Turquia são espantosos. AKP obteve 49% dos votos e terá 316 deputados no parlamento. Em comparação com as últimas eleições parlamentares do 7 de junho, ganhou 58 cadeiras.

quarta-feira 4 de novembro de 2015 | 00:00

O partido kemalista burguês CHP estará representado com 134 deputados. O partido esquerdista pró-curdo Partido Democrático dos Povos (HPD), que havia sido o alvo principal do terror estatal das últimas semanas, conseguiu entrar no parlamento do 59 lugares, porém segue debilitado em comparação as últimas eleições em que havia conseguido 80 cadeiras. Entretanto, o partido ultranacionalista MHP é sem dúvidas o principal perdedor das eleições já que perdeu quase metade de seus lugares e se mantém com os seus únicos 41 deputados.

As eleições antecipadas foram um momento central na luta de Erdogan pelo poder. E sua estratégia foi vitoriosa. Depois de múltiplos ataques coordenados pelo estado, assédios a cidades curdas, massacres contra ativistas curdos e de esquerda como em Suruç ou Ankara, numerosas detenções e repressão contra jornalistas críticos, o AKP conseguiu o número necessário de votos para formar um governo sem outros partidos.

Em todo o país teve manipulações escandalosas das eleições a serviço do AKP. Já nas primeiras horas de jornada, a polícia e o exército turco começaram a deter observadores eleitorais do HPD e confiscar os documentos de votantes curdos nos locais curdos para impedir que fossem votar. Em várias cidades teve cortes de luz, pelo qual o escrutínio teve lugar em condições especialmente difíceis. Carros sem registro passavam perto dos colégios eleitorais para transportar urnas ilegais. Soldados com fuzis intimidaram os eleitores para quem deram seu voto de forma “aberta”, sobre tudo nas aldeias curdas.

Resumindo: a eleição se fez sob as condições de militarização em todo o país. Uma caricatura evidente da democracia parlamentar. Assim, o AKP pode alcançar 10% a mais do que o previsto nas pesquisas. E como si isso não fosse o suficiente, depois de anunciar os primeiros resultados, o AKP continuou com sua propaganda demagógica e revanchista contra as forças opositoras.

O êxito eleitoral do AKP se baseia em haver reconquistado parte dos votos que havia perdido para as mãos do HPD em junho nas cidades curdas e haver debilitado o MHP nas cidades conservadoras turcas. Evidentemente, esse êxito se deve ao rumo nacionalista violento contra o movimento curdo.

O AKP não alcançou o número necessário para chamar um referendo e levar adiante a reforma para um sistema mais presidencialista; para isso faltam 14 deputados. Não obstante, para Erdogan basta a formação de um governo do AKP com maioria própria para continuar com seu rumo bonapartista já que o AKP está sob seu controle e o presidente já tem atualmente muitos poderes.

Nestes meses, HPD teve de desistir de uma campanha eleitoral com atos públicos por conta dos atentados, repressões e os massacres massivos. O terror do estado evidentemente produziu uma intimidação profunda na população curda. O copresidente do HPD, Selahattin Demirtas, criticou “a política de massacres do estado turco” em uma roda de imprensa depois das eleições e definiu o resultado eleitoral com um êxito baixo “condições injustas”.

Entretanto, muitos seguidores do HPD marcharam nas ruas das cidades curdas para protestar contra as manipulações, gerando enfrentamento e detenção de vários ativistas, com muitos feridos. Enquanto que na roda de imprensa do HPD não se denunciaram as manipulações e se aceitou os resultados, muita gente protestou contra nas suas redes sociais e nas ruas. A política conciliadora do HDP o distancia dos lutadores das ruas.

O resultado das eleições voltou a demonstrar que a luta contra o rumo bonapartista de Erdogan não prosperar se limitasse ao parlamento. Pelo contrário, o resultado prova que Erdogan não se poderá freias com apelações retóricas sobre a democracia liberal. HPD voltou a entrar no parlamento apesar da demagogia e da violência escandalosa contra o movimento curdo, o que significa uma derrota parcial para os objetivos da máxima do AKP. Mas, mesmo assim, Erdogan e sua política ditatorial saem fortalecidos dessas eleições.

Contra o governo, a maior bonapartização e repressão do regime, é necessário organizar-se e responder com os métodos de luta da classe trabalhadora e dos oprimidos. Lutar contra a ofensiva do governo nos locais de trabalho, nas escolas, nas universidades, nos sindicatos e nas ruas.

Tradução: Alícia Noronha

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