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LEGADO DA COPA | Triste destino do Maracanã: de palco para 100mil, foi transformado em ‘elefante branco’ da elite para desvio de verbas públicas.

Como o principal estádio brasileiro, marcado por receber jogos históricos e os maiores públicos já registrados, recebeu o investimento de R$1,2 bilhões do orçamento de uma cidade em crise para ser transformado exatamente no seu oposto. O ‘templo do futebol’ e das multidões, é hoje emblema de um processo corrupto de desvio de verbas, está abandonado e cada vez mais excludente.

segunda-feira 23 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Absurdos 1,2 bilhões de reais foram os gastos divulgados, o dobro do orçamento inicial para a reforma, como é comum nas obras públicas no Brasil, explicitamente superfaturadas.



A ideia deste investimento, vendida principalmente pela grande mídia como a Globo, assim como pela FIFA, o Comitê Olímpico Internacional, por federações, foi na verdade uma grande oportunidade para empreiteiras como a Odebrecht e os políticos envolvidos por mil laços com esta rede de corrupção enriquecerem, aproveitando para descaracterizar os palcos dos jogos, transformando-os em modelos tipo ‘Arena’, elitista e feita para o dito ‘torcedor de bem’ – a versão futebolística do conhecido ‘cidadão de bem’, ou o clássico ‘coxinha’.



Hoje o estádio é alvo de disputa judicial entre a concessionária (braço da Odebrecht) e o governo do estado do Rio para assumir o grande elefante branco que se tornou, já que ao invés de jogos – sem previsão de serem retomados – só recebe prejuízos e deterioração: luz cortada, gramado destruído, corrimãos enferrujados e infiltrações, tudo isso em uma obra bilionária que deveria se manter por décadas.



Uma passarela para ‘Vips’ da FIFA de R$109 milhões que liga “o nada a lugar nenhum”: mais um sintoma emblemático da irracionalidade dos capitalistas.





Um dos maiores absurdos que envolvem o abandono do novo Maracanã é a passarela construída exclusivamente para a Copa e que hoje raramente é usada já que fica longe dos pontos de ônibus e da estação de trem e metrô.



Cerca de R$109 milhões foram gastos na construção da passarela ‘Vips’, fechada ao público e destinada para locomoção exclusiva de dirigentes da FIFA e das federações, localizada em um ponto isolado onde se concentram os estacionamentos para a alta cúpula e liga diretamente à entrada dos camarotes.



Com apetrechos não muito convencionais (como iluminação cênica com lâmpadas de led, coberta com lona tensionada) se comparada às obras improvisadas e simples que normalmente são disponibilizadas ao povo, a passarela é considerada por moradores como ‘uma ponte que liga o nada a lugar nenhum’ pois nem em dias de jogos ela é utilizada.



Chama atenção a cifra de 109 milhões de reais para construir mais este ‘agrado’ aos dirigentes milionários da FIFA e é inevitável pensar, consequentemente, em quantas moradias ou melhorias nos bairros da região poderiam ter sido feitas com este investimento que a prefeitura de Eduardo Paes destinou para levantar um ‘elefante branco’ inútil para a população tão carente do Rio?



Contra o triste destino que apontam os capitalistas, a saída é a reestatização do Maraca!





Após tomar um prejuízo de R$47 milhões, a Odebrecht se esforça para vender rapidamente e se desfazer do estádio melancolicamente já considerado como um ‘elefante branco’ para os capitalistas que só pensam nos lucros, mas tão essencial historicamente para o lazer da população do Rio, além de ponto turístico de referência mundial.
 
E provada a falência da administração do consorcio da Odebrecht (reconhecidamente a empresa envolvida num dos maiores escândalos de corrupção do mundo), os 1,2 bilhões não voltarão à população se não for exigido do governo do estado, prefeitura e órgãos públicos um processo para retomar o estádio tornando-o público novamente, impondo também o confisco dos bens de todos os envolvidos no superfaturamento e na administração fraudulenta que se dá ao luxo de sucatear o estádio sem ser punida ou multada.



O estádio que recebeu o maior público já registrado em um jogo de futebol, com 200mil pessoas na inauguração em 1950, que já foi até dividido entre cariocas e paulistas na famosa invasão corinthiana de 1976 e que há 18 anos reinaugurava a famosa ‘geral’ em um Fla-Flu com 93 mil pessoas, e está hoje totalmente descaracterizado, se fosse reestatizado, ainda poderia ser retomado e devolvido ao povo do Rio, que vem sendo expropriado e agredido por todos os lados.








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